Fomos surpreendidos por um país cheio de história e repleto de monumentos antigos como o tempo, mas foi em Goris que vivemos uma das aventuras mais inesperadas desta odisseia.

Goris estava no roteiro por um motivo apenas: era um excelente local para passarmos uma noite e aproveitar a proximidade a Khndzoresk (a cidade abandonada das grutas) e o famoso Mosteiro de Tatev. Mas Goris veio a ser mais do que um mero ponto de passagem.

Num dos nossos passeios pela pequena vila rural comentámos como era engraçado ver os olhares curiosos dos locais quando detetavam dois turistas a deambular pelas suas ruas e a caminhar pelo meio dos cavalos, vacas e galinhas que dividiam as estradas com os carros típicos da antiga União Soviética e os tratores agrícolas.

A estrada levou-nos até ao cemitério da cidade e fomos surpreendidos pela paisagem mística em redor. Subimos colinas, deambulámos por entre campas e jazigos, percorremos lentamente cada trecho daquele cemitério, contemplando a paisagem peculiar em redor: as diferentes grutas a decorar a montanha e o horizonte.

Onde um dia viveu o povo de Goris, hoje encontramos apenas resquícios de vida, hoje apenas jazem em repouso as gentes de outrora e os seus retratos penetrantes em mármore a enfeitar o jardim.

O entardecer trouxe um brilho diferente à nossa caminhada e decidimos pesquisar mais sobre este local estranho e cativante. Ao que parece, o povo de Goris viveu em grutas até à década de 50, aproveitando estes abrigos orgânicos que a natureza lhes providenciava como casa. Ainda hoje, nalgumas grutas, armazenam gado e ferramentas agrícolas.

É nestes locais, peculiares e magnéticos, que nos sentimos mais preenchidos pela viagem. Aqui, onde a vida e a morte se cruzam. Onde o passado parece distante e próximo, estranho e familiar.

Que surpresas escondes, Arménia!