O aparelho é muito antigo e permitia aos clientes do café ouvir noticias e a evolução da Segunda Guerra Mundial, contada pela BBC e Fernando Pessa.

Café Nicola da Lourinhã
Rádio do café Nicola no Museu da Lourinhã créditos: andarilho.pt

O hábito de ir ao café para ouvir rádio continuou por muitos anos e com novos temas: “as pessoas vinham ouvir os relatos de futebol”.

Inocêncio Costa é o atual proprietário do Café Nicola e não tem a certeza da data da fundação do café.

Café Nicola da Lourinhã
créditos: andarilho.pt

“Com base em testemunhos de pessoas mais antigas, da filha do fundador desta casa e de informação que recolhi, como estabelecimento comercial, taberna e depois café, deve ter entre 140 a 150 anos, que é a data do prédio.”

Café Nicola da Lourinhã
créditos: andarilho.pt

Um terço da idade do café foi com a presença de Inocêncio Costa. “Estou aqui há 52 anos. Comecei aos 12 anos como empregado. Aos 21 fiquei com metade da quota e em 2003 comprei a outra metade.”

Durante muitos anos, o trabalho era de manhã até madrugada.

Café Nicola da Lourinhã
créditos: andarilho.pt

“Na altura em que vim para aqui era só café. Era muito conhecido pelas bifanas. Numa manhã era capaz de vender 50 bolos. À tarde eram as bifanas e pipis. À noite era a única casa na Lourinhã que fechava às 2h da manhã ou ainda mais tarde. Naquela altura quase toda a juventude da Lourinhã e arredores frequentava o Nicola.”

Hoje o ambiente é diferente. Continua a ser um pequeno salão, tem uma esplanada coberta que esconde a fachada e passou a ser também restaurante.

Café Nicola da Lourinhã
créditos: andarilho.pt

No historial das tristezas do café e de Inocêncio Costa está um incêndio que lhe destruiu a reconstituição do espaço com a decoração tal como estava na fase inicial.

Ficaram apenas algumas memórias e poucos elementos originais. “Restam a fachada e as portas porque tive o azar do incêndio e depois já não pude gastar muito mais. Mesmo assim, no interior, tentei imitar o antigo.”

Café Nicola da Lourinhã
créditos: andarilho.pt

A imitação tenta preservar a decoração e tons clássicos, recriar o ambiente de café onde lenta e calmamente se podia ler o jornal.

“Fui cliente todos os dias do Diário de Notícias e de um jornal desportivo. Na altura em que o café fechava à noite ainda comprava A Capital. Agora tenho o Correio da Manhã que é o que os clientes pedem. Tenho um cliente que vem todos os dias de manhã e é ele que passa pelo quiosque dos jornais às 8h e que o traz para o café.”

Café Nicola da Lourinhã
Objectos do café Nicola no Museu da Lourinhã créditos: andarilho.pt

O mundo mudou, no entanto, a conversa de café continua a ser a guerra e a tertúlia é aberta, alarga-se até à esplanada e a aquém passa. “Era a rua principal da Lourinhã.

Café Nicola da Lourinhã
créditos: andarilho.pt

Chamava-se a rua grande da Lourinhã. Muitos estabelecimentos já fecharam. O Nicola mantém-se e eu gostava muito que não fosse modificado noutro género de casa comercial. Que continue como café. Assim espero enquanto eu cá estiver.”

Café Nicola da Lourinhã, das bifanas e pipis faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

O mundo inteiro no seu email!

Subscreva a newsletter do SAPO Viagens.

Viaje sem sair do lugar.

Ative as notificações do SAPO Viagens.

Todas as viagens, sem falhar uma estação.

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOviagens nas suas publicações.