Eu e o meu noivo somos um par de travelers muito ávido, mas funcionamos bem porque respeitamos as necessidades e preferências de cada um. E conhecemos casais que nos contam o mesmo. Para se viajar em casal, seja qual for a idade, a empatia é fulcral. Desde a escolha do destino até ao regresso a casa, tudo exige a compreensão mútua. Num julho demasiado quente em Portugal, acredito (e encorajo) nas viagens dentro do país. Verão é coisa muito portuguesa e que se deve aproveitar. Todavia, até nisso o casal pode discordar: um pode preferir destinos de sol estrangeiros no verão, o outro preferir destinos de sol no inverno de Portugal. Mais: se o casal tem preferências distintas quanto a destinos de sol e frio (o caso da neve, por exemplo), então é importante viajarem para ambos ‘os tipos’. Vão surpreender-se decerto. Afinal, viajar é uma aventura de redescobrir o casal.
Viajar em casal implica acordar e adormecer juntos, comer juntos, escolher as mesmas tours, hospedagem no mesmo quarto, etc. Então, a saber: a higiene dos horários de sono é distinta, muitas vezes, entre os dois. Eu sou vespertina, ele é matutino. Isto poderia ser um fator de discórdia na hora do despertar. Sobretudo se o fuso horário for ‘mais a Oriente’. Há que regular o sono, nem que seja via melatonina natural para equilibrar o humor em toda a viagem. Por outro lado, ficará a perder o pequeno-almoço e horas de harmonia em casal.
Por falar em humor, as viagens nem sempre significam facilidade e plenitude. Se se viaja para se conhecer e ‘crescer’, então há tarefas culturais que implicam mais do que estar sob um coqueiro ou a esquiar na mesma pista de neve. Isto demanda um jogo de cintura da parte do casal dado que é importante compreendermos os momentos de exaustão durante uma tour, num específico lugar ou até numa refeição que não corre bem. Da compreensão dos conflitos vem o riso depois.
Agora, se o casal está em conflito constante nas horas todas das viagens, o problema não está na viagem, mas no casal.
Outro aspeto: entre duas pessoas pode haver preferências ou necessidades alimentares específicas. Quanto a preferências, por exemplo, o meu companheiro é vegan, eu já não sou adepta dos vegetais. Fácil resolver: salvaguardar sempre isto nos pedidos diferenciados para as refeições do avião (na hora do booking) e procurar restauração variada que agrade a ambos. Há restaurantes plant based que me têm impressionado.
Sobre a bagagem: em vez de colocar meio armário dentro das malas, cada um deve assegurar que coloca algumas peças do outro na sua mala de porão. Já fica o alerta, pois os atrasos e extravios de bagagens acontecem e podem tornar os primeiros dias de viagem inesquecíveis… no mau sentido. Se não quer andar vestido sempre de igual nos primeiros dias, salve essa dica.
Quanto a ar condicionado: pode parecer um detalhe, mas, no meu caso, não é. Quem não suporte horas de ar condicionado no quarto, então deve deixar o ar ligado durante o dia para que o parceiro, à noite, não fique em modo ‘churrasco’.
Ainda sobre os quartos, é uma vantagem viajar em casal pelo aspeto económico: só um quarto. Mas um dos dois pode preferir um estilo mais livre como o caso de hospedagem em hostel. O outro pode dispensar totalmente esse estilo e optar por comodidades cinco estrelas. Então, chegam a meio caminho e vão alternando as opções de estadias para agradar a gregos e troianos.
Sobre tours: um pode gostar de assaltos à gravidade, o outro preferir as trilhas telúricas da selva. Então, vou contar a vantagem de eu não ser adapta de saltos, mas ele sim: fico ‘de banco’ a fotografar enquanto ele salta, mergulha ou se vai em cima de um animal gigante que acaba de passar na frente do mar. Sim, isto já aconteceu! E havendo um membro do casal a fotografar, é uma maravilha.
Sobre a fotografia, não contem com bons registos quando vai o casal mergulhar ou nadar com os golfinhos como já nos aconteceu… pois as fotografias, apesar da boa vontade das pessoas, ficam muito aquém do que se pretende. Ou o casal está desfocado ou só aparece o golfinho na foto e um pé nosso algures no ângulo.
Quanto a documentação de viagem, importante esta dica: convém um dos dois levar tudo duplamente impresso pois um deles perde sempre alguma coisa. Tal como com dinheiro e cartões, sugiro que uma pessoa deixe tudo no cofre do hotel sendo que usam o cartão da outra pessoa durante o dia para as várias atividades.
Tenham um Verão de viagens muito empático e romântico.
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