É uma pequena povoação, rodeada de água, que se alonga por uma língua de terra.
Termina num pequeno monte com uma azinheira e um banco colocado à sombra. Contemplativo. “É a aldeia ribeirinha melhor situada no Alqueva. É uma península”, descreve José Flores, o dono do café da aldeia da Estrela.
Falei com ele no outono, num pequeno salão do estabelecimento onde três homens jogavam dominó. “Moramos aqui cerca de 50 pessoas. Há dias que faço aqui 5 a 10 euros. No Verão é que é bom. Turistas, barcos... e uma bonita praia fluvial”
A temperatura mais amena devido à barragem e, em particular, a paisagem dominada pelo lago com pequenas ilhotas, torna a Estrela sedutora. “A maior parte dos forasteiros são estrangeiros. Holandeses, ingleses, franceses...
Toda a gente quer comprar casas aqui na aldeia, mas agora está tudo vendido. Não há ninguém, mas está tudo vendido. Muitos vêm apenas no verão passar umas semanas de férias.” Um passeio nas ruas, nesta época do ano, comprova o testemunho de José Flores.
O largo principal é o da igreja que remonta ao século XVI. Na torre sineira destaca-se um ninho de cegonha. Por um caminho mais estreito vamos dar ao extremo da península. Uma azinheira no alto do pequeno monte oferece sombra para um parque de merendas e um magnifico miradouro do lago.
A água da albufeira enche o horizonte pautado por ilhotas. Antes da construção da barragem e do fecho das comportas, em 2002, a paisagem era bem diferente. A planície alentejana com cereais e o montado variavam de cor ao longo do ano.
Conforme refere Úrsula Jacinto, numa tese de mestrado, intitulada Aldeia da Estrela: adaptação à nova condição outra diferença para a comunidade local foi a economia de subsistência baseada em pequenas hortas que praticamente acabaram.
Da rua e das janelas das casas a água está sempre presente e relativamente próximo. Diz José Flores que “antes da barragem moravam aqui cerca de 200 pessoas.
Depois do Alqueva, gradualmente, o pessoal começou a ir embora. Faltava trabalho. Era tudo terrenos agrícolas, os mais idosos tinham pedaços de terra, gado...
A malta mais nova foi embora, como eu, que regressei há 6 meses. Para uma pessoa que vem de fora isto está bonito e, de facto, está, mas para nós não diz nada.”
A Aldeia da Estrela situava-se próximo do rio Guadiana e agora está envolvida por água. A beleza que desperta nos olhos dos visitantes, ainda é estranheza na vivência local.
A Estrela do Alqueva faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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