A ameixa Rainha Cláudia em calda, seguindo uma receita conventual e que remonta ao século XVI. A ameixa tem o nome da mulher do rei francês Francisco I e chegou ao Alentejo proveniente de França.

Ameixa de Elvas
Ameixas em calda créditos: Andarilho

Em Elvas, na Fábrica-Museu Ameixa de Elvas há informação detalhada sobre o como é confecionada a ameixa, um produto que segundo José Fonseca, é único no mundo. “As ameixas para serem confitadas têm de suportar a água quente e nem todas têm essa capacidade.

Ameixa de Elvas
créditos: Andarilho

Só as que estão localizadas à volta de Elvas é que conseguem resistir à água quente e é por isso que se chama Ameixa de Elvas. Com as outras não resulta.”

Ameixa de Elvas
José Fonseca créditos: Andarilho

José Fonseca é um dos proprietários da Fábrica-Museu Sereno & Fonseca. O maior acionista é o seu filho, Sereno, antigo jogador de futebol com carreira nacional e internacional.

Ameixa de Elvas
Entrada para a fábrica- museu créditos: Andarilho

Em Portugal foi campeão nacional no FC Porto. Terminada a carreira de jogador decidiu regressar à sua terra natal e apostou na Fábrica Frutas Doces, a mais antiga a laborar em Elvas.

A fábrica é centenária e terá recebido ensinamentos de há séculos atrás. O sabor e o aroma de há 200 ou 300 anos atrás é igual ao desta fábrica porque mantemos o mesmo método e tradição", acrescenta José Fonseca.

Ameixa de Elvas
As ameixas em calda são colocadas em alguidares onde ficam algum tempo créditos: Andarilho

O conhecimento foi transmitido oralmente. A arte exige vigilância e tempo.

A ameixa é colhida entre Julho e Agosto, antes de amadurecer. “Tem de se fazer a produção, cozer e dar o primeiro e segundo ponto, este já acima dos 100 graus centígrados, nas três semanas seguintes”. Ficam depois a repousar até princípio de Outubro.

Ameixa de Elvas
As ameixas em calda a repousar na fábrica créditos: Andarilho

Quem visitar a fábrica nessa altura vê várias prateleiras repletas de alguidares com as ameixas em calda. Agora, a fase é de embalar e distribuir porque corresponde à fase de maior procura.

Como nos disse José Fonseca, é na época de Natal que se dá o pico de consumo porque está associada à mesa de natal. Durante o ano encontra-se muito em restaurantes que a servem com calda e acompanhada com a sericaia.”

Também na mesa de Natal de Agatha Christie estavam presentes as ameixas de Elvas.

Ameixa de Elvas
créditos: Andarilho

Ela assim o diz e reafirma o apreço ao referenciá-las no policial A aventura do pudim de Natal.

Segundo Margarida Ribeiro, guia e conhecedora da história de Elvas, a cidade tem uma longa tradição de confitar frutas em calda de açúcar.

Ameixa de Elvas
créditos: Andarilho

No passado existiam muitas fábricas e ganharam vários prémios internacionais. A exportação – por vezes de ameixa seca – colocava o produto  nas melhoras lojas de Nova Iorque ou de Londres e, deste modo, as ameixas terão chegado à mesa de Agatha Christie.

Ameixa de Elvas
créditos: Andarilho

No Museu temos oportunidade de saborear melhor esta tradição. Através de instrumentos que eram utilizados. Podemos ver ainda “alguma da correspondência entre o antigo proprietário e o colaborador.

Ameixa de Elvas
créditos: Andarilho

Instrumentos antigos como balança, ferros em que eram gravadas as caixas antigas e informação de como a ameixa é processada.”

Vale ainda a pena ir ao terraço e ver uma perspetiva interessante de Elvas e da sua fortaleza abaluartada.

Ameixa de Elvas
créditos: Andarilho

Por último, o feliz casamento da ameixa com a sericaia. Margarida Ribeiro diz que será mais adequado chamar o sericaia. Será um doce conventual com origem, talvez, na Índia. “Rapidamente ultrapassou as paredes dos conventos e tornou-se num doce do Alentejo e de Elvas em particular.”

Ameixa de Elvas
Para embalar os produtos confitados foi também desenvolvida a “arte do recorte de papel” créditos: Andarilho

Quem fez o abençoado casamento foi a Pousada de Elvas nos anos 50. O casal teve tanto sucesso que o sericaia com a ameixa ultrapassaram a região e ganhou estatuto nacional.

A ameixa de Elvas (e o sericaia) faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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