Nuno Coelho, autor do blog Ministério dos Livros:
Jalan, Jalan de Afonso Cruz é um livro que me surge imediatamente quando penso em viagens. O subtítulo refere que o livro é “Uma leitura do mundo”, e assim é de facto, a nível físico e não físico, onde o autor percorre locais, sentimentos, emoções, perceções e desilusões. Quando terminei a leitura registei que foi um livro que me deu “alfinetadas no cérebro”. O autor vai e leva-nos com ele em viagem, real e figurada, através da beleza das suas palavras e reflexões. Uma ótima escolha para leitura de verão, em viagem, ou não.
Anabela Mota Ribeiro, jornalista (página oficial):
Viajar com livros é um hábito antigo. Mas Viagem a Itália de Goethe tornou-se indispensável aos meus dias e deambulações pelo mapa italiano. O escritor alemão fez uma viagem de cerca de dois anos, no final do século XVIII, escreveu cartas e, num registo diarístico, comentários e reflexões sobre o modo como essa viagem o transformou. Regista a sua impressão sobre o contacto com as pessoas, a paisagem, a melancia que cresce no templo de Júpiter, um julgamento numa praça (em Veneza), o Carnaval em Roma; e sobre aquelas coisas difíceis de descrever: o carácter de um povo, a atmosfera, a mudança, a surpresa, a harmonia. Sempre que vou a Itália, levo Goethe comigo, e só leio as passagens correspondentes ao lugar onde vou. Ajudou-me muito a compreender Nápoles e Sicília, por exemplo. O mais encantador é compreender como, mais de 200 anos depois, aquela viagem continua a fazer sentido para mim.
Afonso Reis Cabral, escritor (Prémio José Saramago 2019) e editor:
Penso que os livros levam a mal só serem lidos no Verão. Ainda assim, devem gostar do reencontro. Minha Ántonia, de Willa Cather, é um grande clássico norte-americano. Publicado em 1918 nos EUA, e por cá recentemente pela Relógio d'Água, tem passado algo despercebido. É uma leitura intensa e bela que cruza as vidas de personagens de maneira suave, como se as ligassem fios de amizade que, no fundo, são fios do destino. O romance tem um certo carácter edificante que numa escritora menor seria prejudicial – como se quisesse doutrinar –, mas Willa Cather é uma grande escritora que foge às visões superficiais. Ántonia, personagem principal, impõe-se, pelos olhos do narrador, como uma das grandes personagens da literatura norte-americana. Com ela ficamos a conhecer uma época, entramos num mundo tão sólido, tão bem construído, que não parece feito só de palavras.
Ana Maria Barreto, viajante e autora do blog The Travellight World:
A Viagem dos Inocentes, de Mark Twain. Este livro é um delicioso, humorístico e por vezes preconceituoso, relato da viagem que o «pai da literatura americana» fez pela Europa e Médio Oriente em 1867. Entre os seus destinos contam-se Marrocos, França, Espanha, Itália, Grécia, Rússia, Turquia, Israel, Egito e… os Açores (ele não foi nada simpático com os portugueses, mas também não deixou de satirizar os seus próprios companheiros de viagem americanos - “os inocentes”). Ao longo do livro, baseado numa série de cartas que escreveu durante a viagem, Twain regista, com muito humor, a sua desilusão ao descobrir a verdade sobre pessoas e lugares que durante anos fantasiou, enquanto critica os turistas que confiam em guias ao invés de confiar nas suas próprias impressões para definir as suas experiências. Ainda hoje dou gargalhadas ao ler a sua descrição de um banho turco.
Poucos sabem, mas este foi o maior sucesso literário que Mark Twain conheceu em vida. É um verdadeiro clássico da literatura de viagens!
Rita da Nova, autora do blog Rita da Nova:
Para este verão não posso deixar de recomendar os livros de Sally Rooney, uma das minhas escritoras contemporâneas favoritas. Embora os livros se passem maioritariamente na cabeça das diferentes personagens, em todos há uma viagem ao estrangeiro que tem impacto no rumo da história — em Normal People (Pessoas Normais) vamos até Trieste, Conversations with Friends (Conversas entre Amigos) leva-nos ao Sul de França e em Beautiful World, Where Are You? (Mundo Belo, Onde Estás?) há uma escapadela com destino a Roma.
João Cajuda, viajante e videógrafo (página Instagram):
O afinador de pianos, de Daniel Mason. Foi o último que li. Relata a história de um afinador de pianos que é enviado para a selva da Birmânia para reparar o piano de um general. É um livre leve e muito descritivo de todas as paisagens do sudeste asiático, pela qual tenho um grande fascínio e sistemática saudade. Transporta-nos numa viagem fabulosa e para uma realidade tão exótica que nos faz querer descobrir aquele país.
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