Vamos começar a virar as páginas? Veja primeiro, na galeria de fotos abaixo, os 12 melhores destinos para se inspirar na próxima viagem literária. Depois, conheça algumas dicas para se aventurar neles.
1. Óbidos, Portugal
Em 2015, a UNESCO designou Óbidos como Cidade Literária. Velhos espaços, abandonados, encontraram a partir desse momento uma nova função, o que resultou na abertura de um conjunto considerável de livrarias temáticas.
Aliás, quem viaja pela vila medieval sente algo de fantástico no ar, começando pela porta de entrada para o centro histórico, passando pela rua (Direita) principal desta área e terminando na zona mais ampla e amuralhada .
Em 2013, abriram-se as portas da maior livraria portuguesa dentro de uma igreja, a Livraria de Santiago. Depois da nomeação da UNESCO, o município de Óbidos apostou forte na literatura, sendo ainda hoje uma das principais forças de desenvolvimento económico desta bela vila.
Dicas: Ocupando um artigo quartel de bombeiros, a Livraria do Mercado convive em perfeita simbiose com o Mercado Biológico de Óbidos. Agora, a mais importante: faça uma refeição ou durma no Literary Man Hotel. Não vamos dizer mais nada. Vá e agradeça-nos mais tarde.
2. Paris, França
Enquanto vivia em Paris e escrevia Ulysses (1922), James Joyce desabafava o seu amor pela capital francesa. "Há uma atmosfera de esforço espiritual aqui", contou o escritor ao amigo pintor britânico Frank Bugden.
O Corcunda de Notre Dame (1831) e Os Miseráveis (1862), de Victor Hugo, retratam as diferenças entre a nobreza francesa e os pobres. Romances como o Trópico de Caranguejo (1934), de Henry Miller, e Paris é uma festa (a título póstumo, 1964), de Ernest Hemingway, mostraram aos leitores a vida nómada dos escritores americanos que passaram por Paris no início do século XX.
Dicas: Enquanto vivia em Paris na década de 1920, Hemingway passava os inícios das manhãs em La Closerie des Lilas (Boulevard du Montparnasse, 171), a escrever muitas das suas primeiras obras, incluindo o O Sol Nasce Sempre (1926). O café ficava apenas a uma rua de distância do seu apartamento, na Rue Notre-Dame des Champs, 113, um dos locais favoritos para o jovem escritor americano ler o trabalho dos seus amigos, como o manuscrito de F. Scott Fitzgerald The Great Gatsby (1925).
Paris é sempre uma boa ideia. Sabia como pode aproveitar a cidade numa escapadinha de fim de semana.
3. Londres, Inglaterra
Ao longo da história, alguns dos escritores mais famosos do mundo têm caracterizado Londres como sendo uma personagem principal e é por isso que conhecemos tão bem a cidade. Londres são as crianças de rua de Charles Dickens, os reis trágicos de Shakespeare (Richards II e III, Henry V e VIII), e a alta sociedade de Thackeray em Feira das Vaidades (1847). É ainda a cidade de Mary Poppins, Sherlock Holmes e Harry Potter.
Dicas: Passem pela Rua 34 (anteriormente 16) de Tite para prestar homenagem a Oscar Wilde e à sua esposa Constance, que se mudaram para o Bairro em 1884. É onde Wilde escreveu algumas das suas obras mais famosas, incluindo o Retrato de Dorian Gray (1891).
Para um "city break" fantástico, leia aqui o nosso roteiro de Londres.
4. Islândia
Há um estudo que refere que um em cada dez islandeses irá publicar um livro ao longo da sua vida. Isso faz com que este país seja o maior gerador de escritores no mundo. Se considerarmos que a Islândia tem 300.000 habitantes na capital (Reiquiavique), temos a ideia de que a cidade terá 30.000 autores, com todos os livros a serem publicados em islandês, em defesa da língua.
Valter Hugo Mãe foi um dos escritores que se deixou apaixonar pelo encanto deste pequeno país ao escrever a Desumanização (2013). Certamente que George R.R. Martin inspirou-se na Islândia para escrever a saga A song of ice and fire (que começou em 1996), uma vez que esta é a terra do gelo e dos vulcões. Halldór Laxness é o único escritor islandês galardoado com um prémio Nobel da Literatura (1955) e, anos antes, escreveu A estação Atómica (1948), retratando os contrastes islandeses entre a vida moderna e a rural.
Se gosta de policiais nórdicos, a islandesa Yrsa Sigurdardottir tem conseguido elevar este género a outro patamar, com cenários ambientados na terra do fogo e do gelo, tais como a série DNA.
Dicas: A Islândia é o país dos elementos naturais, por isso, nada melhor que percorrer as estradas deste país em estilo aventureiro para redescobrir a nossa paixão pela natureza. Leia aqui o nosso roteiro.
5. Pamplona, Espanha
Ernest Hemingway escreveu o seu romance O Sol Nasce Sempre (1926) baseado em eventos reais da sua própria vida. A primeira vez que ouviu falar de Pamplona foi por acaso, quando era jornalista correspondente em Paris e decidiu fazer uma história sobre esta pequena cidade espanhola de apenas 30 mil habitantes. Ele queria escrever uma história sobre o estranho hábito de “soltar os touros" para depois fugir deles pelas ruas. Hemingway, de apenas 24 anos, ficou tão fascinado por este espetáculo que regressou a Pamplona mais oito vezes. A pequena cidade espanhola representava, para ele, o que amava: a diversão, boa vida, álcool, mulheres, touros e amigos.
Dicas: Na Plaza del Castillo, Ernest Hemingway alternava entre as esplanadas do Txoko e Café Iruña, ambos ainda em funcionamento, assim como o Torino Coffee Bar, Café Kutz e Swiss Café. Visitem também Gran Hotel La Perla, onde permaneceu alojado.
6. Tóquio, Japão
Haruki Murakami é considerado o maior embaixador da nova corrente literária japonesa, nomeadamente com os seus romances After Dark (2004) e Norwegian Wood (2010). Mas é com a trilogoia 1Q84 (2009) que o autor realmente se conecta a Tóquio, passando do antigo para o moderno. O escritor oriental consegue levantar o pano sobre o Japão colorido e barulhento, revelando o que se esconde em cada casa e em cada pensamento dos japoneses.
Dicas: Visitem o Nakamuraya Cafe (3-26-13 Shinjuku, Shinjuku) e o Hotel Okura (2-10-4 Toranomon, Minato) para conhecer alguns lugares-chave da obra de Murakami. Existe também o Cafe Rokujigen (1-10-3 Kamiogi, Suginami), onde os fãs do escritor se juntam regularmente para ler e discutir a sua obra.
Se o Japão chama por si, encontre aqui este roteiro de 10 dias.
7. Roma, Itália
Graças à literatura inglesa, Roma ganhou destaque com obras baseadas no drama e na traição. Titus Andronicus (1594) e Júlio César (1623), ambas de Shakespeare, retratam os jogos de poder na cidade antiga, enquanto Ben-Hur (1880), de Lew Wallace, visita a Roma do início do cristianismo com meticulosas descrições. I Claudius (1934), de Robert Graves, oferece uma história romana "narrada” por um dos seus imperadores.
Dicas: Se quer reviver a Roma Antiga, visite o Antico Caffè Greco (Via dei Condotti, 86). Inaugurado em 1760, as mesas de mármore do café têm recebido clientes notáveis como John Keats, Charles Dickens, Hans Christian Andersen, Mary Shelley e Lord Byron.
Para planear uma viagem perfeita a Roma, leia aqui o nosso roteiro de quatro dias.
8. Lisboa, Portugal
Lisboa é a cidade de Fernando Pessoa e a capital portuguesa transpira os versos do maior poeta português. A cidade conta ainda com o Monumento dos Descobrimentos, que nos remete para os textos de Luís de Camões. Lisboa serve de cenário para Os Maias, de Eça de Queirós (1888), um dos maiores romances alguma vez escritos. Queirós "leva-nos" até ao Ramalhete, uma casa afastada do centro, na altura, num local elevado da cidade. Hoje, no lugar do Ramalhete encontra-se o Museu Nacional de Arte Antiga.
Lisboa acolhe ainda a Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, onde funciona a biblioteca do escritor de O Memorial do Convento, assim como uma exposição permanente sobre a vida e obra do único prémio Nobel da literatura portuguesa.
Dicas: Algumas das lojas citadas n' Os Maias ainda existem, como a Casa Havaneza, no Chiado, por exemplo. Passear em Lisboa é seguir os trilhos de Carlos ou de Ega. Podem ainda tomar um café ao lado da estátua de Fernando Pessoa, no café A Brasileira. Caminhe ainda até ao Monumento dos Descobrimentos para ver Luís Vaz de Camões e os heróis de Os Lusíadas.
9. Edimburgo, Escócia
Esta cidade escocesa foi a primeira no mundo a receber um título de Cidade da Literatura da UNESCO. E não é para menos, aqui nasceram ou viveram autores como Robert Louis Stevenson, J.M. Barrie, Arthur Conan Doyle, Walter Scott ou J.K. Rowling.
A autora da famosa série Harry Potter nasceu em Inglaterra, mas vive em Edimburgo há mais de 20 anos. Foi na capital escocesa que o famoso feiticeiro ganhou forma e voou para o mundo.
O Festival Internacional do Livro de Edimburgo é considerado o maior e melhor evento literário do mundo, com mais de 800 autores convidados de 40 países diferentes.
Dicas: Nesta cidade é possível passar vários dias em busca de vestígios, sejam eles ficcionais ou reais, das nossas personagens preferidas. Então, se adora o universo Harry Potter vai encontrar muitas, mas mesmo muitas, coisas. Sabia que a rua que inspirou a Diagon Alley (na foto acima) fica em Edimburgo?
10. Estugarda, Alemanha
Pode ser surpreendente para uns, mas esta é considerada a cidade mais literária da Europa, isto porque alberga mais de 200 bibliotecas e livrarias, além de sediar mais de 250 editoras na cidade.
Razões mais do que suficientes para os amantes de livros considerarem adicionar Estugarda na lista de próximas viagens.
Dicas: Não pode perder a Stadtbibliothek Stuttgart, uma biblioteca (na foto) com uma estrutura e desenho únicos, dando destaque ao minimalismo para que os livros sejam os protagonistas. Visite ainda a Schlossgarten, ou outro jardim botânico da cidade, para uma leitura, seja ela qual for. Verá que o ambiente é diferente.
11. Dublin, Irlanda
A Trinity College é a universidade mais antiga da Irlanda e atrai milhares de visitantes todos os anos. A biblioteca é de visita obrigatória, goste de livros ou não, detendo a maior coleção de livros da Irlanda e recebendo todas as obras que são publicadas no país desde 1801.
A vida e a obra de importantes escritores encontram-se no Museu dos Escritores de Dublin (Dublin’s Writer Museum). São perto de 300 anos de história da literatura irlandesa acoplados numa mansão de estilo georgiano.
Quem circula no centro histórico de Dublin percebe que cada canto já foi palco de momentos vividos por grandes escritores, como James Joyce (Ulysses) ou que acabaram por ser cenário das respetivas obras.
Dublin foi a quarta cidade a conquistar o título de Cidade Património Mundial de Literatura e ocupa o segundo lugar, atrás apenas de Paris, em número de vencedores do Prémio Nobel de Literatura, com três premiados. São eles William Butler Yeats (1923), George Bernard Shaw (1925) e Samuel Beckett (1969).
Dicas: Para encontrar literatura em Dublin não é preciso procurar muito. Nos vários pubs espalhados pela cidade irá encontrar sessões com autores a narrar trechos de livros ou episódios vividos por escritores.
12. São Petersburgo, Rússia
Na literatura, o centro cultural da Rússia é um lugar de contrastes. Guerra e Paz (1869), de Tolstoi, Crime e Castigo (1866), de Dostoievski, são algumas das obras russas que marcaram a diferença no olhar para a sociedade russa, principalmente para São Petersburgo, fazendo dela a cidade mais literária do país. Em São Petersburgo, existe uma data para honrar Dostoievski. No primeiro sábado do mês de julho, os fãs reúnem-se para celebrar o seu herói.
Dicas: Visite o canto do Stolyarny Alley e a Rua Kaznacheisky, onde o escritor viveu durante a elaboração da sua obra-prima.
Veja aqui o nosso roteiro de São Petersburgo.
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