O objetivo da exposição é "preservar o património palestino que foi destruído pela guerra em Gaza", explicou à AFP Ehab Bessaiso, ex-ministro da Cultura palestino e um dos responsáveis pelo museu do município de Bir Zeit, no centro da Cisjordânia.
O conflito que eclodiu com o ataque do Hamas a 7 de outubro no sul de Israel deixou um grande número de mortos, mas também danos culturais irreparáveis ao património palestino.
A exposição quer ser "um espaço alternativo ao que existia em Gaza antes dos incêndios da guerra o destruírem", explicou o museu.
Além de peças contemporâneas, a exposição contém antigas pinturas tradicionais ou roupas típicas do território, assim como objetos arqueológicos, disse o ex-ministro palestino.
A exposição apresenta "o cenário artístico de Gaza de uma nova forma" que ajuda "a enfrentar os desafios e dificuldades que os artistas e a cultura sofrem em Gaza", disse Bessaiso.
A galeria prospera na solidariedade: o museu recebeu "o trabalho de centenas de artistas" de Gaza que estavam nas mãos de universidades, centros culturais e indivíduos na Cisjordânia.
Património destruído
Segundo o Ministério da Cultura palestino, 24 centros culturais foram danificados ou completamente destruídos pela guerra na Faixa de Gaza.
Entre os afetados estão o museu Al Qarara, rodeado por colunas romanas com 5 mil anos, um antigo porto fenício e o centro cultural Rashad Shawa, com teatro e biblioteca.
A exposição é "uma viagem pela arte palestina a partir de Gaza, especialmente depois do assassinato de dezenas de artistas, escritores, poetas e jornalistas", afirmou Bessaiso.
"Esta viagem afirma a unidade do povo palestino que a ocupação (por parte de Israel) está a tentar destruir", acrescentou.
"É bom ver o trabalho dos artistas de Gaza aqui na Cisjordânia, especialmente porque não há mais lugar para exibi-lo em Gaza depois de toda a destruição", disse Alma Abdulghani, uma visitante de 30 anos.
Ocupada por Israel desde 1967, a Cisjordânia tem três milhões de habitantes palestinos e cerca de 490 mil israelitas estabelecidos em colonatos considerados ilegais pela ONU e pelo direito internacional.
"Guerra insensata"
A exposição também narra os danos causados pela guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
Na sala principal, os escombros, o zumbido dos drones de vigilância israelitas e as sirenes das ambulâncias que transportam feridos mergulham os visitantes na realidade dos habitantes de Gaza.
Os nomes dos 115 artistas expostos estão inscritos na entrada da exposição. Alguns deles morreram durante a guerra.
"A exposição é um lembrete da solidariedade entre a Cisjordânia e Gaza", disse à AFP Mohamed al Huwajia, um artista de Rafah, uma cidade no extremo sul da Faixa, por videoconferência. "Isso afirma que ainda existimos", disse.
Na exposição, uma série de pinturas de Tayseer Barakat, nascido em Gaza mas morador da Cisjordânia desde 1984, envia mensagens e reflexões sobre a guerra.
"Como perder mais de 7 mil crianças? Fazendo chover bombas umas sobre as outras e evitando que sejam retiradas dos escombros", diz uma delas.
"Como perder uma população de dois milhões e meio de pessoas? Cortando comunicações, eletricidade, água e vida", diz outra.
A série é "uma mensagem e uma expressão do que vi e ouvi que o nosso povo em Gaza está a viver nesta guerra insensata", disse o pintor à AFP.
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