“O Museu Casa da Moeda é um projeto multidimensional, pois tem a sua expressão fundamental na Internet. Há depois um conjunto de tesouros numismáticos, os mais valiosos da nossa coleção, que estão disponíveis no Museu do Dinheiro [instalado em Lisboa, na ex-igreja de S. Julião], devidamente identificados, e depois terá, como aconteceu no passado, um conjunto de exposições temporárias na Casa da Moeda, em Lisboa”, disse Duarte Azinheira.
As exposições temporárias acontecerão no ‘site’ e, paralelamente, no átrio da Casa da Moeda, em Lisboa, na rua Dona Filipa de Vilhena, onde, na próxima segunda-feira, é apresentada esta plataforma museológica e inaugurada a exposição “Padrões de Poder”.
A mostra trata-se de uma exposição de moedas respeitantes ao território árabe da Península Ibérica, compreendendo moedas cunhadas entre o século VIII e o XV, adiantou Duarte Azinheira.
“Esta exposição, da qual será editado um catálogo, é feita em parceria com o Museu Nacional de Arqueologia. A ideia é fazer duas a três exposições anuais, sempre em parceria com outros museus, preferencialmente, da Rede Nacional de Museus”, afirmou Duarte Azinheira.
O responsável referiu ainda que as exposições “estão preparadas para circularem pelo país”, no sentido de atrair novos públicos e divulgar a cultura numismática.
O Museu da Casa da Moeda esteve aberto até à década de 1980, na Casa da Moeda, em Lisboa, e surge a partir de segunda-feira “numa versão multidimensional”, disse Azinheira, que sublinhou as mais-valias do suporte digital.
O espólio do antigo museu está na caixa-forte da Casa da Moeda e só disponível para investigadores, saindo peças “sempre que se realizem exposições temporárias ou para empréstimos para outras exposições”.
O ano passado, em parceria com a Fundação Casa de Bragança, realizou-se uma exposição, em duas fases, da coleção do rei D. Luís, que esteve patente na Casa da Moeda e também no paço Ducal, em Vila Viçosa, sede da fundação, no Alto Alentejo.
A inauguração do Museu do Dinheiro, em abril do ano passado, na ex-igreja de S. Julião, segundo traçado do arquiteto Gonçalo Byrne, que Duarte Azinheira qualificou como um “projeto de nível internacional”, não justificava “a duplicação do esforço público, com a construção de um outro museu, neste caso, o da Casa da Moeda”, que ali expõe alguns dos seus mais exemplares numismáticos mais valiosos.
A Imprensa Nacional-Casa da Moeda com este museu digital visa reativar o interesse pelas moedas de coleção, algo que tem estado a decrescer “não só em Portugal como na Europa”, disse Duarte Azinheira, acrescentando que se têm procurado “novos suportes, novas matérias e novos temas”, de modo a incentivar o gosto pela coleção numismática.
“Pareceu-nos que um museu que tivesse uma base digital era um museu mais adaptado aos tempos presentes e que nos permitia chegar a um público diferenciado, que podia não se interessar por uma apresentação tradicional da numismática”, declarou o responsável.
Até ao final deste mês o museu digital irá disponibilizar 10.000 moedas fotografadas em alta definição, e anualmente este espólio irá sendo aumentado.
“Se se entrar no site, nota-se que se tem uma perspetiva das moedas que não era possível em termos físicos, de exposição tradicional. Foi incluída uma ferramenta que é uma lupa que permite ver a moeda ao pormenor, ou seja ver pormenores que num museu físico jamais se poderiam ver, e, no caso dos tesouros numismáticos, há uma informação relevante sobre cada um deles”, disse.
O responsável referiu que o museu tem um plano editorial, uma valência de serviço educativo, e o “site” tem vários instrumentos didáticos que podem ser descarregados para diferentes atividades pedagógicas.
O Museu da Casa da Moeda além do espólio de 35.000 moedas e 9.000 medalhas, inclui diverso material bibliográfico e documental, sendo a sua conservadora Maria João Gaiato, que é também a responsável pelo respetivo arquivo histórico.
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