É entre tantas e diversas camadas que se descobre a maior cidade da Turquia. E, para a entender, não há nada melhor do que a visitar.
Por Bizâncio, Constantinopla e Istambul
Entre arranha-céus e novas construções, conseguimos, nesta grande metrópole moderna, respirar o ar do seu passado e beber da sua herança. E nem precisamos de entrar em museus ou palácios (ainda que o Topkapi e o Dolmabahçe sejam um must-see).
No Bairro de Sultanahmet, situado na Península Histórica, a praça homónima guarda milénios de história. Próxima da imponente Hagia Sophia e da Mesquita Azul, aquela que é hoje a Praça Sultanahmet foi outrora um importante Hipódromo do Império Bizantino.
Construído em 203, o Hipódromo foi renovado em 324, acreditando-se que tivesse capacidade para 100 mil espetadores. Para além de ter sido um importante centro desportivo e social, também foi palco de episódios sangrentos como da "Revolta de Nika”, em 531, que causou a morte de 30 mil pessoas.
Do Hipódromo só restam dois obeliscos, a coluna da serpente e a fonte alemã. As quatro obras podem ser vistas na Praça que, por isso, atrai muitos turistas. É um museu ao ar livre (e gratuito).
Este é só um exemplo de como tão facilmente tropeçamos na história da humanidade em Istambul. Coração turístico da cidade, a Península Histórica permite-nos descobrir o mundo dos sultões, os haréns e parte da herança deixada pelas diferentes culturas e civilizações que por ali passaram.
Do Hipódromo, podemos seguir para a Hagia Sophia, um dos santuários sagrados mais antigos do mundo, que para além de mesquita, já foi igreja e museu, para o Palácio Topkapi ou para o Museu Arqueológico, uma boa opção para quem quer evitar filas ou para quem aprecia azulejaria.
Outra forma de viajar pelo passado é através das sinuosas ruas e passagens do Grande Bazar – um dos centros de comércio mais antigos do mundo.
Situado entre Nuruosmaniye, Mercan e Beyazit, o Grande Bazar nasceu em meados do século XV tendo evoluído até aos nossos dias. Nas 64 ruas que o compõem, oferece cerca de 4.000 lojas com vendedores aguerridos, sem preços fixos e muito regateio.
Lembre-se que os vendedores estão sempre à espera que vá regatear, por isso, é provável que comecem com um valor muito mais alto.
Se se apaixonar por algum tapete, joia ou peça de vestuário, ou se for conquistado por alguma especiaria ou chá (são alguns dos produtos que pode encontrar à venda neste mercado), não se esqueça da regra de ouro: regatear. Além do Grande Bazar, Istambul apresenta outros lugares ideais para fazer compras, enquanto conhece a cidade.
Andar pelas ruas históricas vai abrir o apetite e para ter uma experiência gastronómica diferente pode ir almoçar dentro de uma antiga cisterna, agora transformada em restaurante. O Sarniç oferece um ambiente mais exclusivo e pratos da cozinha turca de forma moderna e sofisticada.
A Istambul dos nossos dias
Se nesta cidade encontramos o mercado mais antigo do mundo, também encontramos um moderno centro comercial no Zorlu Center, um complexo que engloba residências, escritórios, hotel e centro de cultura e arte. Este é um espaço inovador para a cidade e o que tem a maior cobertura verde da Europa.
Se visitar este centro comercial não se intimide ao olhar para as vitrines de grandes marcas de luxo como Louis Vuitton, Dior, Prada ou Dolce&Gabbana. Nos pisos inferiores existem marcas com preços mais acessíveis como a Zara ou H&M. Também pode aproveitar para espreitar neste centro algumas das marcas de designers locais que estão a dar cartas no mercado da moda e da joalheria como Kismet By Milka e Sevan Biçakçi.
Em Istambul, passado e presente coexistem com olhos postos no futuro. A urbe continua a crescer e a reinventar-se, mantendo o título de cidade do mundo. Hoje, na antiga Constantinopla, podemo-nos sentar num restaurante que se chama Zanzibar e que serve pratos com sabores de Itália (fica no Zorlu Center).
Também na antiga Cisterna Serefiye (ou de Teodósio), que se encontra aberta ao pública, podemos assistir a um espetáculo de video mapping ao mesmo tempo que descobrimos como funcionavam estes reservatórios de água.
Para um maior contacto com o dia a dia de quem vive e habita em Istambul e fugir das áreas mais turísticas – recorde-se que esta é uma das cidades mais visitadas do mundo – vale a pena passear pelo bairro de Bebek. Localizado na zona de Besiktas, é conhecido por causa dos luxuosos apartamentos à beira-mar, dos edifícios de madeira, dos restaurantes e cafés sofisticados e da pequena baía com iates atracados.
Bebek é um lugar agradável para comer um brunch ou almoçar. Experimentamos o Mangerie Restaurant, que serve pratos leves e variados com sabores mediterrânicos e que conta com uma pequena esplanada com vista para a baía.
Se quiser cruzar o passeio pelo bairro com história, pode visitar a Mesquita de Bebek, a Yilanli Yali (Mansão da Cobra), a Mansão Kavafyan, o Consulado Egípcio, a Mansão Hidiva e a Fortaleza Rumeli.
Como resumir a Istambul dos nossos dias?
Não encontramos melhor exemplo para definir a cidade do que os dois quilómetros da famosa rua Istiklal.
Com início na Praça Taksim, a Istiklal reúne um pouco de tudo o que carateriza a cidade: contemporaneidade, comércio, multiculturalidade, história, gastronomia, arte e cultura.
Vale a pena divagar pela rua, parar para deixar passar o elétrico vermelho ou para ver quem passa, apreciar os edifícios históricos como a Igreja de St Antoine, Galatasaray High School e Narmanlı Inn, sentir o cheiro das castanhas assadas e espreitar pelas vitrines (algumas recheadas de delícias turcas).
Uma cidade sempre em desenvolvimento
Ao descobrirmos a história de Istambul – difícil não sentir curiosidade em saber a origem dos palácios otomanos dado o exotismo e luxo que inspiraram tantos artistas do Ocidente ao longo do tempo –, percebemos que a cidade sempre foi mestre da reinvenção e que continua a desenvolver-se.
Há sempre novidades, novas construções, inaugurações e espaços antigos a serem restaurados ou transformados.
Entre as inaugurações mais recentes, sem esquecer a do novo aeroporto (2018) e a do novo terminal de cruzeiros de Galaport (2021), destacamos o novo Centro Cultural de Ataturk (CCA).
O novo CCA veio resgatar um dos ícones da cidade, que serviu de ponto de encontro e talvez de partida de muitas histórias de amor das gerações antigas. Após ter sofrido com um incêndio que o deixou parcialmente destruído (e que ocorreu 19 meses após a sua inauguração em 1969), o CCA fechou portas em 2008.
Em 2018, começaram as obras que viriam a ressuscitar o CCA. Em menos de três anos, em 2021, inaugurou-se o novo centro multiusos de Istambul que é igualmente símbolo da história moderna da Turquia – recorde-se que a República da Turquia faz cem anos este ano, no dia 29 de outubro, e que o nome do centro homenageia o seu fundador, Mustafa Kemal Ataturk.
Seja para assistir a uma ópera, ler um livro ou procurar inspiração (a biblioteca tem uma vasta coleção de livros, muitos em inglês, que se dedicam ao design e é também dos lugares mais silenciosos da cidade), o CCA está aberto para todos, procurando fazer parte da vida dos habitantes de Istambul.
Uma vez que é o maior centro multiusos da única cidade do mundo que fica entre dois continentes, o CCA recebe uma grande variedade de artistas, tendo sempre na agenda sugestões de espetáculos ou outras atividades de lazer.
Para além de concertos e outros espetáculos musicais, pode contar com exposições e outros eventos culturais na Galeria e no Salão Multifuncional, descobrir mais sobre música na Plataforma de Música e oficinas para os mais novos no Centro de Arte Infantil.
As instituições residentes no novo Centro Cultural de Atatürk incluem o Coro de Música Clássica Turca Presidencial, a Ópera e Ballet Estatal de Istambul, o Teatro Estadual de Istambul, a Orquestra Sinfónica Estadual de Istambul e o Conjunto de Música Turca Estatal de Istambul afiliado ao Ministério da Cultura e Turismo.
Muito acontece neste centro de cultura que também atrai visitantes devido à sua arquitetura moderna que respeita o estilo do edifício original dando assim continuidade à sua história ao invés de começar uma nova.
Uma das caraterísticas mais distintas do recém-construído complexo CCA é a esfera gigante coberta de azulejos vermelhos que guarda a sala de ópera com 2.040 lugares.
No CCA existem ainda cafés e restaurantes. Recomendamos o elegante Divan Brasserie Fuaye que procura oferecer experiências gastronómicas únicas através de um menu amplo e variado com propostas de carne, peixe e vegetarianas.
O SAPO Viagens visitou Istambul a convite da Agência de Promoção e Desenvolvimento Turístico da Turquia
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