Visitar a Toscana foi cumprir um dos mais antigos sonhos de viajante e, embora tivéssemos planeado esta viagem com grande ilusão, semanas antes de partir começamos a achar que talvez não fôssemos gostar assim tanto como esperávamos.
Começamos a achar que talvez Florença não fosse assim tão bonita e que talvez dez dias a percorrer a Toscana se tornassem numa aborrecida repetição de paisagens.
Não nos perguntem porquê, talvez devido ao cansaço das rotina diária, mas os dois partimos daqui assim, com o pé atrás e as expetativas em decrescente.
O que aconteceu depois foi uma grande bofetada de luva branca daquela que é uma das regiões mais interessantes e peculiares de Itália. Aliás, se não fosse a língua e a gastronomia, seria difícil perceber que estamos em Itália.
Quem já visitou Itália sabe que se há algo que caracteriza o país é a desorganização, confusão e o ruído. No entanto, na Toscana os únicos ruídos que irão ouvir são o das abelhas nos girassóis e o de mais uma garrafa de vinho a ser aberta. Tranquilidade é a palavra de ordem e podemos garantir-vos que não vimos nem ouvimos uma única pessoa a gritar e gesticular qual italiano vero.
Quanto à desorganização e confusão, acho que por lá as pessoas nem sabem o que isso é. Não houve uma única vila em que não tivéssemos ficado impressionados com a limpeza, cuidado e carinho com que estava tratada, numa espécie de esforço sem esforço para preservar o património arquitetónico e as tradições.
Se pensarmos que estamos a falar de lugares com mais de 500 anos de história, podem perceber que isto foi quase como uma viagem no tempo. Era tudo tão diferente do nosso quotidiano (o horizonte era um campo infinito para onde quer que olhássemos) que uma das coisas que mais comentávamos era que parecia que tínhamos entrado numa dimensão diferente.
O comércio é quase exclusivamente local e o que se vende são os produtos da região. Ficam surpreendidos se vos dissermos que não vimos uma única Zara em duas semanas de férias? A Toscana é assim surpreendente.
Foi uma espécie de paixão que se transformou em amor. Florença, por onde começamos, fez-nos querer mais e Siena, a última grande paragem, deixou-nos completamente rendidos, mas seria injusto falarmos apenas destas duas.
Foram dez dias na estrada com uma bebé de ano e meio, um Kia e muita vontade de absorver tudo o que a Toscana tem para oferecer.
Ficaram boas memórias, lições para as próximas viagens com um bebé, fotografias incríveis e a certeza de que a Toscana é única e intemporal.
Esperem pelo roteiro, vai valer a pena.
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