Num dos reptos que vêm sendo habituais no meu instagram, sobre histórias de viagens, uma delas prendeu a minha atenção e investiguei a fundo. Tentei separar a veia romântica da minha técnica diária de cientista e percebi que não tinha de separar nada, juntei tudo e encontrei histórias maravilhosas com factos documentados sobre padrinhos e madrinhas. Histórias de amor distintas em Bali e das quais nasceram ‘filhos’ e padrinhos. Quero contar a viagem e a história de Véronique que se tornou madrinha da Desi, uma criança carenciada em ANAK (a Associação de Bali designada como “Aid to Indonesian Children”).
Histórias comoventes que mostram como é fácil o Ocidente dar a mão ao Oriente. Viajantes que percorrem o mundo, muito ou pouco, pois o que conta é o número de vezes que se é feliz. Curiosamente os testemunhos que encontrei publicados situam-se em Bali. Muitas pessoas têm encontrado a própria humanidade aqui. Eu também a encontrei nas minhas duas viagens à zona mais verde e oceânica da Indonésia.
Sabe como isto acontece, a paixão e a humanidade? Não se trata somente da inspiração que vem das paisagens dos arrozais e das ondas do oceano a bater de amor contra as rochas escarpadas. Porém, a vida de muitas pessoas mudou, em viagem, porque se tornaram madrinhas e padrinhos de crianças balinesas. Desde então, ocidentais voltam a Bali anualmente. É o caso da Véronique que conheceu a Associação ANAK, em Bali, onde imensas crianças são acolhidas mas todo o apoio é pouco. Aliás, consulte esse site e perceba como pode fazer uma viagem diferente e voltar renovado.
Foquei a ‘lente’ numa das suas viagens a Bali e a ANAK. Sim, porque Véronique não ajudou apenas uma criança, mas houve uma da qual se tornou madrinha. A pequena Desi que começou a caminhada com a V. até conseguir, hoje, ter-se tornado uma mulher com os estudos completos e uma profissão. O que mais me emocionou foi a descrição de sensações de Desi ao comprar bens básicos (para os ocidentais) como champô e os materiais escolares nas lojas ali perto de ANAK.
A partir do momento que teve uma mochila e lápis que coloriram o percurso escolar dela, as cartas fluíam entre Desi e a sua madrinha quando estavam apartadas. Desi enviava sempre as suas notas escolares que eram academicamente surpreendentes. Ainda hoje continuam o contacto e Véronique viaja sempre até Bali para a ver. Desi está uma mulher linda e crescida, a viver com os pais e sempre grata à madrinha pela oportunidade de poder ter estudado. De poder ter tido um simples champô com mais regularidade. E nisto revi-me na minha primeira viagem ao Camboja.
Enquanto subia um dos templos megalómanos de Angkor fiz um donativo a uma criança que me pediu para me registar numa lista para apoio escolar às crianças de um sítio do Camboja. Percebi que se tratava das crianças fardadas que acabara de ver passar de bicicleta ali mesmo por Angkor. Focadas na estrada e nos livros. Foi só um donativo que fiz e escrevi “Portugal” ao lado do meu nome, numa lista imensa de pessoas de vários pontos do mundo que estavam a doar igualmente. Senti-me em missão, mais do que em viagem. Mas os olhos daquele menino e a sua explicação, num expedito Inglês, foram impagáveis. Eles próprios, enquanto crianças que sabem que precisam de estudar para poder ‘voar’… empenham-se nos apoios. Senti-me a criança que subia os templos dele, e ele seria o adulto que me observava e ‘cobrava’ a minha perceção de ter de perceber que eu estava a ser abençoada no Reino do Camboja.
E, curiosamente, a Indonésia voltou a estar na vontade aguda dos portugueses numa fase em que a pandemia está a piorar com múltiplas estirpes. A energia limpa deste Oriente, em Bali, aumenta o ‘call for boarding’. Contudo, atenção que agora é necessário pagar uma elevada taxa para poder (e se) entrar ali e na Tailândia. Situações a que a epidemia obriga.
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