Não é fácil circular nesta cidade densa, onde não se anda a pé, o metro não chega a toda a parte, os autocarros são de evitar, os carros estão em permanente gridlock e o estacionamento é difícil. A intensa vida negocial, cultural e de lazer ocorre dentro de portas. Vai-se de um endereço para o outro a contar com o tempo da viagem, no carro de um amigo, de táxi, numa viatura com motorista, ou até de helicóptero. Só em certos bairros circunscritos se anda a pé.
A área de 9.300 km2 (mais de 10% da área de Portugal!) está dividida em 45 municípios e sete microrregiões. Quem aqui vive, conhece a sua região e as grandes vias para as outras, para o aeroporto ou para sair por estrada.
Quem vai a São Paulo geralmente vai a negócio, mas a cidade tem uma actividade cultural e de lazer intensas que valem uma visita turística.
Cultura e lazer
Há a ideia de que a cultura e o lazer acontecem sobretudo no Rio de Janeiro, porque é a sede da maior difusora do Brasil no estrangeiro, a Rede Globo, e tem praias famosas; mas na verdade há muito mais museus, galerias de arte, teatros e espectáculos em Sampa (como os brasileiros lhe chamam).
É também uma cidade cosmopolita, porque em diferentes épocas recebeu vagas de imigrantes de todas as partes do mundo - mais notoriamente italianos, espanhóis, portugueses, japoneses e sírio-libaneses, além de nativos dos outros países latino-americanos. É o maior mercado de arte da América do Sul e um centro intelectual notável, com universidades de todas as especialidades.
De entre os muitos museus, o meu preferido é o MASP (Museu de Arte de São Paulo), instalado num edifício internacionalmente famoso desenhado por Lina Bo Bardi, que também concebeu o centro cultural CESC Pompeia. Entre o MASP, o Museu de Arte Moderna, e a sede da Bienal de São Paulo, no Ibirapuera (desenhada por Niemeyer, inaugurada em 1951 a par com a Bienal de Veneza e a Dokumenta de Kassel), podemos ver o mais representativo da arte brasileira. O Museu da Imagem e do Som tem um acervo de fotografia e cinema inigualáveis; a Pinacoteca, o Museu de Arte Contemporânea e o do Ipiranga também valem uma visita. Destaque para o Museu da Língua Portuguesa, localizado na antiga estação ferroviária da Luz, no centro da cidade.
As numerosas galerias de arte comercializam artistas clássicos e actuais, com vernissages diárias.
Os teatros são demasiado numerosos para listar: o Municipal, FAAP, Ruth Escobar, Pontifícia Universidade, Augusta, Sérgio Cardoso e muitos mais garantem que se possa assistir a peças e espetáculos diariamente durante um mês – e no mês seguinte, novos eventos acontecem.
Há vários parques urbanos, nomeadamente o do Ibirapuera, Cantareira, Jardim Botânico, Butatã (especializado em ofídios); ao todo são 106, o que dá a inacreditável média de 14m² de verde por habitante. A ideia de que São Paulo é uma “selva de cimento” não corresponde à realidade, embora as áreas densamente povoadas por edifícios de 20 e 30 andares impressionem quando nos aproximamos pelo ar.
Restaurantes e compras
Sendo a vida social uma vivência de interiores, a cidade tem mais de trinta shoppings, os mais famosos dos quais são o da Avenida Paulista e o Ibirapuera. Na região dos Jardins ficam as lojas de luxo, onde se encontra não só as marcas internacionais como a profusa e muito chique moda brasileira, e ainda mobiliário, acessórios para a casa e tudo o mais que os nossos gostos possam ambicionar. Para apreciadores, é onde se encontra o melhor vestuário de linho, de cores extraordinárias e corte contemporâneo.
Mas é na restauração que São Paulo brilha. Não conhecemos nenhuma outra cidade com tanta oferta de cozinhas de todas as latitudes, com destaque para a italiana, do Médio Oriente e japonesa. Quanto à cozinha brasileira, as famosas feijoadas e picanhas, está por toda a parte. As churrascarias, onde se come a quantidade que se quer, sucessivamente levada à mesa, são justamente famosas – enormes e muito animadas. Os meus restaurantes preferidos são o Fasano, o Gero (cozinha clássica italiana de alto nível), e o Rodeio, famoso pelas suas carnes na brasa, mas a lista dos imperdíveis – para usar uma expressão brasileira – passa por pizzarias e casas de tapas, além de bares com petiscos abundantes. Todos os hotéis têm destes bares, onde se come mais do que se bebe.
As padarias, geralmente de portugueses, são mais pastelarias, com muitas variedades de pão e acepipes, especialmente o famoso pão de queijo.
Um tipo de estabelecimento muito próprio de São Paulo é o restaurante-bar-boite-casa de espetáculos. Nos meus tempos, o mais famoso era o Gallery, nos jardins, mas há pelo menos uma dúzia que permite passar a noite a comer, beber e divertir-se. São Paulo está no circuito das grandes estrelas da música e com sorte pode-se apanhar uma Ariana Grande ou os U2, geralmente num dos grandes estádios de futebol da cidade, que tem dois clubes eternamente rivais - o São Paulo e o Corinthians.
Há uma piada que se conta: os cariocas trabalham pouco e gostam de dizer que não fazem nada; os paulistas trabalham muito e têm vergonha de dizer que se divertem. Talvez seja verdade; mas não há cidade onde quem trabalha tenha mais opções para se divertir.
Verifique por si; reserve já os seus bilhetes para São Paulo com a TAP.
Texto: José Couto Nogueira
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