Podem ver tudo no IG @vivienafonso e na galeria de imagens. Parece uma série da Netflix que muito bem conhecemos. Sem assaltar nada, mas com uma similar criatividade e coragem, esta dupla imiscui-se cuidadosamente em lugares abandonados e registam imagens fabulosas. Sobretudo admiram e respeitam os espaços que visitam. Antecipa-se que têm uma forma de viajar e fotografar muito diferente.
Nunca mais largaram a máscara pois perceberam que se tornou uma marca, uma forma de diferenciar na fotografia, na viagem e no estilo de disseminação.
Visitam lugares de Portugal de forma inusitada e, por isso, perguntei o motivo dessa seleção de roteiro. Ficamos a saber que a ideia também nasceu sem planeamento, mas ficaram viciados:
“Olha nem eu sei bem como começou, eu exploro só com o meu namorado, o Gonçalo, é a pessoa que me acompanha sempre, mas de vez em quando também vamos com outros exploradores. Eu sempre fui muito aventureira e adoro viajar e conhecer novos lugares, por isso juntamos o útil ao agradável. Explorar lugares abandonados tornou-se se um vício para nós.”
Critérios de organização destas viagens em Portugal sui generis:
Gostei da resposta pois é uma viajante despachada e com relógio bem apurado. Diz-nos: “(…) juntando bastantes locais e depois em 2 ou 3 dias tentar ver tudo ou quase tudo.” E ainda por cima é uma viajante atenta ao aspeto económico: hotéis não exorbitantes e sandwiches que completam as suas refeições. Só têm de investir mais na deslocação, de carro, dentro do país (combustível e portagens): “A nossa última exploração ao norte em 3 dias fizemos 1.500km”.
Perguntei se poderia saber o nome dos espaços que visitam, pois as decorações e a antiguidade (e o estilo arrepiante) são soberbas. Mas, a viajante e autora da ideia da máscara…não pode identificar. Se repararem no seu IG, a identificação de localização raramente aparece. Tem uma justificação muito válida: “Nós não dizemos as localizações dos lugares para preservá-los de vandalismos e furtos, já presenciámos vários lugares que infelizmente foram vandalizados devido à partilha de localizações. Por isso vamos manter sempre o segredo”.
Não dá vontade de procurarmos como se fosse um mapa do tesouro? A mim dá. Observo ainda mais pormenores das fotografias da sua galeria, procuro pistas do espaço. É fantástico, no sentido literal. E os cenários da Vivien remetem-me para a casa escolhida pelo ‘Professor’ na série “La Casa de Papel” para arquitetar a estratégia do golpe.
Como pesquisam os lugares abandonados?
Conta-me que primeiro fazem uma extensa pesquisa na web e depois analisam as distâncias e decidem se vale a exploração. Além disso acabam por se surpreender com mais lugares abandonados em Portugal quando vão com outros exploradores que partilham da aventura da máscara no mundo lúgubre de edifícios que quase ninguém conhece.
E, por falar em edifícios, todos os espaços impressionam esta “tomb raider”: “os dois que mais nos impressionaram foi um palácio abandonado e uma morgue abandonada”. O palácio (lugar secreto) porque foi a primeira descoberta e um desafio fotográfico. Depois, por causa dos tetos ornamentados que, segundo ela, “são de cortar a respiração”. O segundo lugar: a morgue. Também sem identificar o local, revela que era um dos lugares que já perseguia há algum tempo porque é um ambiente soturno e ideal para a fotografia no registo pretendido: “eu adoro fotografar nestes locais mais mórbidos, fascina-me, e a máscara ajuda”.
De repente penso, de imediato, noutra sequela, noutro filme que poderia aqui evocar. É que cenários secretos, mórbidos e que cortam a respiração…dão asas à imaginação do leitor.
Ao investigar o perfil da Vivien, apreciei a fotografia de uma biblioteca abandonada. Aliás, foi essa fotografia que me captou a atenção e me fez selecionar e convidar a Vivien para este artigo. Portanto, estejam atentos a esta caça-lugares secretos de Portugal. Ela deixa as dicas no IG.
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