As Furnas, no concelho da Povoação, são um dos principais pontos turísticos da ilha de São Miguel e são conhecidas pelas suas fumarolas e nascentes de águas termais e pelo seu cozido feito debaixo da terra.

"Quem nunca foi num serão cozinhar ovos ou castanhas ou milho ou chouriço às caldeiras? O que nós fizemos foi elevar um pouco a fasquia e cozinhar o pão e outros produtos que tradicionalmente não eram tão normais fazer neste tipo de cozinha. Quando vimos que o resultado era perfeito não tivemos como olhar para trás e temos estado sempre a evoluir", contou à agência Lusa João Câmara, sócio gerente da empresa Azores Essentials, que explora a casa de chá Chalet da Tia Mercês, paredes meias com as caldeiras.

No Chalet da Tia Mercês, outrora espaço para banhos e onde funciona uma casa de chá, há uma ementa com produtos confecionados usando totalmente o vapor e o calor da terra emanado dos furos ou das caldeiras.

João Câmara e Paula Aguiar são sócios e gerentes da empresa. Os dois decidiram criar uma espécie de ementa geotermal ensaiando a cozedura de novos produtos regionais.

"Diretamente do calor da terra para o cliente", sublinha João Câmara, destacando como objetivos "não só valorizar os produtos e produtores da região", como "também encontrar uma forma diferenciada de os mostrar ao público".

O gerente explicou à Lusa como nasceu a ideia que levou à criação de um 'brunch' geotermal.

"Quando surge a ideia de ter um 'brunch' mensal no Chalet da Tia Mercês era inequívoco que tínhamos de incluir a vertente geotermal neste 'brunch' e foi assim que surgiu com pequenos testes" com vários produtos, disse.

Pão cozinhado em vapor geotermal servido com geocompota e queijo da queijaria furnense. Papas de aveia com especiarias e frutos secos cozinhados lentamente na caldeira acompanhado de mel dos Açores. Feijoada, ovos e chouriço cozinhados na caldeira, acompanhados de legumes cozinhados da mesma forma, são algumas das propostas da ementa, que inclui ainda uma geosobremesa (o bolo de laranja ou o pudim de chocolate) cozinhada no solo vulcânico e uma chávena de chá feito com água termal.

"O tempo de cozedura depende, pois há produtos em que é bastante superior ao do tradicional cozido, de carne, que demora cerca de seis horas. No entanto, no caso dos ovos são cozinhados na caldeira em 10 minutos ou os vegetais", precisou, realçando que "o produto adquire características diferentes da confeção num forno convencional".

À ementa juntam-se dois chás feitos com águas termais, uma delas a do Padre José, nascente nas traseiras do Chalet da Tia Mercês.

"Um dos chás é uma receita tradicional das Furnas que era utilizada para curar gripes e constipações. E utilizamos a água santa, uma bica que sai da nascente entre os 90 e 95 graus centígrados, uma das águas mais quentes das Furnas. Tradicionalmente, fazia-se uma infusão de canela que era tomada acompanhada de mel e aguardente. E recriamos esta tradição", disse João Câmara.

O outro chá termal é o chá roxo ou o chá do Padre José, que utiliza a água proveniente da nascente que fica no Chalet da Tia Mercês e que sai entre os 60 e os 65 graus centígrados.

O brunch geotermal está disponível uma vez por mês, no primeiro fim de semana de cada mês, ou por reserva.

"O objetivo do Chalet da Tia Mercês é promover aquilo que de melhor se faz nos Açores, os pequenos produtos e projetos que existem em cada canto de cada uma das ilhas", sublinhou João Câmara, assumindo que "a aceitação é fantástica".

O Chalet é um espaço da autarquia da Povoação, cedido à Junta de Freguesia das Furnas.

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