A Jordânia é um país pequeno e relativamente pobre. Penso que é o único país do médio oriente que não tem petróleo. Mas nestas coisas a natureza é generosa e sabe o que faz, e o que não dá em riquezas subterrâneas dá em dobro nas riquezas à superfície. Por isso, como vão ouvir em todo o lado, Ahlan wa Sahlan ("Olá e bem-vindos") ao nosso primeiro artigo sobre a Jordânia.

Wadi Rum

Wadi Rum é o deserto sublimado. É efetivamente um deserto mas tem áreas rochosas, tem canyons, cascatas, siqs, tribos nómadas, arcos em pedra e camelos. Parece um deserto mas por vezes não se parece com nada. Wadi Rum é o mais perto de Marte que se consegue ir no planeta a que chamamos casa. Não admira que tenha sido palco de filmes como Mission to Mars, Red Planet, The Last Days on Mars ou The Martian.

A maior parte das pessoas visita o deserto de Wadi Rum durante algumas horas numa day trip desde Aqaba ou a caminho de Petra. Se puderem, fiquem pelo menos uma noite no deserto. E se puderem mesmo, fiquem duas.

Dormir no deserto numa tenda tradicional beduína ou num dos novos acampamentos de luxo é uma experiência difícil de conseguir em mais algum lado. Não é mito, no deserto, a quantidade de estrelas e a ausência de som são inversamente proporcionais.

Mas a melhor forma de usufruírem de Wadi Rum é contratarem um dos beduínos que fazem tours de 4x4. Não só pela experiência alucinante que é um beduíno a conduzir, começam a conduzir com 6 anos de idade e tratam a areia como se fosse alcatrão, mas porque é a única forma de ir a zonas mais remotas.

Na entrada da zona restrita do deserto encontram muitos guias e o preço para um dia inteiro é de cerca 80 JD. Outra possibilidade é pedirem ao vosso acampamento para vos arranjar alguém e negociarem o preço consoante as horas ou dias que vão necessitar.

Para tudo é preciso ter sorte e nós tivemos a sorte de ter como anfitrião o Abu Tarek. Abu Tarek quer dizer o pai de Tarek. Os beduínos, assim que se tornam pais, recebem o nome do filho com a palavra pai atrás. E o filho mais velho do Abu Tarek chama-se… Tarek.

O Tarek, para o Magno, será sempre o beduíno sorridente que o ensinou a atar o keffiyeh, o tradicional pano aos quadradinhos tradicional da Jordânia. E quem o ensinou a acender fogueiras com o pouco combustível que o deserto dá. A encontrar a cassiopeia na noite estrelada e como contar com os dedos no horizonte o tempo que falta para o sol se pôr.

Para mim será sempre o guru do café. Só se sabe que não se sabe fazer café depois de ver um beduíno a fazê-lo. Ao cair no copo, o café tem de estar tão quente que seja impossível bebê-lo de um só trago (menos quente do que isso significa que o anfitrião não se esforçou o suficiente). Aliás, dita a etiqueta jordana, que não se sopra o café para arrefecer. Vai-se rodando o copo com a mão direita até estar a uma boa temperatura e bebe-se em 3 goles. Nem mais goles nem menos. Depois, se já não se quer mais café, abana-se o copo para trás e para frente, se se quiser mais levanta-se o copo ao alto. Depois disto, colocar cápsulas em máquinas de café perdeu definitivamente a graça…

Informações úteis:

- Os portugueses podem pedir visto à chegada ao aeroporto. Para quem chegar por terra, como nós, pela fronteira Wadi Araba/ Yitzhak Rabin, pode também pedir visto à chegada. Vão encontrar muita informação desatualizada a dizer que não emitem vistos nesta fronteira mas já há dois anos que voltaram a emitir vistos.

- Optámos por alugar carro em Aqaba na Avis e foi a melhor decisão. Para quem optar por utilizar transportes públicos, por exemplo, os serviços de autocarro da JETT são uma boa opção.

- Há caixas ATM em abundância no país com exceção da zona de Wadi Rum. Não sigam para aquela zona sem terem levantado dinheiro. Só há uma caixa ATM e está quase sempre avariada.

- Pode compensar comprar o Jordan Pass. Os preços vão dos 70 aos 80 JD, dá acesso gratuito a 40 atrações na Jordânia e ao não pagamento do visto caso fiquem no país pelo menos 3 noites/ 4 dias.

- Há inúmeros acampamentos beduínos onde dormir no deserto e por isso não é fácil escolher. Há desde os mais tradicionais com as tendas com riscas pretas e brancas a acampamentos luxuosos. Nós optámos pelo Sun City Camp e gostámos.

- É proibido entrar com drones na Jordânia. Em teoria é possível pedir autorização à Força Aérea e ao Ministério do Interior (os dois têm de dar autorização) mas na prática apenas a Força Aérea responde. Se forem apanhados a transportar um drone ilegalmente ficam sem ele. No nosso caso pedimos à polícia israelita na fronteira Yitzhak Rabin que o guardasse até ao nosso regresso.

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