A viagem começou em Peso da Régua, em pleno Douro vinhateiro e Património Mundial da Humanidade e, durante uma semana, atravessaram o distrito de Vila Real até à fronteira com Espanha, na zona de Chaves.

Em 2020 querem fazer a parte da Galiza até ao destino final: Santiago de Compostela.

É um caminho de descoberta. Mais do que a fé, o que os move é a vontade de explorar o Interior de Portugal, as suas pequenas aldeias, vilas, cidades e conhecer as suas gentes.

“Este caminho tem um grande potencial, só que falta um pouco mais de cuidado”, disse à agência Lusa Marco Duarte, um músico de 24 anos que trabalha também em produção cultural em Barcelos.

Marco e Pedro já percorreram o Caminho Central que passa pelo Minho.

À descoberta do Caminho de Santiago que atravessa o Interior de Portugal
créditos: LUSA

Este ano, enquanto os colegas foram para o festival de Paredes de Coura, os dois amigos meteram a mochila às costas, com comida, roupa e tudo o resto que precisaram para viajarem de forma autónoma. “Somos umas tartarugas, trazemos a casa às costas”, brincou Marco Duarte.

Percorreram vinhas carregadas de uvas apetecíveis, caminharam junto a escarpas do rio Corgo e percorreram troços difíceis, de montanha e de muitos desníveis.

“O Douro vinhateiro é um postal completamente à parte em Portugal”, afirmou Pedro Costa, de 23 anos e jornalista no Jornal de Barcelos.

Não se cruzaram com peregrinos e ficaram sozinhos nos albergues, onde as hospedeiras lhes entregaram as chaves antes de perguntarem se precisavam se alguma coisa. Em Bertelo, Santa Marta de Penaguião, receberam fruta fresca, cereais, bolachas e café, e em Parada, Vila Pouca de Aguiar, um pacote de leite. Estes dois albergues deram uma vida novas a antigas escolas primárias.

À descoberta do Caminho de Santiago que atravessa o Interior de Portugal
créditos: LUSA

Depois da paragem em Parada, o regresso ao percurso é acompanhado pela agência Lusa. A primeira etapa, que liga à vila sede de concelho, é uma longa reta e neste trajeto são acompanhados por um cão de médio porte, pelo farto castanho claro e olhar meigo. Parece contente por ter companhia, mas mais à frente junta-se a três mulheres que fazem um passeio matinal pela ciclovia.

Já à saída da vila, um automobilista para o carro e pergunta se são peregrinos. “Tenham cuidado à frente que há lama no caminho, desviem-se”, aconselhou e seguiu viagem.

A paisagem e a simpatia das gentes são, na opinião dos jovens, os “pontos fortes” do Caminho Interior. Esta via de peregrinação começa em Viseu e segue por Castro Daire, Lamego, Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, percorrendo 205 quilómetros e entrando em Espanha por Verín.

À descoberta do Caminho de Santiago que atravessa o Interior de Portugal
créditos: LUSA

“A sinalização é mesmo o calcanhar de Aquiles deste Caminho”, considerou Pedro Costa.

Marco acrescentou que seria “muito difícil” fazer o percurso “sem GPS” porque “falta sinalização” em algumas etapas, principalmente na zona do Douro. A vegetação também está por limpar em alguns troços e até se depararam com “árvores caídas” no meio do caminho, o que obrigou a um desvio da rota.

Pedro Costa elencou ainda a falta de albergues em algumas etapas, como a de Vila Real, onde tiveram de pernoitar numa pensão.

Em Vidago, a experiência foi diferente e, pela primeira vez, estes peregrinos dormiram num quartel de bombeiros. O percurso, por este ano, terminou em Vilarelho da Raia, na fronteira, num dia de festa de aldeia.

Talvez por não estar massificado, o acolhimento ao longo do Caminho Interior é “mais intimista”, uma vantagem que Pedro acha que se pode perder se aumentar a afluência.

À descoberta do Caminho de Santiago que atravessa o Interior de Portugal
créditos: LUSA

Em maio, foi anunciado que os oito municípios atravessados pelo Caminho Português Interior de Santiago vão aplicar cerca de meio milhão de euros precisamente na melhoria da sinalética, em albergues, em seminários e 'workshops' que promovam esta via de peregrinação.

No Caminho Central, os jovens contaram que encontraram um percurso “melhor sinalizado”, com uma grande rede de albergues, alguns já criados pela iniciativa privada e muitos peregrinos de várias nacionalidades e com diferentes motivações.

Os Caminhos de Santiago, que atravessam Portugal de Sul para Norte, são seguidos pelos peregrinos há séculos e têm como destino a Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha.

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