No fulcro da Europa Central

Como está relativamente perto de várias cidades da Europa Central, Munique é uma placa giratória para outros destinos; Zurique, na Suíça, Praga, na República Checa, Viena, na Áustria e Milão, em Itália. O aeroporto Franz-Josef Strauss recebe mais de 30 milhões de passageiros por ano, sendo o segundo maior da Alemanha e sétimo da Europa.

Munique é tão antiga como Portugal, pois foi fundada em 1158. Mas teve uma existência de altos e baixos, com períodos em que o Ducado da Baviera foi independente e outros em que pertenceu ao Sacro Império Romano Germânico; a época difícil mais próxima foi a destruição de 50% da cidade durante a II Guerra Mundial, e os momentos altos mais recentes ocorreram nos Jogos Olímpicos de Verão, em 1972, e no Campeonato do Mundo de Futebol, em 2006.

A destruição de 1944-45 permitiu a edificação de uma cidade moderna, com uma arquitectura formidável, ao mesmo tempo que os edifícios antigos foram restaurados com meticulosidade e persistência.

Museu BMW
Museu BMW Museu BMW créditos: DR

Centro de eficiência e conforto

O clima é pouco castigador; no inverno as temperaturas negativas não vão abaixo de -5 e o verão é ameno. Se andar na rua é agradável, os transportes, então, são dos mais abrangentes e pontuais do mundo, com metropolitano (U-Bahn), eléctricos, autocarros e trens suburbanos (S-Bahn), tudo coordenado e impecável. Os comboios têm três estações de longa distância, sendo a mais conhecida, a München Hauptbahnhof, central e moderna.

A cidade é atravessada pelo rio Isar e há outros rios, nenhum deles muito largo, mas que abastecem vários lagos. O Jardim Inglês, por onde passa o Isar, é uma visita obrigatória. Tudo em Munique parece organizado para facilitar os percursos, desde a limpeza urbana impecável, os passeios aprazíveis e a possibilidade de alugar carros e bicicletas eléctricas – a cidade é plana, ainda por cima.

Monumentos e arte

Desde o antigo ao moderno, não falta o que ver, tanto em arquitectura como arte. Os passos municipais, Neues Rathaus, a sede do Parlamento da Baviera e o palácio de Nymphenburg, com os seus magníficos jardins, estão entre os clássicos. Foi lá que nasceu o rei Luís II da Baviera, que ficaria famoso pelo castelo de Neuschwanstein, que fica a cerca de 100km da cidade e não se pode deixar de lá ir. Há 50 comboios diários!

Castelo de Neuschwanstein
Castelo de Neuschwanstein Castelo de Neuschwanstein créditos: DR

Para os modernos, recomenda-se as sedes das grandes empresas bávaras: BMW, Siemens, MAN, Linde, Alianz e Osram. A BMW tem um museu com todos os seus modelos desde a primeira moto, de 1923, e o primeiro automóvel, de 1928.

Há muitos museus extraordinários no bairro de Junstareal: a Alte Pinakothek, a Neue Pinakothek, a Pinakothec der Moderne e o Brandhorst. Na Alte podemos ver obras emblemáticas como o auto-retrato de Durer, a Sagrada Família de Rafael e o “Dia do Julgamento” de Rubens (a maior colecção do mundo de Rubens está aqui), além de muitos outros artistas holandeses, italianos (Botticelli, Rafael, Titiano), franceses (Poussin, Lorrain, Boucher) e espanhóis (El Greco, Murilo, Velázquez).

Para o moderno, no Museu Lenbachhaus há obras do famoso grupo modernista Der Blaue Reiter, que trabalhou em Munique na passagem do século XIX para o XX.

Olympiapark
Olympiapark Olympiapark créditos: iStock

Para quem prefere a arte ao ar livre há três locais indispensáveis. O Jardim Inglês, com cerca de cinco quilómetros ao longo do rio Isar, é um local muito aprazível que tem até a possibilidade de fazer surf durante o ano todo. O estádio Allianz Arena, sede do clube de futebol Bayern é uma grande peça arquitectónica e o extraordinário Olympiapark, o conjunto que recebeu os Jogos Olímpicos de 1972. Não é tão grande como as instalações das Olimpíadas mais recentes, mas é com certeza o mais bonito de todas elas, graças a uma cobertura em forma de tenda esticada por pilares metálicos inclinados.

Acepipes e cerveja

O que não faltam em Munique são restaurantes e esplanadas - muitas e grandes esplanadas, como a Aumeister, no Jardim Inglês - onde se podem comer as especialidades típicas da Baviera: Käsespätzle (uma espécie de gnocchi com cebola frita), Weisswurst (salsicha branca de vitela), Leberkäse (enchido tipo terrina de paté firme), as famosíssimas salsichas com Sauerkraut (couve branca avinagrada), Schnitzel (panquecas de carne) com salada de batata, Schweinshaxe (perna de porco assada e salteada) com os deliciosos Knödel (almôndegas acres de batata) e, evidentemente, uma enorme variedade de enchidos cujos nomes são impronunciáveis; mas não há problema, basta apontar.

Gastronomia da Baviera
Gastronomia da Baviera Gastronomia da Baviera créditos: iStock

Toda esta comida parece feita de propósito para uma única bebida: cerveja. Na Baviera, a cerveja é tratada como o nosso vinho: tem castas, épocas e uma infinidade de variedades. Há produções que só se fazem em pequena quantidade uma vez por ano e quando acabam... só para o ano. E mesmo as marcas comerciais, engarrafadas, são produzidas com um cuidado artesanal. O serviço é feito em canecas de um litro.

Toda esta bebericação de cerveja culmina na Oktoberfest, uma festança alimentar e alcoólica que dura 17 dias, a partir de meados de setembro. Toda a gente vem para a rua – os bávaros são animados, bem dispostos e nada formais – para encher a barriga, cantar, dançar e conversar. Muitos fazem questão de usar o traje típico do Tirol: calções de couro com suspensórios e chapéu verde para eles, blusa bordada, colete e saia rodada para elas. Mesmo os visitantes não resistem a comprar estes modelinhos (que depois terão vergonha de usar nos seus países, mas isso é problema deles).

Oktoberfest
Oktoberfest Oktoberfest créditos: DR

Quem vê esta multidão a emborcar litros e litros de cerveja e a dançar ao som de concertinas e gaitas, mal imagina que são os mesmos que fazem aqueles BMWs e electrodomésticos de alta tecnologia. Mas é verdade, e esse contraste é que torna Munique uma cidade a não perder.

Se também quer conhecer as particularidades desta urbe alemã, aproveite os voos para Munique da TAP, em setembro, outubro ou em qualquer altura do ano.

Texto: José Couto Nogueira