Segundo Joaquim Ruivo, “o estudo aprofundado das inscrições tumulares de D. João I e D. Filipa de Lencastre e a sua tradução do latim para português estão por fazer na sua íntegra”, considerando “tratar-se de uma grande lacuna na investigação tumular e epigráfica”.
Joaquim Ruivo adiantou que o projeto é apoiado pela Direção-Geral do Património Cultural e está incluído na “estratégica de promover e apoiar a investigação relativa ao mosteiro”.
“Na realidade, neste caso, um dos túmulos fundamentais da tumulária régia, pelas suas características inovadoras e quase únicas em Portugal, numa Capela [do Fundador] que é o primeiro panteão régio, num monumento que é obra-prima do gótico, ainda está por estudar na sua íntegra”, destacou o responsável pelo mosteiro.
Este projeto está estruturado em duas fases, sendo que a primeira, a começar este ano, inclui o “estudo e leitura paleográfica das inscrições, pela investigadora Filipa Avellar”, seguido “de tradução do latim para português, pelos investigadores Saul António Gomes e António Rebelo”.
“A primeira componente deste estudo analisará as inscrições funerárias de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, gravadas nas faces laterais do túmulo, e compreende o levantamento epigráfico ‘in loco’, com medições da arca tumular, dos campos epigráficos, das letras, sinais e espaços interlineares”, esclareceu o diretor do Mosteiro da Batalha.
Inclui também a transcrição das duas epígrafes, comentários paleográficos (análise e caracterização dos tipos de letra, abreviaturas utilizadas, outros sinais e letras gravados posteriormente), além de comentários epigráficos e histórico.
No próximo ano, o trabalho de Saul António Gomes e António Rebelo integra, entre outros aspetos, o “quadro contextualizador histórico da composição dos epitáfios” e a tradução para português, “acompanhada de um estudo e comentário filológico, com exploração da especificidade da língua latina no extremo peninsular do século XV, com características linguísticas e literárias na transição da latinidade medieval para a renascentista”.
O trabalho ficará concluído em 2020, com a publicação deste trabalho, reunindo os contributos dos três investigadores.
“No fundo, sendo projetos independentes, dá-se sequência a um estudo alargado do monumento, feito com equipas transdisciplinares e que são exemplo os projetos a ‘Cor na Capela do Fundador’, coordenado pela investigadora Joana Ramôa, da Universidade Nova de Lisboa, e também do estudo geofísico do mosteiro, coordenado pelo professor Seno Matias, da Universidade de Aveiro”, acrescentou Joaquim Ruivo.
Segundo o sítio na Internet do monumento, D. João I foi o 10.º monarca de Portugal. Nasceu em Lisboa, a 11 de abril de 1357, e morreu na mesma cidade, a 14 de agosto de 1433.
Foi nomeado Rei de Portugal nas Cortes de Coimbra de 06 de abril de 1385 e, a 14 de agosto do mesmo ano, enfrentou as tropas castelhanas na Batalha de Aljubarrota. Para comemorar esta vitória e cumprir a promessa que tinha feito à Virgem, mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
D. João I casou com D. Filipa de Lencastre a 02 de fevereiro de 1387 e deste casamento nasceram oito filhos.
D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique, D. João e D. Fernando ficaram “conhecidos como Ínclita Geração, assim denominada por Camões n'Os Lusíadas”.
Com exceção de D. Duarte, que construiu o seu próprio panteão, a “Ínclita Geração” está também sepultada na Capela do Fundador do Mosteiro da Batalha.
O monumento é Património Mundial da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura Mundial.
Fonte: Lusa
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