“O nosso objetivo é que Sabrosa seja um ponto de paragem obrigatório no Douro”, afirma à agência Lusa o presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques.
O mais conhecido dos escritores transmontanos, Miguel Torga, nasceu e foi sepultado em São Martinho de Anta. Sabrosa reclama também ser o “berço” de Fernão Magalhães, o navegador que concretizou a primeira viagem de circum-navegação.
Nomes que se tornaram numa referência para este concelho do distrito de Vila Real, que, nos últimos anos, tem aproveitado “os dois ícones” para se projetar a nível nacional e internacional.
Milhares de pessoas já visitam anualmente a terra natal do escritor transmontano “guiados” pela obra do autor.
“Miguel Torga constitui uma mais-valia cultural, turística e comercial para esta terra”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de São Martinho de Anta, José Luís Gonçalves.
Foi precisamente em São Martinho de Anta que foi construído o Espaço Miguel Torga, um projeto que faz uma homenagem ao autor, que contou com o apoio pessoal do ex-primeiro-ministro José Sócrates e foi desenhado pelo arquiteto Souto de Moura.
José Marques quer que o Espaço Torga seja um “ponto de partida” para uma viagem pelo território, seguindo precisamente os passos do escritor.
Mas, segundo o autarca, são também muitos os aficionados pela arquitetura que querem conhecer a obra projetada pelo arquiteto vencedor do prémio Pritzker, considerado o “Nobel da arquitetura”.
“Quem vem por Torga leva a arquitetura e quem vem pela arquitetura descobre Torga”, frisa José Marques.
Já a aposta no navegador levou o município a aderir à Rede Mundial das Cidades Magalhânicas, que envolve cidades e localidades a nível mundial, e está a preparar a candidatura da Rota de Magalhães a Património Mundial da UNESCO.
O trabalho está a ser liderado por Portugal e tem como porta-voz o presidente da Câmara de Sabrosa.
José Marques salienta que a rede foi este ano incluída na lista indicativa da UNESCO em Portugal e que o objetivo é que a classificação possa estar concluída em 2019, ano em que arrancam as comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães.
Na vila, o município abriu uma exposição interativa sobre o feito de Fernão Magalhães, especialmente vocacionada para as escolas e os jovens. A mostra tem o cenário de um porto que convida a entrar “num elemento simbólico de uma nau” onde é projetado um filme em três dimensões que conta a história da viagem de circum-navegação e os principais episódios que ocorreram.
“O impacto Magalhães é muito significativo, nomeadamente do ponto de vista internacional. Muitos turistas de várias nacionalidades vêm a Sabrosa em torno de Fernão Magalhães”, frisa.
O autarca sublinha, ainda, que toda esta dinâmica à volta do navegador está também a chamar a atenção de empresários e reconhece que a projeção do concelho pode ajudar a alavancar e a concretizar projetos nas áreas do turismo (alojamento) e da agricultura (vitivinicultura).
O concelho é essencialmente agrícola e a principal fonte de rendimento é a produção de vinho, nomeadamente vinho do Porto.
Esta visibilidade tem ajudado também os vinhos “Fernão Magalhães” da Adega de Sabrosa, que têm descoberto mais mercados nos últimos anos, nomeadamente Espanha, Brasil e Filipinas, países que integram a rede magalhânica.
Celeste Marques, uma das responsáveis por esta cooperativa, que possui 600 associados, refere que a grande aposta passou pela qualidade dos vinhos, o que se tem refletido nas medalhas de ouro e distinções conquistadas.
“Até meados deste ano já ganhámos 16 medalhas. Toda esta dinâmica e esta visibilidade têm-nos ajudado a aumentar as vendas dos nossos vinhos”, destaca.
Sabrosa beneficiou ainda com a construção da variante, uma estrada que ajudou a desencravar o concelho e a aproximá-lo da sede do distrito e da rede de autoestradas do país.
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