As caminhadas e o BTT são atividades baseadas na natureza com mais praticantes em Portugal, mas são cada vez mais os adeptos da canoagem e de stand up paddle em águas interiores ou de atividades mais imersivas como os banhos de floresta, uma prática ancestral no Japão que começa a ganhar tração no ocidente como terapia para diminuir os níveis de stress gerados pelo quotidiano da vida nas cidades. Ou seja, mais do que simples descanso, o turismo de natureza apresenta-se cada vez mais como uma solução de férias com benefícios revigorantes para o corpo e a mente. E, oferta, é o que não falta.
Portugal é um país rico em contextos naturais, no entanto, é na região Centro de Portugal que se reúnem algumas das melhores condições para a prática de turismo de natureza. Além da proximidade dos grandes centros, é onde se concentra a maior densidade de floresta e de património natural protegido do país. As 12 Áreas classificadas da rede iNature são um bom exemplo. São mais de 730 mil hectares de natureza com uma oferta de alojamento especializada que proporciona as melhores experiências de comunhão com a natureza, identidade cultural, história e gastronomia locais. Se está a planear as próximas férias, conheça as nossas sugestões e passe por lá. Acredite, será uma experiência inesquecível!
Conteúdo do artigo:
- Aventura em família nas Serras de Aire e Candeeiros
- Pelos caminhos das Terras de Sicó e Alvaiázere
- As cores e os aromas da Serra de Montejunto
- Primavera mágica na Serra da Gardunha
- Conhecer a paisagem ancestral do Vale do Côa e observar as aves da Faia Brava
- Banho de floresta na Serra da Malcata
- Relaxar corpo e mente no Geoparque Naturtejo
- O Céu estrelado e as Aldeias de Xisto das Serras da Lousã e Açor
- Serra da Estrela, a montanha rainha de Portugal
- Viagem ao passado no Vouzela - Parque Natural Local Vouga-Caramulo
- Descobrir o património único da Mata Nacional do Bussaco
- Passatempo Turismo de Natureza - Participe e ganhe uma estadia de duas noites no Grande Hotel de Luso
Aventura em família nas Serras de Aire e Candeeiros
Férias em família? O Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros é uma boa escolha. Entre grutas, pegadas de dinossauro e lagoas gigantes, há um mundo místico e jurássico para descobrir que encanta miúdos e graúdos.
As Grutas da Moeda, Polje de Minde, a Fórnea e o Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém, são atrações a não perder, assim como a Ecopista de Porto de Mós — um antigo caminho de ferro com quase 12 quilómetros de extensão transformado num estradão fácil de percorrer a pé ou de bicicleta. O percurso está dotado de miradouros, parques de merenda, zonas de descanso e estações observatório que permitem aos visitantes contemplar com toda a tranquilidade a beleza das paisagens e a fauna e flora características da região.
Pelos caminhos das Terras de Sicó e Alvaiázere
Os caminhantes mais experientes vão apaixonar-se pelo Sítio Sicó/Alvaiázere e pela Grande Rota Terras de Sicó, um percurso circular de 189 km que percorre o Maciço Calcário de Sicó em 8 etapas que atravessam os concelhos de Ansião, Alvaiázere, Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure, permitindo um contacto próximo com fauna e flora locais, e com os elementos geológicos únicos que desenharam esta paisagem.
Se não tem tempo para tanto, escolha uma das etapas. Sugerimos a Rota do Lapiás, A exigência dos seus quase 30 km de extensão são proporcionais à recompensa, pois passa por inúmeros pontos de interesse da região, como a Ponte Românica, a Escarpa da Senhora da Estrela, as Buracas do Casmilo, muitos Campos de Lapiás e pelas imponentes ruínas de Conímbriga.
As cores e os aromas da Serra de Montejunto
A Paisagem Protegida da Serra de Montejunto é outro lugar maravilhoso para desfrutar da natureza. Criado em 1999 para preservar o repositório de vegetação natural de importância nacional e de interesse geológico, este território da rede iNature ergue-se entre o litoral e o vale do Tejo, demarcando-se da paisagem envolvente pela altitude e pelas características naturais.
Existem ali mais de 400 espécies de plantas, incluindo algumas orquídeas como a flor-abelha e a salepeira-grande. Na Serra de Montejunto ainda se encontram pequenos bosques de castanheiros, pinheiros e uma extensa manta de espécies arbustivas e aromáticas que enchem a paisagem de cores e aromas.
Neste território pode descobrir património como a Real Fábrica do Gelo, lugares incríveis como a Falha do Cercal, o Algar do Bom Santo, a Falha da Rocha Forte ou a Penha do Meio-Dia, e descobrir a comunidade animal rica e diversificada que habita a serra.
Para uma incursão na paisagem, aconselhamos o Trilho do Carreiro dos Ss, um percurso pedestre que passa por carreteiros de montanha e tradicionais caminhos de pastoreio que, no passado, tiravam do isolamento as povoações vizinhas de cada lado da montanha. É uma boa amostra da natureza, história e cultura desta região.
Primavera mágica na Serra da Gardunha
Não há época mais bonita para visitar a Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha do que a primavera, afinal é nesta altura, entre abril e maio, que ocorre um dos espetáculos mais belos da natureza — A floração dos pomares de cereja. São milhões as flores que pintam de branco as encostas da serra e atraem o visitante com o seu aroma inebriante para caminhos pontuados por lugares encantadores como a Aldeia Histórica de Castelo Novo, as Aldeias do Xisto de Janeiro de Cima e Barroca e as aldeias de montanha de Alpedrinha, Alcaide e Alcongosta, povoações com um vastíssimo património religioso, artesanal e gastronómico.
Uma sugestão: faça a Rota da Pedra d’Hera. É uma ótima escolha para contemplar os pomares de cerejeiras e desfrutar da fabulosa vista sobre a Serra da Estrela e o vale do Fundão.
A Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha proporciona ótimas condições para a prática de desportos de naturezacomo escalada, parapente, stand up paddle na barragem da Marateca e BTT. O Centro de BTT da Serra da Gardunha oferece 8 rotas com 4 níveis de dificuldade no total de 250 km. Se gosta da adrenalina do BTT, tem de passar por lá.
Para os adeptos da observação de aves, a Rota da Marateca é obrigatória. Entre guarda-rios, garças, patos trombeteiros, mergulhões de crista e colhereiros, não se admire se avistar um… ovni! Não é uma brincadeira, a Serra da Gardunha é o local do país com mais avistamentos de ovnis documentados. É um lugar tão lindo quanto singular e misterioso.
Conhecer a paisagem ancestral do Vale do Côa e observar as aves da Faia Brava
Para uma boa dose de natureza selvagem, a Zona de Proteção Especial Vale do Côa e Faia Brava é o destino ideal. Viva uma aventura inesquecível nesta paisagem ancestral através da Grande Rota do Côa. O percurso vai da nascente do rio Côa, Fóios, até ao Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, num total de 200 km que podem ser feitos a pé ou de bicicleta. Conte com vários dias a pedalar ou caminhar. Se não os tiver, pode escolher e fazer apenas uma das etapas.
Para quem visita esta região, aconselha-se uma visita guiada à Reserva da Faia Brava, onde cavalos garranos e vacas maronesas vivem de forma selvagem. Além de garantir uma experiência mais completa, é indispensável conhecer este projeto privado de regeneração natural e elevada importância para aves como o abutre, o grifo, o britango, a águia-de-bonelli ou a águia-real, que escolhem o Vale do Côa para nidificar. É um local de excelência para os aficionados da observação de aves.
Dentro da reserva, os 2,2 km de extensão do Trilho dos Biólogos, são uma opção mais ligeira e menos morosa para contemplaras escarpas do Vale do Côa e a avifauna local.
Banho de floresta na Serra da Malcata
A Reserva Natural da Serra da Malcata, região onde o Lince Ibérico viveu antes de ser declarado extinto em Portugal Continental, e área criada para proteger esta espécie selvagem, também é um bom lugar para a observação de aves como o abutre negro, a cegonha-preta, o rouxinol-do-mato ou o rabirruivo-de-testa-branca, principalmente o Percurso do Sobreiral que segue pelas margens da Barragem da Meimoa, lugar onde pode praticar canoagem e stand up paddle.
Uma experiência que não deve deixar de ter na Serra da Malcata é o Banho de Floresta, ou no original japonês "shinrin-yoku" — uma prática ancestral nipónica que permite estabelecer laços afetivos e efetivos com a natureza e com o meio social.
Fazer uma paragem na acolhedora Aldeia da Malcata para provar uma das especialidades gastronómicas da região — o cabrito assado, é também obrigatório, assim como uma visita à Aldeia Histórica de Sortelha, uma das mais belas e antigas vilas portuguesas, que mantém a sua fisionomia urbana e arquitetónica inalterada desde o renascimento até aos nossos dias.
Se quiser fazer um percurso pedestre, recomendamos o Percurso do Sobreiral que, ao longo dos seus quase oito quilómetros, quase sempre nas margens da albufeira da Barragem da Meimoa, oferece um passeio pela paisagem natural com direito a observação da avifauna da região.
Relaxar corpo e mente no Geoparque Naturtejo
O território abrangido pelo Geoparque Naturtejo conta com 5.000 km2 e é o primeiro geoparque português da UNESCO. É o local ideal para quem privilegia a saúde e o bem-estar físico e mental já que aqui existem complexos termais - Termas de Monfortinho (Idanha-a-Nova) e Termas da Fonte Santa de Águas (Penamacor) -, com uma oferta variada de tratamentos terapêuticos e de bem-estar.
Faça a Rota do Erges, um percurso circular “fácil”, com cerca de cinco quilómetros, que passa pelas “águas santas” de Monfortinho, e combine a caminhada com um tratamento termal. Relaxe e aproveite para recuperar o seu equilíbrio físico e mental.
O Geoparque Naturtejo é também muito rico em geossítos – monumentos naturais classificados como os Canhões do Erges e as Portas de Ródão. E engloba igualmente bonitas aldeias como a Aldeia de Penha Garcia que guarda até hoje as marcas do mar que ali esteve há 600 milhões de anos, e a famosa Aldeia Histórica de Monsanto, que em tempos foi considerada a aldeia mais portuguesa de Portugal e hoje serve até de cenário para séries internacionais de sucesso como Guerra dos Tronos - House of the Dragon.
O Céu estrelado e as Aldeias de Xisto das Serras da Lousã e Açor
Por falar em aldeias, sabia que é nas unidades territoriais da Serra da Lousã e Paisagem Protegida da Serra do Açor que encontramos a maioria das Aldeias do Xisto do país? Esta é uma paisagem cultural única no Centro de Portugal, um património riquíssimo, escondido por entre montanhas e construído pela força e engenho das mãos humanas. Aqui reina a natureza. O território é eminentemente florestal, propício à observação de cervídeos (veados e corças), ainda com inúmeras áreas de vegetação autóctone e primitiva como a Mata da Margaraça, que faz parte da rede europeia de reservas biogenéticas. É também atravessado por importantes cursos de água, como os rios Zêzere, Ceira, Alva e Ocreza e possui pequenas lagoas ou praias fluviais e bonitas quedas de água como a Cascata da Fraga da Pena. É ainda um dos poucos sítios no mundo com as condições ideais para observar toda a imponência de um céu estrelado. Não é por acaso que foi atribuída às Aldeias de Xisto a certificação internacional “Destino Turístico Starlight” — o céu ali é tão escuro e limpo que permite observar até a Via Láctea a olho nu!
Um dos trilhos mais bonitos que pode fazer nesta região é a Rota da Levada, um percurso linear, de sete quilómetros, que se inicia no Castelo da Lousã, ou no sentido oposto, na Aldeia do Xisto da Cerdeira. Passa pela Ribeira de S. João, que alimenta as piscinas naturais da Senhora da Piedade, e pela Aldeia do Xisto do Candal.
Vale a pena percorrer também o Caminho do Xisto de Fajão – Subida aos Penedos. É um trilho circular, de apenas quatro quilómetros que no seu ponto mais alto proporciona uma vista deslumbrante sobre a Serra do Açor e a aldeia do Fajão.
Serra da Estrela, a montanha rainha de Portugal
Os vales do Zêzere e de Unhais, os covões, as lagoas naturais e as aldeias de montanha são apenas alguns dos (bons) motivos para visitar o Parque Natural da Serra da Estrela/Estrela Geopark.
Na montanha rainha de Portugal vivem a raposa, o coelho-bravo-europeu e outras tantas espécies de fauna e flora únicas no país. Vivem também os cães Serra da Estrela que guardam os rebanhos de ovelhas que depois dão o leite para a produção do delicioso queijo da região. Provar este queijo amanteigado, de cor amarelada, entre duas fatias de pão rústico é bem capaz de ser uma das melhores experiências gastronómicas que se podem ter em Portugal.
É um ótimo local para caminhadas, escalada, observação de aves e, claro, para a prática de esqui no inverno.
A Rota do Carvão é uma rota com cerca de 20 quilómetros, do tipo circular, difícil, mas perfeita para apreciar a beleza da paisagem natural e ver alguns dos 170 geossítios da Serra da Estrela, como a Fraga da Cruz, o Fragão do Corvo ou a Pedra Sobreposta. Este percurso, passa ainda pela Aldeia das Penhas Douradas, pelo Vale das Éguas, pelo espelho de água do Vale de Rossim, pela Charca do Perdigueiro, e pelo Vale Glaciar de Manteigas.
Para uma caminhada menos exigente, mas igualmente compensadora, percorra os trilhos Rota das Faias (absolutamente maravilhosa no outono) ou a Rota do Poço do Inferno, que passa por um dos ex-líbris da Serra da Estrela — a Cascata do Poço do Inferno.
Viagem ao passado no Vouzela - Parque Natural Local Vouga-Caramulo
Quem se interessa por botânica e arqueologia vai se encantar com o Vouzela - Parque Natural Local Vouga-Caramulo. É a primeira área protegida de gestão local do país. Fica localizado entre a Serra do Caramulo e o Rio Vouga e na sua vegetação, nomeadamente, na Reserva Botânica do Cambarinho destaca-se a maior população portuguesa de loendro, planta de floresta Laurissilva, de tom lilás que floresce em maio.
O território tem uma componente histórica e cultural muito rica, atestada por monumentos megalíticos, como o Dólmen da Lapa de Meruje, cuja lagoa permite a prática de stand up paddle.
O Trilho das Poldras, trilho circular, fácil, com início e fim na povoação de Fataunços. Passa por entre bosques de carvalhos, terrenos agrícolas, cruza várias vezes a ribeira e tem como destaques a histórica Estrada Romana, a medieval Ponte Pedrinha e vários vestígios megalíticos. Uma caminhada a não perder.
Descobrir o património único da Mata Nacional do Bussaco
A floresta que todos têm de visitar, pelo menos uma vez na vida, é a Mata Nacional do Bussaco, um lugar de valor incalculável, único em Portugal e no Mundo. É uma das Matas Nacionais mais ricas em património natural, arquitetónico e cultural, podendo ser dividida em quatro unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos, Floresta Relíquia e Pinhal do Marquês.
No património edificado destacam-se a Via Sacra, as Ermidas e o Sacro-Monte, o Palace Hotel do Bussaco e o Convento de Santa Cruz. As Termas do Luso, um espaço histórico totalmente renovado e requalificado, é incontornável para quem procura as tendências atuais no segmento da Saúde e Bem-Estar.
Depois de um banho de água termal, experimente um banho de floresta na Mata do Bussaco. Esta prática japonesa de bem-estar e melhoria da qualidade de vida, integra atividades guiadas para facilitar a abertura dos sentidos, reforçar a intuição e experimentar a floresta de uma nova forma.
Fazer a Grande Rota do Bussaco é a melhor forma de conhecer a região, mas tenha em atenção que esta é uma rota longa, com cerca de 56 quilómetros, que liga os três concelhos limítrofes da Mata: Mealhada, Mortágua e Penacova, por isso talvez seja mais fácil optar por fazer os percursos mais curtos dentro da Mata do Bussaco, como o Trilho da Água ou o Trilho da Via Sacra,
Em alternativa, recomenda-se a Livraria do Mondego, um percurso de beleza notável inspirado no património natural, biológico e paisagístico das margens do rio Mondego, marcadas pelo imponente bloco quartzítico que lembra uma série de livros dispostos numa estante.
Com 12 territórios tão extraordinários para explorar, o difícil é escolher, mas seja qual for o destino selecionado da rede iNature, duas coisas são garantidas: a Natureza deslumbrante e as experiências iNesquecíveis!
Passatempo Turismo de Natureza
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