É o caso do Bandis Isibraia, uma divindade pré-romana que “domina o reino celeste”, “o deus do panteão lusitano calaico correspondente ao Zeus grego e ao Júpiter romano”, escreve Jorge de Alarcão, em A religião de lusitanos e calaicos.
É uma divindade que tem referências em vários pontos da Lusitânia mas, neste caso, distingue-o dos restantes porque Isibraia significa que era um culto deste povo, talvez Isibraio ou relacionado com Egitânia, a atual Idanha-a-velha.
Há duas aras dedicadas a Bandis Isibraia no Núcleo Museológico da Bemposta que funciona na Capela de S. Sebastião.
Além das aras, o acervo reúne ainda um conjunto significativo de Estelas.
O Núcleo Museológico da Bemposta pode ser visitado e justifca-se um passeio um pouco mais longo porque a aldeia tem um riquíssimo património histórico e estão a ser descobertos outros sítios arqueológicos, designadamente três vilas romanas.
Uma das zonas mais bem preservadas é o largo do Pelourinho que é encimado por um chapéu.
Nesta área está ainda a torre de menagem do castelo que foi “reconstruído” na Idade Média, conforme diz António Luís de Sousa, presidente da Associação Cultural da Bemposta, porque se tratou de um reaproveitamento das pedras romanas.
A Capela do Espírito Santo é outro edifício relevante, como também a antiga sede do município, um conjunto muito bem preservado. Parte da grade da prisão ainda é a original. A casa é propriedade privada.
Em 1963, quando da construção da nova ponte da estrada para o Pedrógão, o construtor quis demolir a ponte romana. Foram as mulheres da aldeia que o impediram. Quando souberam que a ponte milenar estava a ser demolida foram até lá, sentaram-se em cima da passagem e conseguiram evitar que as pedras romanas fossem para a construção de uma casa em Penamacor.
Desta ponte romana resta ainda um arco e parte de outro. Foi aprovado um orçamento para a reconstrução da ponte, no valor de 25 contos, mas nada se fez e o que as mulheres da Bemposta conseguiram salvar é o que resta.
A ponte passa sobre a Ribeira das Taliscas e integrava uma via romana que fazia a ligação Mérida, Egitânia, Medelim, Bemposta, Pedrógão... até Viseu.
Devido a esta localização, e até depois da Idade Média, a Bemposta desempenhou um papel importante nesta região e chegou a ser sede de município, entre 1510 e 1836.
Foi também residência de uma grande comunidade judaica.
Na Bemposta, há muitas casas e altares judaicos. Uns dentro de casa, outros no exterior e que a população usa agora como bancos de pedra à porta de casa.
Já são poucos os habitantes. A população residente, envelhecida, no Censos de 2011 era de pouco mais de uma centena de pessoas.
Por outro lado, se a Bemposta teve um papel muito importante porque se encontrava numa das principais vias romanas, nas últimas décadas a aldeia passou para um plano absolutamente periférico em termos de rodovias.
Para se aceder ao interior de alguns destes edifícios o indicado é contactar o Posto de Turismo de Penamacor. Na página do Facebook “Aldeia da Bemposta” também pode encontrar mais informação.
A Bemposta do Bandis Isibraia faz parte do podcast semanal da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, A Bemposta do Bandis Isibraia pode ouvir aqui.
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