Nos últimos 20 anos, a Praia de Bávaro, na República Dominicana, tem sido o epicentro de práticas de pesca altamente destrutivas e de um turismo desgovernado. A utilização de redes ilegais, que não cumprem as medidas impostas pela regulamentação, e a utilização de métodos agressivos de captura de peixe, nomeadamente a pesca de arrasto, têm contribuído para o atraso da reprodução da vida marinha e para o empobrecimento do ecossistema subaquático.
Adicionalmente, os recifes de corais e os habitats naturais da vida submarina têm sido progressivamente destruídos e ameaçados pelo turismo em massa: a poluição sonora dos motores dos barcos perturbam a comunicação e o acasalamento dos animais marinhos, as práticas inadequadas de ancoração danificam os recifes de corais, e o trânsito de barcos nestas zonas aumenta o risco de colisão entre as embarcações e a vida marinha.
560 hectares de paisagem marítima protegida
De modo a preservar a biodiversidade do ecossistema subaquático, o programa TUI Sea The Change uniu forças com a Fundación Ecológica Los Arrecifes de Bávaro, fundada pela Hispaniola Aquatic Adventures, num projeto que contribui para a proteção de mais de 560 hectares de paisagem marítima, demarcados com boias da TUI Care Foundation.
Workshops de consciencialização ambiental e jardinagem de corais contribuíram para a formação de 200 trabalhadores de praias e pescadores locais que se dedicam a proteger a área. Além disso, a Fundación Ecológica Los Arrecifes de Bávaro oferece palestras de educação ambiental a escolas públicas e privadas da região, com o intuito de as agregar aos trabalhos de restauração ecológica que estão a ser desenvolvidos, acreditando que a chave para a mudança está nas gerações mais novas.
Com o objetivo de fomentar um envolvimento direto entre os mais jovens e o mundo subaquático, os alunos participam também em visitas práticas, onde têm a oportunidade de realizar atividades educativas de plantação de corais e observação da vida marinha.
Plantação e restauração de corais
É com essa experiência prática em mente que a equipa da fundação nos recebe nas suas instalações, localizadas na Praia de Bávaro. Logo à entrada, observa-se um pequeno museu ao ar livre que contém, entre outras coisas, as diferentes estruturas utilizadas para restauração de corais e painéis informativos.
Empenhada na mudança e na proteção ambiental está a equipa que nos recebe: Noel Gonzáles, gestor do projeto; Paloma Marin, bióloga marinha; Alicia Fidalgo, responsável pela comunicação; Silverio Jimenez, capitão e guia; Leo Franco e Adrian Rivera, jardineiros de corais que trabalham diariamente na manutenção das áreas protegidas.
“As alterações climáticas estão a transformar o fundo do mar”, alerta Paloma Marin ao SAPO Viagens. Para além de todas as atividades que têm destruído o ecossistema subaquático, o “branqueamento de corais, causado pelo aquecimento e acidificação do oceano, tem sido uma das principais ameaças uma vez que diminui a capacidade de reprodução dos corais, diminui o seu crescimento e o processo de calcificação, o que pode provocar a sua morte”, explica.
Dados publicados pelo IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em 2018, estimam que, se nada for feito para contrariar a tendência, 90% dos recifes de corais podem desaparecer até 2050, provocando a “perda irreversível de muitos ecossistemas marinhos e costeiros”.
A bordo da embarcação que nos transporta para perto da área de atuação do programa, Leo Franco partilha a sua experiência: “eu já fui pescador, trabalhava para uma cooperativa que pescava intensivamente… o peixe era o meu sustento, o meu alimento”, começa por contar. “Hoje sou jardineiro de corais e dedico o meu tempo a proteger e a restaurar este ecossistema, porque percebi que um peixe vivo vale mais do que um peixe morto”, confessa.
Uma das técnicas utilizadas para a revitalização destes habitats é a plantação através do método da microfragmentação de corais, onde pequenos cortes são realizados em corais vivos. O fragmento de coral cresce e é posteriormente inserido de volta no oceano, o que aumenta o seu crescimento natural. Através desta técnica, um processo que levaria 50 anos é alcançado em três meses.
Turismo sustentável
A TUI Care Foundation acredita que o turismo pode ter um impacto positivo no que diz respeito à proteção do ambiente natural e à capacitação de vidas nos destinos para o qual se viaja. Nesse sentido, o programa conta com a criação de um produto turístico sustentável – Bávaro Snorkel Lover –, fundado pela Hispaniola Aquatic Adventures, que envolverá 27.500 turistas através de uma combinação de jardinagem de corais e mergulho com snorkel. Nesta experiência, os visitantes terão a oportunidade de explorar o oceano através de uma tour educativa que inclui, entre outros momentos, 60 minutos de snokeling, almoço e observação de tartarugas.
Paralelamente, para todos os interessados em proteger os recifes de corais, poderão fazê-lo de outras maneiras: apadrinhando um fragmento de coral, patrocinando uma das estruturas utilizadas no processo de plantação e/ou através da compra de uma pulseira cujos fundos serão revertidos a favor da Fundación Ecológica Los Arrecifes de Bávaro.
O SAPO Viagens foi até à República Dominicana a convite da TUI Care Foundation.
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