Assim que entramos na propriedade, percebemos que estamos num local especial. No caminho que vai dar ao Palácio chama-nos logo a atenção um arco ornamental indiano e uma escadaria que conduz ao interior dos jardins.

Aos poucos avistamos o palácio: um edifício extremamente belo, de estilo romântico que nos transporta para outra época e que nos recorda que a história de Monserrate é muito antiga.

Conta a lenda que este lugar remonta aos tempos de Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, que, nesta propriedade, terá mandado erigir uma capela dedicada à Virgem Maria. Sobre as suas ruínas (das quais não existe nenhuma evidência histórica), foi construída, em 1540, outra capela, esta por iniciativa de Frei Gaspar Preto que, após uma viagem à Catalunha, se maravilhou com o mosteiro de Montserrat, perto de Barcelona, e decidiu usar a propriedade que pertencia então ao Hospital de Todos os Santos de Lisboa — do qual era reitor — para construir uma capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrate.

No século XVII, a família Mello e Castro tomou a Quinta de Monserrate e, em 1718, D. Caetano de Mello e Castro, comendador de Cristo e Vice-rei da Índia, tornou-se o novo proprietário. Poucos anos mais tarde, em 1755, o grande terramoto de Lisboa destruiu o local, mas, apesar do seu mau estado, a propriedade chamou a atenção de Gerard de Visme (um comerciante inglês que teria feito fortuna com diamantes) e este, em 1789, decide arrendá-la e mandar construir ali um edifício de estilo neo-gótico, onde habitou por poucos anos.

Monserrate encontra então um novo arrendatário, o escritor inglês William Beckford, que realiza obras de restauro no edifício e nos imensos jardins que o rodeiam, até deixar o local ao abandono em 1799.

Foi ainda em ruínas que Lord Byron encontrou Monserrate quando visitou a propriedade em 1809. A sua aparência magnífica, porém, inspirou o poeta, que escreveu sobre ela e atraiu o interesse de mais viajantes estrangeiros. Um deles foi Francis Cook, outro rico comerciante inglês que acabou por comprar a propriedade em 1863 e a transformou naquilo que ela é hoje — uma obra-prima do romantismo!

Parque e Palácio de Monserrate
Palácio de Monserrate créditos: Travellight e H. Borges

Para materializar o seu sonho, Francis Cook contou com a ajuda do arquiteto James Knowles Jr., que projetou um palácio onde se combinam as influências góticas, indianas e mouriscas; e com as ajudas preciosas do paisagista William Stockdale, do botânico William Neville e do mestre jardineiro James Burt que nos jardins prolongaram harmoniosamente os motivos exóticos da decoração interior.

O Parque de Monserrate recebeu espécies vindas de todo o mundo, que foram organizadas por áreas geográficas, refletindo as diversas origens das plantas e compondo cenários românticos ao longo de caminhos, por entre ruínas, recantos, lagos e cascatas.

Neste cenário paradisíaco, foram passadas as férias de verão da família Cook e organizadas grandes festas até 1949, ano em que o Governo Português adquiriu a propriedade.

Nas últimas décadas, o Palácio e jardins foram totalmente restaurados e apresentam-se hoje em toda a sua glória e exuberância.

Ao entrar pela porta lateral, a primeira coisa que vemos é a bela fonte no centro do palácio, localizada diretamente sob uma cúpula de vitral vermelho rosado. Os detalhes são impressionantes: Todas as paredes e tetos têm diferentes padrões de gesso refletindo a natureza e a folhagem.

Os corredores, a sala de música, a biblioteca, os quartos, escadarias, varandas, os tetos hipnóticos… tudo parece fazer parte de um bonito sonho do qual não queremos acordar. Um passeio pelos jardins só reforça essa ideia, principalmente quando chegamos à ruína criada a partir da capela edificada por Gerard de Visme em substituição da antiga capela de Nossa Senhora de Monserrate.

Engolida pela vegetação, a ruína é já indissociável da Árvore-da-borracha-australiana que sobre ela cresceu e lhe dá um aspeto incrível e surreal.

É um lugar maravilhoso, que quem visita Sintra não deve perder.

Como chegar:

De automóvel:

Pode chegar à Vila de Sintra seguindo:

IC19 (desde Lisboa)
IC30 (desde Mafra)
EN9 (desde Cascais, pela A5)

O Parque e Palácio de Monserrate localiza-se na estrada que liga o centro da Vila de Sintra a Colares (EN375).

Coordenadas GPS - 38º47'38.515"N 9º25'15.413"W

Há pouco estacionamento dentro do Parque Monserrate. Se vier de carro chegue cedo para garantir uma vaga.

De transportes públicos:

Apanhe o comboio (CP) Lisboa > Sintra – Linha de Sintra

Estações de origem:

Estação de Oriente
Estação do Rossio
Estação de Entrecampos

Em Sintra (na estação ferroviária) apanhe o autocarro n.º 435 (Scotturb)

Horários:

Horários (parque) 09h00 — 19h00 (último bilhete e última entrada 18h00)
Horários (palácio) 09h30 — 18h30 (último bilhete 17h30 e última entrada 18h00)
A bilheteira encerra entre as 12h00 e as 13h00, mas há pontos de venda automática de bilhetes disponíveis.

Preços:

Bilhete adulto (de 18 a 64 anos) — 8 €
Bilhete jovem (de 6 a 17 anos) — 6,5 €
Bilhete sénior (maiores de 65 anos) — 6,5 €
Bilhete família (2 adultos + 2 jovens) — 26 €
Bilhete gratuito aos domingos para quem vive no concelho de Sintra

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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World