O percurso a pé é breve. Deixamos para trás o pólo da Mitra da Universidade de Évora e andamos entre sobreiros.

Valverde
Anta do Zambujeiro créditos: andarilho.pt

Pouco depois, no alto de uma pequena encosta encontramos um conjunto de enormes pedras que formam a Anta Grande do Zambujeiro.

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Mário Carvalho, arqueólogo e que faz visitas guiadas, relata que “as pessoas que costumam visitar este tipo de património ficam surpreendidas pela dimensão e, por outro lado, pelo estado de abandono”.

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Mário Carvalho salienta que ainda que a anta “não é como um castelo ou uma igreja. As pessoas têm mais dificuldade em interpretar este tipo de património de uma forma imediata” e, por isso, o prazer da descoberta do lugar “está muito relacionado com a informação que o visitante recebe e, naturalmente, numa visita guiada fica mais satisfeito”.

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De facto, quem tem poucos conhecimentos sobre este tipo de monumentos megalíticos ficará impressionado mais pela monumentalidade. O acompanhamento de um guia e arqueólogo, ajuda-nos a perceber melhor alguns detalhes, como por exemplo que “é um monumento funerário de enterramento coletivo".

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"Tem uma grande câmara circular, com um corredor alongado e orientado para os equinócios. Pensa-se que cumprisse essencialmente a função de cemitério colectivo.” A Anta Grande do Zambujeiro “é um monumento do neolítico final, contemporâneo, por exemplo, das pirâmides do Egipto”.

Está classificada como Monumento Nacional e é uma das marcas mais antigas na passagem do homem pela serra de Monfurado.

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Anta do Zambujeiro créditos: andarilho.pt

Deparamo-nos com um corredor de 12 metros de comprimento, delimitado por pedras com dois metros de altura. Segue-se uma câmara com quase oito metros de altura que ainda mantém sete esteiros. “Ela é, na verdade, a mais alta do mundo. Existem algumas que são maiores em área, como em Espanha, mas a Anta Grande do Zambujeiro é excepcional. Infelizmente, está num estado de abandono total, em pré-ruína”.

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Anta do Zambujeiro créditos: andarilho.pt

A anta está protegida da chuva com uma cobertura metálica muito velha e, comparando com a visita que fiz há três anos, regista-se uma degradação acentuada. Podemos, no entanto, circular em volta, espreitar para o interior da câmara, que é muito alta, onde eram enterrados os corpos. O olhar segue depois para o corredor em direção aos equinócios.

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A função espiritual e religiosa da anta é debatida pelos arqueólogos, mas há apenas pistas. “Conseguimos compreender a sua função prática mas é muito difícil compreender a sua função simbólica. A orientação astronómica do corredor terá certamente um significado. A ideia do renascimento, da vida após a morte, costuma estar presente em quase todas as interpretações arqueológicas. Na verdade, até existe comparação entre a anta e o útero feminino e o canal de saída. Existe esta interpretação, como dizer, mais freudiana da estrutura".

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Anta do Zambujeiro créditos: andarilho.pt

A arqueologia e outros estudos efetuados na Anta Grande do Zambujeiro continuam com muitos enigmas. A Anta foi descoberta em 1965. Na entrevista ao arqueólogo Henrique Leonor Pina percebe-se melhor o contexto da descoberta e dos trabalhos realizados. Os objectos descobertos nos trabalhos arqueológicos estão no Museu de Évora.

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Anta Grande do Zambujeiro - alguém se importa de evitar a queda da anta mais alta do mundo!  faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.