Viagens com aroma e cheiro: dicas de jardins sensoriais (Portugal incluído)
créditos: Sandra Figueiredo

Não basta chamar-se ‘jardim sensorial’. Tem de o ser efetivamente: um jardim que desperta os sentidos tem de ativar psicologicamente as pessoas que nele passeiam. É uma verdadeira sessão terapêutica e nada longe da corrente da arte-terapia.

Então quando decidir viajar para procurar jardins sensoriais ou, simplesmente, se estiver a viajar e encontrar um jardim que se denomina sensorial… verifique se esse jardim é um dos seguintes:

- No Four Seasons Resort de Chiang Mai, na Tailândia, encontra uma área selvática (pura!) preparada para estimular os seus cinco (ou seis) sentidos!

- The Pioneer Court Community Garden, na Austrália, desde cedo é uma referência como jardim sensorial muito focada nas plantas;

- Parque de los sentidos, em Noian, Espanha – este Jardim sensorial arrecadou já um prémio das Nações Unidas no contexto da sustentabilidade;

- Masu Planning, em Copenhaga, Dinamarca - neste jardim terá acesso a sessões cuidadosamente preparadas para terapia, se quiser;

- Jardim sensorial recentemente inserido no Parque da Inovação, no Jaraguá do Sul, no Brasil;

- Jardim sensorial da ZenSenses em Mangualde, Portugal - ganhou prémio!

- Jardim sensorial que encontra no Jardim Botânico de Lisboa, Portugal. De pés desnudos interage diretamente com a terra e com as plantas. Sem medos. Se preferir não se descalçar, aprecie os animais, sobretudo os pássaros. Foque-se no som, não no que vê. Isole o som de animais ou do movimento das plantas e vai entrar numa dimensão que se parece com a meditação de nível avançado. Atenção, não precisa saber meditar!

E poderia eu acrescentar que, em Costa Rica, tem uma forma natural de ativar todos os sentidos (mas bem calçado e nutrido de garrafas de água na mochila): a Floresta de Corcovado que é a maior do Mundo em termos de biodiversidade. Como? Tive uma experiência ‘life-time’, em Puerto Jimenez, ao escutar cada som, cada movimento inusitado, ao apreciar a textura de árvores e plantas que nunca vira, ao sentir cheiros que desconhecia, sobretudo com a mistura contínua da humidade da terra e de todas as árvores que pareciam transpirar vida a cada um dos nossos passos. Nessa mistura, o som do oceano pacífico a metros do meu lado esquerdo com a água a salpicar durante toda a trilha. Mesmo quando eu não conseguia ver o mar nas partes cerradas de arvoredo e animais. Seguro, perfeito, saudável. Não é por acaso que ali o cumprimento diário é  ‘Pura Vida’.

Outro jardim que considero que respeita os critérios sensoriais está em Singapura. Aliás são um complexo de jardins luminescentes. Enormes, frondosos, com plantas e árvores curvilíneas e coloridas. Mudando de cor a cada momento, com caminhos que encantam crianças e adultos. Junte isto ao clima húmido e quente de Singapura. Posso comprovar, por experiência, que é um jardim imperdível. E muito acessível.

E sabia que há agora os espaços sensoriais chamados forest schools, mas que são uma espécie de escolas ao ar livre para que as crianças tenham poucas horas de aulas em sala fechada, privilegiando o contacto com a natureza (de forma livre). Merece ser testado.

Sobre um dos jardins, entrevistei a @julianaponntes sobre o jardim sensorial em Três Rios do Sul, Jaraguá do Sul. Ela conta que “o jardim sensorial está inserido no Parque da Inovação onde “é ideal para relaxar, sozinho ou com a família, levar as crianças para um passeio, ou até mesmo se exercitar caminhando ou pedalando. Seus 55 mil metros quadrados estão divididos entre áreas de lazer, cultura e esporte, em meio à natureza exuberante.”

Como estimular os sentidos?

“No jardim é possível sentir o agradável aroma de mais de quarenta tipos diferentes de ervas, saborear temperos caseiros e ainda plantas medicinais. Com os pés descalços, as pessoas poderão sentir, também, diferentes sensações ao pisar nas pedras, madeiras, areia e cascalhos que compõem o caminho.”

É que cheirar e quase provar manjericão ou hortelã… é completamente terapêutico. Uma viagem de meditação. Esse jardim tem até um ‘bosque do descanso” e o “caminho das flores”. Não soa bem a viagem, assim?

É útil perceber que jardim sensorial não significa apenas plantas, daí que a Juliana conta que existem “estruturas como uma parede de escalada para crianças e adolescentes, e uma área para estender o slackline.” Conhece o slackline? Pense num ’fio’ estreito através do qual poderá tentar andar. De forma quase circense, mas inventiva.

E é importante também saber que não ficará sem recursos básicos, nem fora das dicas instagramáveis, digamos,

“O parque disponibiliza água potável em bebedouros espalhados em diversos pontos e existem banheiros acessíveis. Também foi disponibilizada rede Wifi em toda a estrutura, mas o convite é para deixar o celular de lado. E minha opinião? Tem a vibe daqueles parques de arte em Amsterdã todo Instagramável cheio de lugares pensados pra fazer um lindo registro! E o caminho mostra toda a criatividade dos artistas que usaram técnicas diferentes para expressar sentimentos e emoções, fazendo da arte um agente multiplicador e transformador!”

E sabe o que encurta a sua viagem ainda mais? Vá até à varanda (ou terraço, ou quintal) e aumente a sua visão, tato, paladar, audição e olfato… criando um pequeno jardim com plantas em vasos. Elas devem estar alinhadas verticalmente e apelarem a texturas e cheiros diferentes. Acrescente diferentes luzes e cores diferenciadas. Depois embarque na viagem sem sair de casa. O poder da mente é seu.