O Café Paraíso foi fundado em 1911 e sofreu uma reformulação em 1946. É esse legado que chega aos dias de hoje.
O Café Paraíso também é um legado familiar a que Alexandra Grego Esteves dá continuidade. “Em 1946 o meu avô contratou o arquiteto Francisco Granja do Porto que fez a requalificação que se mantém até aos dias de hoje. Está tudo praticamente igual. Candeeiros, ventoinhas, espelhos, colunas, mobiliário...”
O salão é muito alto, as colunas em mármore levam o nosso olhar para ventoinhas antigas e candeeiros redondos, suspensos, e com luz suave. Parte da iluminação é natural porque a fachada do café é em vidro e muito alta.
Os espelhos colocados nas paredes laterais, vieram de Veneza. Criam um jogo de reflexos que multiplicam as colunas e permitem a observação de quem circula no café.
O mobiliário é marcado por mesas com tampo de mármore e cadeiras metálicas. “As cadeiras são Bauhaus, vieram da Alemanha e duram há 80 anos.”
Alexandra Grego Esteves é a proprietária do café Paraíso que já vai na quarta geração da mesma família.
“Em 1911 o café teve cinco sócios. Depois o meu tio bisavô comprou a parte dos outros sócios. Ficou mais tarde para o meu avô, a minha mãe e eu sou a quarta geração."
Próxima da entrada há uma antiga tabacaria que se mantém, apenas para recordação.
Complementava a atividade do café em 1946. “Também vendia mercearia e tinha a tabacaria para vender jornais, tabaco, giletes, postais... muitas coisas.”
A leitura dos jornais é um ritual que agora alguns cumprem, durante a manhã. “O ambiente do café de manhã é o paraíso, à tarde é o purgatório e à noite o inferno.
O horário do café é das 8.30h às 2h. De manhã é mais calmo, à tarde há mais movimento e à noite é malta jovem que se junta, que vem beber e conversar.”
Alexandra Grego Esteves refere ainda que se mantém a fidelidade de clientes antigos, como também as tertúlias.
“Desde que abriu sempre houve tertúlias e continua a haver. As pessoas vêm aqui para conversar. Havia grupos que vinham regularmente e sentavam-se sempre na mesma mesa. Tertúlias políticas, culturais, artísticas... Não havia qualquer alinhamento ideológico. No entanto, no início, era um café para ricos, para a elite. Agora é para todos.”
A placa à entrada que avisa o direito de admissão hoje tem menos impacto.
Como o café está no centro histórico e a fachada revela a arquitetura modernista, é habitual a entrada de turistas, “principalmente no verão, Natal e Páscoa. Adoram, acham extraordinário ainda existir um café assim, preservado.”
Em algumas paredes estão afixados cartazes a promoverem eventos culturais no Cine-Teatro Paraíso. A sala de espetáculos fica noutra rua de Tomar.
Foi criada em 1924, e é uma iniciativa do tio bisavô de Alexandra Grego Esteves.
Ainda resiste, ao contrário do Club Thomarense que era a coletividade mais antiga de Tomar e encerrou em 2017. Funcionava no primeiro andar do Café Paraíso.
Restam as letras na parede, esbatidas, ao contrário da vitalidade revelada pelo design moderno das letras verdes que anunciam o Café Paraíso.
O café é um Paraíso em Tomar faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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