Nas serras de Aire e Candeeiros temos algumas das mais espetaculares grutas em Portugal, encontramos paisagens áridas, muros reluzentes de pedras arredondadas de calcário, mas a Fórnea
é caso único.

Fórnea
Cascata da Fórnea © C.M. Porto de Mós

De uma forma simples, imagine uma serra onde uma colina, com mais de meio quilómetro de diâmetro, abate cerca de 250 metros de altura. O declive formou um anfiteatro natural com encostas acentuadas.

Fórnea
créditos: andarilho.pt

Temos uma visão de conjunto do alto, em Chão das Pias. Daqui apercebemo-nos da enorme dimensão da Fórnea e de como ganhou uma vegetação densa.

A visita a partir de Alcaria, da parte mais baixa e que funciona como a porta do anfiteatro, leva-nos à descoberta dos recantos.

Fórnea
Cascata da Fórnea © C.M. Porto de Mós

Após uma pequena caminhada deparamos com uma queda de água de pedra e de forma arredondada. Mas temos de escolher bem a data da visita porque o fluxo de água do ribeiro da Fórnea varia muito ao longo do ano.

Fórnea
O declive apenas com um fio de água créditos: andarilho.pt

Tem de chover bem e de forma continuada para se ver a queda de água com pujança, como explica Jorge Figueiredo, responsável pelo património cultural do Município de Porto de Mós:

Fórnea
Cascata da Fórnea © C.M. Porto de Mós créditos: andarilho.pt

“A Fórnea é o ponto onde nascem parte das linhas de água que alimentam a bacia hidrográfica do rio Lena. Depois de chover muito e nos dias de máxima pluviosidade conseguimos ver uma série de cascatas à superfície, mas a maior parte do tempo, basta uma semana ou duas sem chover para deixarmos de ver a água à superfície. Circula tudo em galerias subterrâneas.”

Fórnea
créditos: andarilho.pt

Devido ao maciço calcário a água infiltra-se no solo e, por vezes, conseguimos ver apenas um fio de água a seguir um percurso muito inclinado. Outras vezes não se vê também devido à vegetação.

Fórnea
créditos: andarilho.pt

A alternativa, como testemunha Jorge Figueiredo, temos de subir até meio da encosta, por um caminho que exige algum esforço e entrarmos na gruta da Cova da Velha para vermos a nascente do ribeiro da Fórnea. É designado de rio Alcaide quando chega à vila com o mesmo nome e depois junta-se ao Lena, que nasce noutro ponto, e que é alimentado também pelo mesmo sistema hídrico. Normalmente a gruta tem sempre água mas poderá não estar à superfície. Poderá obrigar-nos a entrar na galeria subterrânea por onde circulam quantidades de água muito importantes.”

Fórnea
Cascata da Fórnea © C.M. Porto de Mós créditos: andarilho.pt

A galeria tem quase 500 metros de extensão. Apesar de não ser visível a água está muito presente e foram as nascentes de água que “esculpiram a Fórnea. Por um fenómeno cársico, de dissolução do calcário.”

Fórnea
créditos: andarilho.pt

O subsolo calcário da Fórnea é um exemplo levado ao extremo do ditado popular de água mole em pedra dura tanto bate até que fura e, no caso, provocou uma depressão com cerca de 1km de diâmetro!

Fórnea
créditos: andarilho.pt

O acesso por Alcaria é através de um caminho de cerca de um quilómetro e quando chegamos perto da Fórnea vemos de imediato o enorme anfiteatro.

Fórnea
créditos: andarilho.pt

Uma silhueta arredondada que esconde a luz e dificulta as fotografias ao final do dia. As formações calcárias surgem desgastadas, em pequenos declives e contrastam com as encostas carregadas de verde escuro. Há vários percursos pedestres e o acesso é fácil.

Fórnea
créditos: andarilho.pt

A Fórnea está inserida no concelho de Porto de Mós e é um dos geossitios mais interessantes do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

É por estes dias que a cascata da Fórnea é mais previsível faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.