Localizada em pleno coração da Bairrada vitivinícola, a Curia continua a ser um lugar muito bonito onde a natureza é rainha e as águas com propriedades curativas, descobertas há muito pelos Romanos, o maior destaque.
Mesmo ao pé do Hotel das Termas da Curia e do seu magnífico parque, fica o histórico Curia Palace, uma joia arquitetónica em estilo Art Nouveau, autêntico cenário de cinema e exemplar admirável da hotelaria nacional. O projeto de construção datado de 1926, é do arquiteto Norte Júnior, autor de várias obras emblemáticas, entre as quais se destaca o café a "A Brasileira" do Chiado.
A fachada do Palace chama logo a atenção do visitante. É belíssima e tem detalhes extraordinários.
Entrar neste edifício faz a minha imaginação voar… Sinto-me a embarcar numa viagem até à dourada década de 1920. O enorme átrio com o chão de mármore ainda impressiona, assim como as portas trabalhadas, os vitrais, as madeiras exóticas, o ferro forjado, o antigo elevador, o relógio de parede Paul Garnier (encomendado em Paris de propósito para o hotel), os candeeiros em vidro de Murano e a escadaria que conduz aos andares superiores.
Penso em quantas pessoas terão passado por ali, quantos namoros aquelas paredes terão visto nascer e quantos casamentos ali se terão realizado. Imagino as grandes bandas a tocar e o salão de baile cheio de gente a dançar. O que querem que vos diga? Sou uma romântica incurável.
Nas primeiras décadas de funcionamento, o hotel oferecia serviços que permitiam longas estadias, como estação de correios e telégrafo, consultório médico, bazar, cabeleireiro e barbearia, salão de jogos e salão de festas. Quando a ocupações estavam no máximo, este espaço devia ser bastante animado.
Agora, por contraste, e em virtude da pandemia (penso eu), parecia deserto. Para o almoço, no enorme restaurante "Belle Époque", por exemplo, para além da minha, só mais uma mesa estava ocupada. O SPA, que foi integrado na remodelação de 2008, também estava encerrado, o que foi uma pena pois estava com esperança de usufruir das massagens e da sua maravilhosa piscina de jatos interior, do jacuzzi e de outros equipamentos como o banho japonês, a sauna ou o banho turco.
Um passeio pelos jardins encheu-me de sentimentos contraditórios. Se a parte da frente está muito bem conservada e emoldura o hotel como um cartão postal, outras áreas, como a Garagem do Palace, estão degradadas e inspiram mais histórias de terror do que românticas. É uma pena ver património importante a perder-se assim…
A capela dedicada a Nossa Senhora do Livramento, apesar de fechada, pareceu-me estar em boas condições. Já a piscina olímpica exterior e os campos de ténis que no passado foram palco de tantas competições desportivas mereciam maior atenção e cuidado.
Em todo o caso foi muito bom voltar à Curia, passear pela Avenida dos Plátanos, rever os bonitos jardins e aproveitar a proximidade com a Mealhada para comer o famoso leitão assado e conhecer melhor a região vitivinícola da Bairrada com uma visita às caves Aliança.
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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World
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