Numa viagem incauta a Bali, instigada pelo sonho de ser artista, uma pintora holandesa, Sophia Anastasia não contava apaixonar-se pelo afamado diretor e produtor cinematográfico Lorne Blair, em Ubud. Muito menos ter uma filha ali e ter de voltar sem nada.
Uma história de amor nada ficcional. Blair, o britânico que foi viver para Ubud e Sophia, a pintora de Utrecht, ainda em aprendizagem. Só depois de percorrer Kuta, depois de ir enveredando pelas técnicas de pintura balinesa, depois de observar as paisagens e se entregar à meditação… Sophia chegou a Ubud onde encontrou Blair. Ele faleceu poucos anos depois, mas ela conta como foi valioso o tempo que viveu com ele e desse amor nasceu uma filha.
Ele teve pouco tempo para poder ver crescer sequer a sua filha. Isto causou-lhe dor, mas algo maior restava: durante a vivência de Sophia com Blair, muitas amizades também ali cresceram à sua volta. Sobretudo amigos próximos do famoso Blair. E após o falecimento dele, Sophia Anastasia conta como foi difícil lidar com a perda, por outro lado é grata e escreve sobre a forma como a sua filha e ela foram apoiadas pelos amigos, incluindo com alojamento gratuito. Ela manteve a sua arte em expansão e foi mesmo ‘apadrinhada’ pelos amigos com vários tipos de ajuda, sobretudo a filha. A filha de Blair! Como não tinham casado e nem sequer a paixão os levou a pensar nisso, a realidade das coisas é dura: não tinha direito a nada dele e foi difícil continuar a viver dos padrinhos e madrinhas em Ubud. As condições de residência e vistos complicaram-se e voltou à Holanda. Aí, no lado ocidental, continua, até hoje, o seu projeto artístico. Sempre procurando novas formas de pintar e de mostrar as cores e o amor do Mundo Oriental que ela aprendeu em Bali. Com Blair no coração, com a filha ao lado dela.
Em todas as zonas do globo a desigualdade é mortiça, mas sentimo-la de forma aguda nos países subdesenvolvidos em material, mas ‘ultradesenvolvidos’ em espiritualidade. O caso de Bali. O caso de São Tomé e Príncipe em que Issa (@custodio.ica), o português que apadrinhou uma criança e fez o seu parto, assistido por uma enfermeira também portuguesa (releiam o artigo sobre o ‘presépio’ com o Grande Viajante Português Custódio Issa). Assim espero que muitos de nós possamos apoiar ou mesmo nos tornar padrinhos de crianças carenciadas… ou sentir a paixão desta forma. A história de Sophia impressionou-me. Veja mais no site, inspire-se e agarre o mundo antes que a pandemia esmoreça os seus sentidos. A COVID-19 esfuma paladar e olfato, mas aumenta amor em quem de facto tem caráter.
As viagens da holandesa Sophia são sem dúvida marcadas por Bali, pelo amor e pela sua filha. Não há histórias destas apenas nas vidas rosa de Hollywood (estrelas que adotam ou apadrinham crianças do sudeste asiático), elas estão aqui, hoje.
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