A tradição dos lanifícios é de vários séculos, em particular na produção de mantas que hoje ainda são famosas, como as de Minde.
O MIAT está instalado na antiga fábrica de tapetes D. Fuas, que anos depois, passou a produzir os tapetes da fábrica Vitória.
A fase seguinte, e que podemos testemunhar na visita, foi a utilização como estrutura de apoio social da fábrica. A conversa que tive com Paulo Shevchuk foi no antigo refeitório.
“Do outro lado era o dormitório destinado a mulheres e crianças que vinham das aldeias à volta. Quando as senhoras iam trabalhar as crianças ficavam no infantário e no berçário” que também fazia parte das instalações.
O Museu tem uma área de cerca de 900 m2 e revela-nos de modo muito interessante outras facetas da produção têxtil para além do apoio social.
Paulo Shevchuk, que nos fez uma visita guiada pelo edifício, adianta que procuram “recriar a área social, com fotografias e alguns objetos que aqui estavam, como, por exemplo, uma cama, como também fazer que os visitantes se apercebam do processo de transformação da lã em tapetes, malhas, fazendas...”
Através de pedaços de lã, da maquinaria ou de instrumentos artesanais, acompanhamos todo o processo de transformação da lã até à oficina de alfaiate.
Muitos destes passos permitem a interatividade do visitante, inclusive em teares de madeira. Como por exemplo num que “tem cerca de 100 anos. Os visitantes podem trabalhar com ele, fazer um pedaço de passadeira. Em especial os mais novos.”
O acervo que foi reunido ao longo de décadas tem ainda fotografias e materiais da antiga fábrica que nos ajudam a imaginar o dia a dia da unidade fabril.
“Uma boa parte da mão de obra era feminina. Como a maior parte dos tapetes eram feitos de modo manual eram as mulheres que faziam. Por exemplo, a parte das tinturarias era mais dedicada aos homens.” Hoje ainda há algumas fábricas em atividade. Mesmo ao lado do museu está a antiga fábrica Vitória.
No entanto, a produção é muito menor porque os têxteis, designadamente tapetes e carpetes, tiveram uma forte concorrência da Ásia e da Índia. “Este vale há cerca de 150 anos era conhecido por fabricar panos grossos, mantas. Era tudo em teares manuais. Não havia indústria.
No início do século XX, com a chegada de luz elétrica e água canalizada, surgiram também as grandes fábricas. Esta foi das primeiras, foi fundada em 1923 e quase conseguiu fazer 100 anos, fechou em 2010.”
É o bisneto do fundado da Fábrica que procura agora dar a conhecer este universo da manufatura e da indústria têxtil. “José Paulo Batista é bisneto dos fundadores desta fábrica e sempre teve o sonho de ter um museu sobre os têxteis.”
José Paulo Batista manteve a traça original do edifício e a coleção de peças que reuniu é muito grande e diversificada. O espaço é ainda aproveitado para exposições temporárias.
Parabéns ao MIAT - Museu Industrial e Artesanal do Têxtil em Mira de Aire faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, tem o apoio do Turismo Cenro Portugal, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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