Quem me segue nas redes sociais já percebeu que tenho uma paixão por esta montanha e o objetivo era simples: subir, ver o pôr do sol, dormir e ver o nascer do sol. Dito assim parece algo bastante fácil e até, efetivamente, não foi tão difícil quanto estava à espera.
Para mim, e para alguns dos meus amigos picarotos, a montanha do Pico serve de inspiração. Por exemplo, o Miguel vê a montanha da cama e tira-lhe fotos todos os dias porque “está sempre diferente”.
Escolhi o Manuel Goulart da Pico Me Up para me guiar e ajudar nesta aventura, com um grupo em que fazia parte, entre outros, a minha irmã mais nova, sendo que isto ainda deu um gosto mais especial.
Podia ter subido sem guia, é verdade, mas, umas semanas antes, apercebi-me que não era a melhor opção porque tive uma tentativa frustrada devido a uma repentina alteração meteorológica em que deixei simplesmente de ver os marcos que ajudam a subida e a descida.
Por mais fácil que possa parecer, tenho-vos a dizer que não é a escalada mais fácil do mundo.
É dura, perigosa a certo ponto, mas faz-se, e faz-se com vontade porque, a cada metro que subimos, a paisagem vai-se alterando cada vez mais, o que para mim é impressionante, e as vistas mudam e melhoram. A cada metro eu achava que tinha feito já uma boa foto.
Ainda hoje não consigo colocar em palavras o que senti quando dei o passo final de acesso à cratera daquela montanha, o ambiente é inóspito, mas belo!
Vi um dos pores do sol mais bonitos da minha vida, ou, se calhar ainda estava apenas só feliz por finalmente ter subido uma das paisagens que mais gosto em todo o mundo.
Subindo em três horas e qualquer coisa, depois de montarmos as tendas, jantamos, na cratera, envoltos num silêncio que me enchia a alma. De novo, não sei se pela excitação ou não, dormi muito pouco porque queria absorver toda a energia daquelas horas, acordando muito antes do combinado para o último passo da nossa aventura: a subida ao Piquinho para ver o nascer do sol!
São “apenas” mais 70 metros, numa subida íngreme e aquecida pelos vapores do vulcão que são expelidos por fendas no Piquinho, aquecendo a subida que tem de ser feita usando as mãos também.
A excitação de estar no ponto mais alto de Portugal foi tanta que parei de fotografar e apenas apreciei o momento de cumprir um dos meus objetivos como fotógrafo e pessoa. Senti-me como se pertencesse àquela montanha, como se fizesse todo o sentido estar ali naquele lugar tão especial para mim. Senti-me um verdadeiro açoriano naquele momento, principalmente, por estar no topo da minha montanha preferida.
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