Imagens destes incêndios de verão de proporções sem precedentes impactaram o mundo e também causaram uma onda de solidariedade.

Milhares de turistas tiveram de ser evacuados das cidades costeiras, visitantes internacionais cancelaram os voos, e o Departamento de Estado dos EUA aumentou o seu alerta de segurança para a Austrália, aconselhando os viajantes americanos a "serem ainda mais cautelosos".

Incêndios são um duro golpe para o turismo na Austrália
créditos: AFP or licensors

A agência de promoção do turismo Tourism Australia teve de suspender a campanha de promoção internacional do país com a estrela pop Kylie Minogue que tinha sido lançada no meio da crise.

"Vendemos o ar puro da Austrália, o seu céu limpo, as suas praias luminosas e os seus animais únicos. Infelizmente, o que as pessoas viram foram coalas e cangurus queimados", diz o professor da Universidade de Tecnologia de Sydney David Beirman.

Mais de nove milhões de turistas estrangeiros visitaram o país até junho de 2019, o que significou uma injeção na economia de 45 bilhões de dólares australianos. O turismo local também deixou outros 100 bilhões de dólares australianos.

A diretora do Tourism Australia, Phillipa Harrison, acredita que "será, em breve, quantificado o impacto real dos incêndios".

Mas Beirman, especialista em riscos turísticos e gestão de crises, estima que as perdas vão representar muitos bilhões a mais, uma vez que os incêndios afetam a alta temporada e esvaziaram regiões turísticas inteiras.

Cidades desertas

Cidades dependentes do turismo, como Mogo, em Nova Gales do Sul, onde os incêndios reduziram casas e empresas a cinzas, o impacto foi logo sentido.

Dez dias após o avanço das chamas, a maioria das lojas foram encerradas por falta de eletricidade. Apenas algumas abriram, porque tinham geradores.

"Estava tudo deserto", disse Linda Pawley, proprietária de uma loja de presentes, à AFP.

"Geralmente, existem centenas de milhares de pessoas que vêm todos os dias", acrescentou.

Linda é considerada uma das "sortudas", pois a sua loja ainda está de pé. Porém, o futuro é incerto.

"Se as pessoas não regressarem, muitas empresas provavelmente vão fechar", desabafa ela, acrescentando que "eu não sei quem vai sobreviver".

O farmacêutico reformado Maureen Nathan passou 20 anos construindo uma atração turística dedicada à corrida do ouro em Mogo na década de 1850, mas tudo foi reduzido a cinzas na véspera de Ano Novo.

"O fogo atingiu uma velocidade incrível na pequena cidade de Mogo", lamenta.

Incêndios são um duro golpe para o turismo na Austrália
créditos: AFP or licensors

A dor de perder edifícios contendo restos históricos insubstituíveis ainda é recente para decidir o futuro do local.

"E não estamos sozinhos, não é um caso isolado na comunidade, é toda a região", relatou Nathan.

"É praticamente toda a área costeira oriental", completou.

Aberto para negócios

Como a ameaça de incêndios aumentou nos últimos anos, os políticos australianos insistem em que os turistas visitem as áreas destruídas e não ignorem os destinos que ficaram a salvo de desastres.

O ministro do Turismo, Simon Birmingham, enfatizou que "ainda estamos abertos para negócios".

"Há muita desinformação que circula na Internet e em alguns meios de comunicação, que exageram a extensão desses trágicos incêndios", disse Simon em comunicado à AFP.

"Peço às pessoas com uma reserva, ou que estão a pensar em viajar, a se informarem e a não agravarem os danos para os operadores turísticos, desistindo da viagem desnecessariamente", convocou.

Vai demorar meses e até anos para reconstruir Mogo e outras cidades devastadas, o que causa medo de que muitos moradores procurem outro lugar para viver.

Há muitos otimistas, porém, que acreditam que o setor de turismo do país vai superar essa crise.

"Muitos países sofreram desastres naturais na mesma escala destes incêndios na Austrália e que recuperaram", afirmou o especialista em turismo Beirman, que dá como exemplo a recuperação do Japão após o tsunami e o desastre nuclear de 2011.

"Tenho certeza de que as pessoas vão voltar", diz Nathan, de Mogo. "Só precisamos de algum tempo", acrescenta.

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