"Descobrimos que o número de corais pequenos, médios e grandes na Grande Barreira de Coral diminuiu mais de 50% desde os anos 90", disse  um dos autores do estudo, Terry Hughes, do ARC – Centro de Excelência para o Estudo dos Recifes de Coral (CoralCoE), uma entidade australiana que em 2018 já tinha alertado para o desaparecimento dos corais de superfície.

Andy Dietzel, também do CoralCoE e autor principal do estudo, salienta na informação hoje divulgada pelo Centro que ainda que existam muitos estudos ao longo dos séculos sobre mudanças na estrutura das populações humanas, ou das árvores, não há informação equivalente sobre as mudanças nas populações de corais.

“Medimos as mudanças de tamanho das colónias porque os estudos populacionais são importantes para compreender a demografia e a capacidade de reprodução dos corais”, justificou.

Por isso a equipa do CoralCoE avaliou as comunidades de coral e o tamanho das suas colónias ao longo da extensão da Grande Barreira de Coral (que compreende uma extensão de mais de 2.300 quilómetros na costa leste da Austrália), entre 1995 e 2017. E concluiu que há um esgotamento das populações de coral.

De acordo com Terry Hughes o declínio aconteceu tanto em águas pouco profundas como em águas mais profundas e “em praticamente todas as espécies,” mas “especialmente nas ramificações e nos corais em forma de mesa”.

“Estes foram os mais afetados pelas temperaturas recordes que levaram ao branqueamento em massa ocorrido em 2016 e 2017”, disse o investigador. O fenómeno de branqueamento de corais (que acontece quando estes estão doentes ou que já estão mortos) já tinha sido constatado há dois anos pelo CoralCoE.

As ramificações e os corais em forma de mesa fornecem estruturas importantes para os habitantes dos recifes, como os peixes. A perda destes corais significa uma perda de habitat e por consequência uma diminuição da quantidade de peixe, e afeta a pesca, dizem os autores do estudo.

"Os nossos resultados mostram que a capacidade de recuperação da Grande Barreira de Coral - a sua resiliência - está comprometida em comparação com o passado, porque há menos bebés, e menos adultos reprodutores de grande porte", disse Andy Dietzel, explicando que uma “população de coral vibrante” tem milhões de pequenos corais bem como as suas “mães”, os grandes corais.

Os autores do estudo dizem que são urgentemente necessários novos dados sobre as tendências demográficas dos corais.

“Costumávamos pensar que a Grande Barreira de Coral estava protegida devido ao seu tamanho, mas os resultados mostram que mesmo o maior e relativamente bem protegido sistema de corais do mundo está comprometido e em declínio”, avisou Terry Hughes.

Os autores do estudo explicam que as alterações climáticas estão a provocar um aumento da frequência de perturbações nos recifes, como ondas de calor marinhas, e deixam um alerta: “Não há tempo a perder, temos de reduzir drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa o mais rapidamente possível”.

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