A história das casas com pátio interior pequinesas
Durante a dinastia Ming, no ano de 1421, Pequim foi elevada ao estatuto de capital do império. Várias construções foram feitas para dotar a cidade de estruturas adequadas para albergar a família imperial, entre as quais a Cidade Proibida, centro nevrálgico da metrópole. A restante cidade irradiava em anéis concêntricos a partir desse núcleo, onde se situava o Palácio Imperial.
A proximidade geográfica à Cidade Proibida traduzia a dignidade da pessoa e da família. Assim, os aristocratas viviam a Leste e a Oeste do Palácio Imperial em hutongs ordenados, alinhados por casas espaçosas e jardins murados. Mais longe do palácio, nomeadamente a norte e a sul, viviam os cidadãos comuns, mercadores, artesãos e trabalhadores; as suas casas com pátio eram mais pequenas e mais simples e os seus hutongs mais estreitos.
A importância dos muros
Herdeiras desse longínquo passado, estas casas com pátio interior são ainda a residência de muitos pequineses. Estes são espaços importantes de convívio, pois permitem uma relação de proximidade com os vizinhos.
Um aspecto essencial destes hutongs são os muros; muito importantes para a mentalidade chinesa, pois oferecem proteção. Os muros que separam as residências da rua e os muros no interior dos pátios foram construídos para impedir a entrada de espíritos malignos, que os chineses acreditam se deslocarem apenas em linha recta. De facto, até 1949, os muros das casas com pátios interiores e as barreiras maciças das altas muralhas externas da cidade eram o traço distintivo da cidade de Pequim. Mas, a partir dessa altura, demoliram-se as muralhas e o número de hutongs em Pequim tem descido dramaticamente, pois foram sendo demolidos para abrirem caminho à construção de estradas e edifícios. Felizmente alguns hutongs foram designados áreas protegidas, recuperados e tornados habitáveis, numa tentativa de os preservar da especulação imobiliária. Outros foram convertidos em hotéis. Na verdade, os hutongs são um habitat, um foco de cultura popular, o símbolo mais chão e autêntico de Pequim; da mesma forma que a Cidade Proibida ou o Palácio de Verão simbolizam a cultura imperial.
Ir a Pequim e não visitar um desses hutongs é perder a alma da cidade, pois eles oferecem um vislumbre do que foi Pequim durante gerações. Talvez o melhor sítio para passear e observar um hutong em Pequim seja no Bairro das Legações (Dong Jiaomin Xiang | 东交民巷), pois é lá que se encontra o maior hutong existente atualmente: com 1,5 km de extensão.
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