“Hoje tiveram sorte que o mar está bom”, diz um cabo-verdiano na brincadeira quando chegamos à Buracona. A verdade é que está sempre bom. O clima também é agradável todo o ano e os termómetros andam entre os 25 e os 30 graus. Chove muito pouco – o que se torna um problema para os locais mas uma garantia de férias na praia para os turistas. Nos dias raros em que chove, as crianças brincam e festejam na rua e em poucos meses a paisagem muda, passando do castanho desértico para alguns tons de verde.
A ilha é a mais próxima do continente africano, tem apenas 32 km de comprimento e 12 km de largura e, entre praias, vulcões e desertos, há muito para visitar. Tem cerca de 30 mil habitantes, é bastante segura, descontraída e relaxada. “No stress” é o lema deste território, onde “toda a gente se conhece”, garantem-nos várias vezes.
No verão, há muitos turistas pela ilha, sobretudo do norte da Europa, mas a época alta começa quando chega o frio no Velho Continente. Em Cabo Verde, o bom tempo é constante.
Praia de Santa Maria e um mergulho para começar o dia
Começamos o dia com um mergulho na praia de Santa Maria. São mais de três quilómetros de areia branca e um mar de onde é difícil sair. Nesta praia, pode fazer-se snorkeling e é nesta zona que estão concentrados grande parte dos resorts e hotéis.
Murdeira, num passeio à beira-mar
Seguimos para Murdeira, uma pequena vila no centro de uma enseada dentro da Baía de Murdeira, uma reserva natural conhecida pela vida marinha e pelos recifes de coral. Demos um pequeno passeio pela baía e seguimos a viagem.
Espargos, a capital do lema "no stress"
Chegámos à capital da ilha. A pequena cidade de Espargos conta com oito mil habitantes. É aqui que se concentram grande parte dos serviços. Tem este nome porque em outros tempos, esta localização tinha muitos espargos selvagens, conta-nos Edileno, o guia turístico que nos levou a conhecer a ilha, com um humor e uma afabilidade inesgotável. Em Espargos, visitamos o bairro central, compramos souvenirs e provávamos grogue e ponche – bebidas alcoólicas típicas de Cabo Verde.
Almoço Restaurante Nortenhah
Restaurante com sabores tradicionais locais: cachupa, marisco ou peixe fresco são as maiores especialidades de casa. De preço acessível.
Buracona, os efeitos visuais do Olho Azul
Sem dúvida um dos maiores ex-líbris da ilha. Se andamos tranquilamente na maior parte do percurso, aqui percebemos bem a presença do turismo. Há uma pequena fila de pessoas para poderem observar uma espécie de luz mágica no mar – um túnel subaquático entra na terra e faz um buraco de cerca de 25 metros de profundidade. Ou seja, um grande buraco, e daí o nome Buracona. Em certas horas da manhã, em determinadas alturas do ano, o sol entra neste buraco e faz um reflexo de luz sobre o mar, dando para ficar a observar um azul vibrante que se movimenta e reluz ao ritmo da ondulação. É o Olho Azul. Nas redondezas, há várias piscinas naturais, onde tanto locais como turistas aproveitam para dar mergulhos.
Monte Leste, num ilha quase plana
De origem vulcânica, a ilha do Sal é extremamente plana e árida. No norte da ilha, o Monte Grande, com 406 metros é o pico mais alto da ilha. Relativamente perto, e à entrada do Olho Azul, podemos ver o Monte Leste, com apenas 263 metros de altura.
Terra Boa e as brincadeiras de uma miragem
Em Terra Boa parece haver um grande lago no meio do deserto. Mas só parece. Por muito que nos aproximemos nunca chegamos ao lago. É uma miragem. E ali param também os autocarros de turistas para que as pessoas se divirtam em jogos de fotografias.
Salinas em Pedra Lume, para flutuar numa espécie de Mar Morto no vulcão
A ilha deve o seu nome às salinas, situadas na povoação de Pedra Lume. As cores das casas e da igreja contrastam com o tom mais monótono da paisagem, onde a antiga cratera do vulcão foi ocupada pelo mar e criou uma lagoa de sal. É uma espécie de Mar Morto africano, porque, com a água tão rica em sal, é possível ficar a boiar nesta lagoa. Em frente, há um café e uns balneários de apoio, para quem quiser tomar um duche, depois de relaxar na cratera do vulcão.
Pachamama EcoPark, o jardim botânico que é um oásis na ilha
Numa ilha quente em que pouco chove, o Jardim Botânico é um oásis na ilha. Além das plantas, há também animais que foram resgatados como cabras, burros, alguns pássaros e outros animais da quinta. Não é um jardim botânico muito grande, mas conta com cerca de 300 animais e aparece como um contraste na ilha árida. É ótimo para quem quer relaxar e apreciar uma paisagem mais verde. Também pode ser uma boa sugestão para quem faz a viagem com crianças.
Ver o pôr-do-sol na Ponta Preta ou praticar surf na Kite Beach
Há várias praias da ilha e cada uma procurada por diferentes motivos. A Ponta Preta parece ser o sítio ideal para quem gosta de ficar a apreciar a praia mas não se arrisca em desportos nem em águas desconhecidas. Afinal, ali as correntes do mar são bem fortes e são poucos os cabo-verdianos que arriscam tomar banho. Mas, há um bar que serve caipirinhas, poncha ou grogue para acompanhar o fim do dia.
Se por outro lado, gosta de aventura e de desportos de mar, o melhor é esquecer a vista para oeste e voltar-se para a Kite Beach: uma das mais famosas praias do mundo para Kite Surf. Mitu Monteiro, a lenda desta modalidade, é natural da ilha do Sal e também dono de uma loja de desporto no centro de Santa Maria. Aliás, mesmo que saiba pouco sobre kitesurf, vai ser difícil sair desta ilha sem saber um pouco mais. Esta praia é palco Circuito Mundial de Kite Surf e de novembro a março a meca para quem pratica surf, windsurf ou kitesurf. Esta praia faz uma baía e é também procurada por quem quer ver tubarões no seu habitat. Mas nada tema: nunca foi registado um ataque nesta ilha.
Visitar a loja Djunta Mon Art em Santa Maria
Mais do que uma visita para comprar artesanato local, esta é uma loja de comércio justo e ético. Todos os produtos são produzidos com o objetivo de ajudar a melhorar a vida de comunidades locais, garantindo o acesso ao mercado e a recusa a mão de obra infantil. Desde produtos alimentares locais, como o café, compotas e licores tradicionais, também há malas, acessórios para o cabelo com tecidos locais. É o sítio ideal para comprar souvenirs.
Passeio em Santa Maria e jantar no Café Criolo
Ao fim do dia, recomendamos um passeio despretensioso pelas ruas coloridas e animadas de Santa Maria. De café em café e loja em loja, podemos ir absorvendo a descontração da pequena cidade. Por fim, sentamo-nos nos Café Criolo e escolhemos uma das muitas especialidades: arroz de marisco, caldeirada de peixe, camarão, etc. Não faltam pratos que testemunham o que a gastronomia cabo-verdiana tem de melhor. Se ainda tiver energia, há um passadiço pela praia de Santa Maria para apreciar as noites amenas e o som do Atlântico.
O SAPO Viagens viajou para Cabo Verde a convite da TUI Care Foundation para acompanhar o trabalho do Projeto Biodiversidade na convervação das tartarugas marinhas e aproveitou para lhe deixar este roteiro para uma visita à Ilha do Sal.
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