Hoje foi um dia bom. Provavelmente o mais divertido desde que chegámos a terras arménias. O país continua a surpreender. Onde pensávamos achar uma sociedade atrasada e excessivamente tradicional, encontrámos um país de boas gentes, mesmo que nem sempre de sorriso fácil ou conversa na ponta da língua.
A manhã começou com uma viagem pelo metro de Yerevan. Um sistema que tem todos os traços que consegues encontrar noutros metros de antigas nações soviéticas. As escadas rolantes intermináveis, os tokens a servir de bilhetes, as cabines com as babushkas antes dos cais e os polícias atentos e a advertir quem tentar filmar ou fotografar. Ah, quase nos esquecíamos, os preços dos bilhetes também fazem jus à tradição comunista. Uns módicos 17 cêntimos!
Segue-se a procura pela marshrutka certa. Queremos ir ao Mosteiro de Noravank, mas nenhum transporte coletivo faz este trajeto. Perguntámos se vai para Yeghegnadzor e se nos pode deixar no meio da estrada quando passarmos no desvio para Noravank. O jovem acena que sim e lá entramos na carripana.
Quase duas horas depois abro o Google Maps. Estamos mesmo a chegar ao destino; o cruzamento está quase aí; olha deve ser este; espera, não devíamos ter saído ali atrás? Gritámos ao motorista por Noravank. Trava de repente, pede desculpa e abre a porta lateral enquanto aponta para trás. Rimos e agradecemos.
No cruzamento, aproveitámos para visitar o Areni-1, um complexo de caves onde foram descobertos objetos e restos humanos com mais de 6000 anos. Um dos sítios mais surpreendentes que visitámos até agora. Lá fora, espera-nos a estrada até ao Mosteiro de Noravank.
Sete quilómetros, inclinação de 10% e 36 graus. Isto vai ser bonito.
E foi mesmo! Decidimos pedir boleia. Braço estendido e o primeiro carro leva-nos até ao Mosteiro (provavelmente o nosso preferido até agora). De regresso, o mesmo exercício, com sucesso ao segundo carro. No final da estrada, três quilómetros separam-nos da cidade de Areni. A distância não é assim tão grande, mas vamos tentar pedir boleia novamente.
Primeiro carro: passa enquanto pede desculpa por ter o carro cheio. Segundo carro: sorri para nós mas continua. Jackpot ao terceiro e boleia garantida até Areni.
Após cerca de 90 minutos a visitar a vila e a desfrutar das vistas absolutamente inacreditáveis sobre o terreno montanhoso em redor daquele fim do mundo, regressámos à estrada principal. Aqui, o desafio seria maior. Queremos regressar a Yerevan, e a distância é de 110 quilómetros (quase duas horas).
Dedo esticado e toca a rezar. Não foi preciso muito. Cinco minutos e pára um carro com dois jovens. Dizem que vão para Yerevan e que nos podemos juntar a eles. Que maravilha!
Pelo caminho, param para meter gasolina duas vezes e aproveitam para entrar numa mercearia local. Trazem-nos duas garrafas de água gelada. Ao entrar em Yerevan, fazem questão de nos deixar precisamente na Praça da República, no coração do centro.
Param e despedem-se. No cumprimento, tento passar-lhe algumas notas. "É para a ajuda da gasolina" - digo eu. O sorriso desaparece, recusa o dinheiro, e quando tento deixar as notas no assento faz questão de mas devolver, indignado. Não tenho shnorakalutsyun's que cheguem para agradecer. Sorriem de volta para nós à medida que batemos a porta do carro. O braço esticado, desta vez em forma de aceno.
Arménia, gostamos de ti.
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