Apesar de ser a capital administrativa e económica do arquipélago de Svalbard, Longyearbyen tem apenas 2.400 habitantes. A vida ali não é fácil. Por causa da alta latitude (a 1.300 km do Polo Norte) o sol não nasce durante parte do ano e a permanente escuridão promove o ambiente de tundra ártica onde são comuns as temperaturas abaixo dos 40ºC negativos.
A superfície da cidade está sempre coberta de gelo, as árvores são inexistentes e os líquenes e musgos são a única vegetação possível. Encontros com ursos polares são comuns e os trenós puxados por renas e huskies são o meio de transporte preferencial.
Como é possível então que numa cidade com um clima e circunstâncias tão hostis não se tenham registado mortes por tantos anos? Simples. Há mais de 70 anos que em Longearbyen é proibido enterrar os mortos. A curiosa lei deve-se ao efeito permafrost e às baixas temperaturas que não deixam a camada de gelo que cobre a cidade derreter e impedem a decomposição dos corpos.
As autoridades locais aperceberam-se deste problema 13 anos depois de uma horrível epidemia ter atingido o arquipélago norueguês e provocado muitas mortes. Quando chegou o momento de levantar as ossadas, os corpos estavam intactos. Receosos de uma nova onda pandémica, as autoridades decidiram encerrar o cemitério e proibir novos sepultamentos.
Hoje Longyearbyen não tem um único lar de idosos e qualquer caso de acidente ou doença grave deve ser imediatamente transferido para o hospital da cidade mais próxima, que fica a duas horas de distância. Até as mulheres grávidas são obrigadas a mudar-se para o continente, para evitar qualquer risco. É por isso que, oficialmente, em Longyearbyen, ninguém morre.
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