O Palácio Ramalhete, um belíssimo edifício do século XVIII, é hoje um hotel boutique, elegante e intimista, localizado em frente ao Museu Nacional de Arte Antiga. Pode não ser exatamente a casa que inspirou o escritor, e o estacionamento pode ser difícil, mas a sua localização nas Janelas Verdes, perto da antiga Rua de São Francisco de Paula (hoje, Rua Presidente Arriaga), faz-nos sonhar com a Lisboa queirosiana.
"A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o Ramalhete.”
Com estas palavras de Eça em mente, dou asas à imaginação, abro a porta como quem abre um livro e fujo do barulho da cidade moderna.
Uma bonita escada, decorada com azulejos, convida-me a subir. Lá em cima encontro, não Carlos da Maia e o seu inseparável amigo João da Ega, personagens inesqueciveis d' "Os Maias", mas antes a receção do hotel, onde não faltam sorrisos calorosos e boa disposição.
Após o check-in, sou convidada a conhecer melhor esta casa, que também ganhou fama por ter sido a residência de Madonna durante o período em que a cantora viveu em Portugal.
Mostram-me primeiro a sala de leitura e o salão onde de manhã são servidos os pequenos almoços. Ambos os espaços são amplos, luminosos, com tetos altos. Já o bar tem, apropriadamente, menos luz e as salas mais pequenas, são agradáveis e acolhedoras. Uma até tem um piano e bolachinhas na mesa, para que a vida no Ramalhete nunca deixe de ser doce.
Sigo depois por um pátio interior — tão lisboeta, quanto adorável — e descubro o quarto onde vou passar a noite. No exterior estão várias mesas, perfeitas para sentar com um copo de vinho e desfrutar tranquilamente das noites quentes de verão da nossa capital.
No final do tour, no cimo de umas escadas, uma última surpresa: um terraço com uma pequena piscina e uma vista que permite espreitar o Tejo.
Volto ao aconchego do quarto para trocar de roupa e aproveitar a piscina e reparo que tem uma decoração discreta, de bom gosto, bastante adequada à história do Ramalhete. Sinto porém, a falta de uma mesa de cabeceira onde possa pousar um livro ou um copo de água, mas sou compensada por uma máquina de café, roupão e chinelos que acrescentam conforto à estadia. Na casa de banho fico feliz por encontrar amenities da Acqua di Parma — uma das minhas marcas favoritas.
Um problema com a fechadura da porta (a porta não trancava bem) foi prontamente atendido, mas apenas momentaneamente resolvido já que, durante a estadia, voltou a acontecer. Valeu a simpatia dos funcionários, que se mostraram sempre prestáveis e disponíveis para ajudar.
Depois de passar a tarde a relaxar na piscina com um excelente Aperol Spritz preparado pelo rapaz do bar, estava pronta para começar a pensar no que ia fazer à noite.
O Palácio Ramalhete não tem restaurante, mas há muitas opções nas redondezas e, na dúvida, a receção rapidamente indica os melhores lugares do bairro para jantar/almoçar e, se necessário, trata até da reserva.
Acabei por comer muito bem no Restaurante Raízes, a poucos passos do hotel e no dia seguinte acordei cedo para tomar com calma o meu pequeno-almoço e depois aproveitar a entrada gratuita que o Museu Nacional de Arte Antiga, mesmo em frente ao palacete, oferece aos domingos.
O pequeno-almoço do Ramalhete é uma maravilha. Uma parte é servido em buffet e a outra à carta (tudo incluído no preço da reserva). Podes comer no salão, ou pedir que te sirvam numa das mesas exteriores do pátio quando o tempo está quente e agradável.
Foi uma staycation muito agradável, uma escapadinha dentro da cidade que só posso recomendar.
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