Por Helena Simão
A ilha Maurícia, no coração do Oceano Índico é um verdadeiro hino aos nossos sentidos. Olha-se e os nossos olhos querem ver muito mais, cheira-se e queremos inspirar aquela paz e trazê-la connosco, ouve-se e queremos continuar naquele silêncio, apenas interrompido pela água do mar a tocar na areia, devagar, e pela alegria dos pássaros coloridos que dançam no ar, contagiados por uma música que só eles conhecem. Saboreia-se e toca-se e sentimo-nos em sintonia com a natureza.
Ali, a 800 quilómetros a este de Madagáscar, está guardado um pedaço de terra de origem vulcânica que tem tanto para nos cativar, como tanto é aquela paisagem deslumbrante de mar tranquilo e límpido, de areia fina e branca, de vegetação de tons intensos. Mas a ilha atrai-nos também pelas gentes simples e alegres, pela variedade religiosa que convive pacificamente, embora a maioria seja hindu, e pelas influências que a tornam única: a imponência da antiga França colonial, as cores garridas da Índia e a descontração africana.
Comecemos por acalmar o corpo e elevar o espírito nas águas tépidas que rodeiam a ilha, tranquilas, como se fossem piscinas naturais, pois a Maurícia está protegida por recifes de coral que deixam as ondas bem longe do areal. Não são raras as vezes que peixes coloridos vêm até à praia e se mostram, serenos e livres. Do lado oeste, é bastante conhecida a zona de Flic en Flac, e do lado este, Belle Mare é um local especial. O extenso areal permite fazer longas caminhadas à beira mar e, longe dos hotéis, é possível encontrar algumas baías mais pequenas, onde, por alguns minutos, podemos ser os únicos protagonistas de um quadro idílico.
A temperatura é agradável durante todo o ano, sem grandes oscilações, e nem a chuva que cai forte, sobretudo nos meses de verão, nos perturba. A água do mar ronda entre os 24 e os 29 graus.
Depois de descansarmos um pouco, é altura de conhecer a sua história e cultura. Ponto prévio: a ilha foi descoberta pelos portugueses em 1505, mas foi colonizada pelos holandeses. Partimos, então, para o interior, para a parte mais alta da ilha, à procura do parque Chamarel.
É aqui que encontramos a Terra das Sete Cores, uma invulgar zona de onduladas dunas com tons diferentes, dos azuis aos verdes, dos vermelhos aos amarelos, resultado da erosão das cinzas vulcânicas. Dependendo da luz do sol, e sobretudo de manhã, conseguimos visualizar as prometidas sete cores diferentes, qual arco-íris de terra, que, curiosamente não se mistura e não se dilui com as chuvas.
Ali perto, a cascata de Chamarel impõe-se na paisagem verdejante, com os seus mais de cem metros de altura. Seguimos para o Grand Bassin – o Lago Sagrado. É um dos maiores existentes na ilha e foi formado sobre a cratera de um extinto vulcão. É considerado um local sagrado pelos hindus, daí que, no templo colorido, onde apenas podemos entrar descalços, sejam muitos os que rezam e os que apresentam as suas oferendas. Destaque ainda neste local para uma estátua de Shiva (um dos deuses hindus) com 33 metros de altura que faz questão de dar as boas vindas a todos, seja qual for a sua religião.
Voltamos à costa este para visitar algumas ilhas. A caminho da única cascata acessível por água, no meio da imensa vegetação, escondem-se algumas famílias de macacos. Mas basta acenar-lhes com uma banana, que estes rapidamente se aproximam para a agarrar.
Segue-se uma breve visita à ilha do Farol, assim chamada porque tem um farol abandonado. Paramos junto à ilha aux Aigrettes, uma reserva natural pela importância da sua fauna e flora, para mergulhar naquelas magníficas águas transparentes. A cor do mar é ainda mais clara e mais pura e os peixes coloridos passeiam tranquilamente em redor de quem se aventura para os ver mais de perto.
Terminamos o roteiro na ilha aux Cerfs, mais um pequeno paraíso deste lugar deslumbrante, mais um lugar abençoado pela natureza e protegido pelo universo.
Helena Simão é blogger do Starting Today
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