No final do século XIX Bordalo chegava às Caldas da Rainha de comboio proveniente de Lisboa.
É também aqui que começa o roteiro que tem dois percursos. O mais longo demora cerca de duas horas e engloba lugares onde há peças e azulejos de Bordalo e também era o circuito que ele fazia pela cidade.
O roteiro mais curto faz-se em cerca de uma hora e permite ver 15 peças de cerâmica em tamanho de figura humana.
Na bonita estação das Caldas depois dos azulejos azuis que decoram a estrutura ferroviária deparamos no exterior com um lago com rãs e nenúfares. A rã tem 1.4 metros de altura.
A fonte está revestida de azulejos com imagens de rãs e nenúfares e são réplicas de modelos de Bordalo Pinheiro e da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.
A rã foi o primeiro ponto do roteiro inaugurado em 2014. As outras peças foram produzidas ao longo de um ano e pela primeira vez em tamanho gigante. Procuraram seguir as técnicas de Rafael Bordalo Pinheiro de modo a conseguirem um resultado o mais próximo possível dos originais.
As 15 figuras construídas à escala humana estão nos passeios, colocadas em paredes de edifícios, no topo de quiosques ou como os macacos, pendurados nas árvores do parque D. Carlos I.
Rafael Bordalo Pinheiro foi um artista multifacetado e foi marcante no domínio da caricatura. Como ceramista transportou para esta arte algumas figuras populares que criou e o Zé Povinho é a mais popular.
Está em frente da Câmara Municipal e com o olhar dividido entre o Tribunal e a Igreja. Não muito longe está um banco de pedra onde alguns populares se sentam a conversar. O sorriso do Zé Povinho deve ser das conversas que vai ouvindo.
Outra figura popular é o Polícia. Está próximo do posto de Turismo e de uma antiga esquadra. Está protegido por grades e com o sol o seu brilho quase que duplica. Ao lado tem um sardão. Na Praça da Fruta, onde se faz a feira, também se pode ver uma folha de couve que está colada a uma parede.
O Padre-cura também é muito conhecido. Está na traseira da igreja Nossa Senhora da Conceição. A base e o corpo estão articulados por um arame o que permite algum movimento. Esta técnica de Bordalo também foi aplicada na Ama das Caldas que está no cimo da escadaria do Centro Cultural e Congressos.
A Saloia é outra mulher caricaturada e está próxima do parque D. Carlos I.
Rafael Bordalo Pinheiro tinha uma predileção por gatos e há dois em tamanho gigante que fazem parte deste roteiro. Um é o Gato a Caçar e está em pose de ataque.
O outro é o Gato Assanhado e está todo hirto, com a cabeça, pernas e rabo levantado. Está numa rua pedonal mesmo em frente das calmas andorinhas que voam na parede do terminal rodoviário. Aqui vale a pena entrar na gare e ver os azulejos colocados na parede.
Deste roteiro fazem ainda parte uma vespa, um lobo a uivar, sardões, tartarugas, caracóis e cogumelos. Quase todas as obras de cerâmica reproduzem modelos antigos e alguns são de peças que estiveram na Exposição Universal de Paris em 1889.
Em todas as instalações do roteiro há um painel informativo. No Turismo pode também obter um roteiro. Uma das formas mais fáceis de fazer a visita e obter a informação contextualizada é com a aplicação para telemóvel.
A Câmara Municipal, segundo o seu Vice-presidente, Hugo Oliveira, está a projetar o alargamento desta rota com mais peças. O desafio já foi feito à Cerâmica Bordalo Pinheiro para a produção de outras obras alusivas às figuras populares do mestre e uma delas é a Jarra Bethoven uma das obras mais relevantes da produção em cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro. A Jarra está no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e pode conhecer aqui a Jarra Beethoven e a incrível história de uma imagem-problema.
Rafael Bordalo Pinheiro começou como ceramista nas Caldas da Rainha na Fábrica de Cerâmica de Francisco Gomes Avelar e em 1884 passou para a Fábrica de Faianças. Produziu muito mais do que louça artística e foi responsável por um ciclo de renovação nas cerâmicas das Caldas com figuras originais e a introdução de um estilo inigualável.
Ao fazermos o percurso – o mais longo ou o mais curto – descobrimos pela cidade outras formas de expressão da cerâmica como por exemplo na toponímia, em azulejos, nas montras e até no muito interessante logo dos CTT.
A visita pode estender-se à Fábrica onde existe a Casa Museu São Rafael. Na cidade há ainda, entre outros, o Museu da Cerâmica, o Museu do Ciclismo e o Museu José Malhoa.
Pontos / Localização com peças à escala humana:
1. Largo de Estação/Rotunda da Avenida 1º Maio – Rã boca aberta grande; Rã gigante sentada; Palmatória nenúfar; Azulejo rãs pequeno c/ nenúfar;
2. Avenida da Independência/ Em cima do Quiosque – Abelha;
3. Rua Padre Emílio/Hemiciclo João Paulo II – Padre (coberto);
4. Praça 25 de Abril – Zé Povinho (coberto);
5. Praça 5 de Outubro / Em cima do Quiosque – Lobo;
6. Rua Sebastião de Lima – Gato a caçar;
7. Rua Dr.Leão Azedo/Fachada da Rodotejo – Gato assanhado ; 60 andorinhas Pretas e Brancas;
8. Rua Almirante Cândido dos Reis/ Edifício da Junta de Freguesia Nª Sra. Do Pópulo – Folha de Couve;
9. Rua Doutor Leonel Sotto Mayor / Edifício do CCC – Ama das Caldas (coberto);
10. Rua Capitão Filipe de Sousa/Edifício da Loja da Reabilitação Urbana – 1 Sardão;
11. Edifício da Loja do Turismo (interior) : 4 Sardões;
12. Loja do Turismo (exterior): Polícia; Sardão; 2 Caracóis;
13. Topo da Praça da República / área verde – 2 grupos de cogumelos; 2 tartarugas;1 sardão;
14. Largo José Barbosa – Saloia (coberto);
15.Parque D. Carlos I – Macacos pendurados na “aldeia dos macacos”.
Roteiro gigante das Caldas! nas Donas faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui. A emissão deste episódio, Roteiro gigante das Caldas!, pode ouvir aqui.
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