Yudith Silva e Carlos Garcia trocaram o Peru por Portugal e, há pouco mais de um ano, abriram em Lisboa, no centro comercial Roma, o Chasqui Peruvian Food, que é o mesmo que dizer um restaurante 100% peruano. Por aqui, encontramos as principais maravilhas da gastronomia daquele país sul-americano conhecido mundialmente pela sua cidade perdida dos incas, localizada no topo de uma montanha, a 2.400 metros de altitude, Machu Picchu.
A imagem deste símbolo do império inca, classificado Património Mundial da UNESCO e considerado uma das sete maravilhas do mundo moderno, encontra-se, como não podia deixar de ser, em lugar de destaque no restaurante deste simpático casal. A alegria com que recebem as pessoas - muitas peruanas, outras que já visitaram o Peru e procuram revisitar as boas memórias gastronómicas e ainda outras curiosas por experimentar as delícias do Peru - revela o entusiasmo com que preparam diariamente ceviches, chicharróns, causas e lomos, entre outros pratos típicos.
A este casal juntou-se o primo de Yudith, Edgar Santiago, que, no Peru, trabalhou no restaurante La Mar com aquele que é considerado o melhor chef peruano e um dos grandes embaixadores desta comida em todo o mundo, Gastón Acurio. A escolha de Portugal ficou a dever-se, sobretudo, aos pais de Yudith, que já residem no nosso país há cerca de 25 anos, onde têm alguns negócios ligados ao artesanato do Peru. Por isso, a proprietária do Chasqui já visitava Portugal com alguma frequência.
Há quatro anos, o marido Carlos começou a estudar gastronomia peruana e este projeto, ainda com contornos pouco nítidos, começava a ganhar forma. “Percebemos que fazia falta um restaurante que se dedicasse a 100% à comida peruana, tal e qual como se estivéssemos no Peru, feito por pessoas genuinamente peruanas”, revela Yudith, num misto de espanhol e português. Em novembro de 2017, nascia o Chasqui.
O nome do espaço também é curioso e refere-se aos antigos mensageiros incas, que entregavam mensagens e objetos. Não podia ser mais apropriado. Yudith, Carlos e Edgar são eles próprios mensageiros do melhor que se come no Peru. Comecemos pelo ceviche, que pode ser servido como entrada ou como prato principal. O peixe é o ingrediente protagonista e, neste restaurante, é utilizada garoupa (10,99€).
O segredo para um bom ceviche é, de acordo com a proprietária, “a frescura do peixe e o corte”. “Se o peixe for bom, o ceviche não precisa de ter muitos ingredientes. É temperado com lima, sal, coentros, um pouco de picante e já está”, explica. Acompanha com cebola roxa, batata doce, cancha (milho peruano) e chifles, que são rodelas finas de banana, fritas como se fossem batatas. Nota-se a frescura do peixe e a intensidade certa dos temperos como se fossem notas musicais completamente afinadas e dentro do tempo. Tudo está no sítio certo na quantidade exata.
De seguida, experimentei o chicharrón de mariscos (11,99€), com garoupa, lulas e camarão, panados ao estilo peruano e fritos, servido com mandioca frita e salada crioula. Mais uma vez, sobressai a qualidade e a frescura do marisco, protagonista do prato. Ganha o sabor e os nossos sentidos ficam satisfeitos pela viagem ao mundo dos paladares do Peru.
Além do chicharrón, nesta cozinha preparam-se causas (prato frio) de frango e camarão (8,49€ e 8,99€), lomo saltado (salteado de carne de vaca ou frango com batata frita), arroz chaufa e pratos vegetarianos, como a omelete de quinoa (7,99€) e o salteado de verduras (7,99€). Para os apreciadores deste tipo de comida, realizou-se no último fim-de-semana um evento vegetariano, onde foi apresentado um ceviche de manga. É, aliás, um hábito da casa promover alguns eventos ao fim-de-semana. No próximo dia 22 de dezembro, vai ser recriado um típico Natal peruano.
As bebidas também não foram descuradas e, no Chasqui, encontramos as mais típicas, como a chicha morada (2,5€), feita à base de milho peruano e um pouco de açúcar, que se bebe muito bem. Há também Inca Kola, uma bebida gaseificada com um sabor muito característico e não podia faltar o pisco sour, um cocktail preparado a partir de pisco (um tipo de aguardente de uva) e limão.
Para terminar a refeição, provei a mazamorra de calabaza (3,99€), uma espécie de creme de abóbora, uma delícia leve e sem demasiado açúcar, que me fez suspirar por uma viagem ao Peru. Enquanto isso não acontece, posso sempre regressar ao Chasqui, que está aberto todos os dias, a partir das 10 horas. Entre as 13 e as 15 horas, há menus de 7, 9 e 11€, dependendo da escolha do prato, que incluem sumo do dia e café.
Por Helena Simão, blogger do Starting Today
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