D. Fernando II, proveniente de um ducado de influência germânica, casou-se com D. Maria II e na quadra natalícia colocava um pinheiro decorado com velas, frutas e representações de animais. Em redor estavam vários presentes para os príncipes.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
créditos: andarilho.pt

Mariana Schedel, conservadora do Palácio da Pena, levou-me junto da árvore e chamou a atenção para os presentes não estarem embrulhados.

“Era assim que se ofereciam. Vemos isso também nas gravuras do tempo da rainha Vitória e do príncipe Alberto. Os presentes eram desembrulhados quando vinham das lojas e colocados junto à árvore. Eram brinquedos simples. Uma boneca, um tambor, um cavalinho de pau..., brinquedos da época".

Arvore de Natal no Palacio da Pena
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Mariana Schedel impulsionou o projeto de reprodução da primeira árvore de Natal da família real portuguesa a partir de gravuras desenhadas pelo próprio rei.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
créditos: andarilho.pt

Uma delas ilustra várias cenas do quotidiano da família real, quando residiam no Palácio das Necessidades.

Outra tem D. Fernando II vestido de S. Nicolau e a entregar os brinquedos aos príncipes.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
©PSML Ana Cristina Machado

A árvore de Natal e os brinquedos estão no salão nobre do Palácio da Pena, mandado construir por D. Fernando II. O espaço era antes a sala de bilhar, o principal espaço de convívio da família real.

A réplica que podemos ver, de certa forma antecipa a tradição da árvore de Natal que foi transposta para Portugal pelo rei.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
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“É uma tradição que o rei traz da Europa Central e não era muito conhecida em Portugal. Refere-se até que é a primeira árvore de Natal da família real portuguesa.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
créditos: andarilho.pt

Podia haver entre a comunidade germânica residente em Portugal, mas de forma instituída na família real e depois replicada pela alta sociedade portuguesa, é com D. Fernando II que isso acontece.”

O rei introduziu também outro ritual. O cartão de boas festas através das gravuras que enviava para a família espalhada por várias casas reais na Europa.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
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“Na gravura que nós temos e que representa D. Maria II, com os príncipes, os seus filhos, em ambiente muito familiar, indica também o imaginário que D, Fernando II tinha em relação ao Natal e o que pretendia transmitir à sua vasta família para quem enviava os cartões de boas festas. A imagem de uma família real, nos seus momentos domésticos. É isso o espírito de Natal.”

O primeiro cartão de boas festas está datado de 1839. Um dos exemplares faz parte das coleções da Rainha Vitória.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
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Em Portugal, o mimetismo da corte e da burguesia fez irradiar uma prática que esteve em uso generalizado até muito recentemente. “Normalmente, estas práticas, quando eram começadas pela família real, eram sempre copiadas. Depois tornou-se uma tradição desejar as boas festas desta forma.”

As SMS e as selfies sucedem agora aos cartões de boas festas e também fazem parte do quotidiano de reis e presidentes.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
créditos: andarilho.pt

Os pinheiros utilizados por D. Fernando para a árvore de Natal eram provenientes do Parque da Pena.

A cena da árvore de Natal do rei está em exposição no palácio até 6 de Janeiro e começa a ser um “ritual” natalício que se repete desde 2019.

Arvore de Natal no Palacio da Pena
créditos: andarilho.pt

A primeira árvore de Natal e o cartão de Boas Festas que fizeram a tradição em Portugal faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.