Depois algo importante que deve respeitar: se for convidado(a) a tomar refeição na casa de alguém, tenha em mente que é o homem da casa quem inicia o banquete. Há, ainda, restaurantes onde poderá deparar-se com algo muito próprio: zonas familiares encerradas por cortinas. Não vá lá espreitar, respeite. Observe sempre que possa os costumes de, por exemplo, pessoas que comem todas a partir de uma mesma travessa. Mão direita! E as senhoras sempre todas tapadas, só permitindo que o véu suba ligeiro para comerem. Mas, todos contentes e num verdadeiro sentido familiar. O melhor é que nos podem facilmente convidar. A tolerância e ‘be my guest’ é algo muito bonito neste país.
A Mariana, quando deixou, sofregamente, tudo em Portugal para aterrar em Omã, foi saboreando a mudança, mas recorda sempre que é um povo extremamente simpático e convidativo. Falam muito bem Inglês, exceto os imigrantes paquistaneses. Uma história caricata: um técnico paquistanês foi a sua casa instalar a internet, mas nem ele nem ela se entendiam. Coisas da língua. E ela teve de mudar o sorriso para uma cara má quando reparou que ele não percebia o que estava a fazer e o teclado do computador dela pareceu uma coisa desvairada de dedos nas teclas. Ainda o estragava, em vez de apenas conectar a internet. Mas era simpático, contudo temos de saber escolher, para quem planeia estadias com incidentes de falhas de internet, a quem recorrer. Os nativos têm sempre, ali, as melhores indicações e são muito predispostos. Em Omã.
Mas quando refiro nativos, peça ajuda aos homens. As mulheres, apesarem de terem uma liberdade exemplar de se observar e não muito generalizada nos países muçulmanos, são reservadas. Sobretudo nas aldeias, aí a liberdade é outra. Por costume. Em Muscat se quiser conhecer como são as histórias diárias de vida das mulheres, vai encontrar isto: uma casa cheia de mulheres que cuidam das crianças e que só convivem entre si. A mãe, a avó, a prima, a irmã e amigas. Por outro lado, verá os maridos a irem a casa almoçar e depois vão passear com os amigos. Só homens e todos os dias. E os amigos não veem as esposas dos outros amigos. Uma das vezes, em visitas por lá, a Mariana foi convidada por um Omani a ver a fotografia que ele tinha, orgulhosamente, dos filhos. Na carteira. Mas os amigos não puderam ver e assim seguem a vida sem questionar. Tal como nós com os nossos costumes nos quais provavelmente não pensamos. Opinião de uma ocidental aqui fica. E a qual será a opinião de uma oriental como a Omani?
Uma coisa muito importante para a sua viagem a Omã: eles adoram os portugueses e acham que somos parecidas (sobretudo as mulheres) com elas. A Mariana sentiu isso muitas vezes e teve convites para casamentos, com direito a esposa em terceira posição. Foram episódios engraçados e em que cortesia é uma palavra que bem define os Omanis. Mas as nossas parecenças talvez se devam ao nosso sangue ali plantado há cerca de 500 anos. Eles próprios narram as nossas conquistas, embora ressalvando que expulsaram os portugueses. Todavia, isto é dito de forma amigável e eles não o fazem com ideia pretensiosa. Só a Mariana achou ‘falta’ de oportunidade o facto de o reiterarem e ela ser portuguesa.
É interessante ir ver (não visite, pois estão ativos) os fortes de Muttrah e de Nizwa: são portugueses e estão ali preparados para fins militares ainda. Além destas áreas que nem sempre aparecem nos manuais de viagem, siga uma vontade desta forma e vá além da capital. Então, decida assim: quero ver montanhas, deserto e mar. Não deixe nada para trás. Pois, é sobre isso o próximo artigo desta temporada pelo Médio Oriente. Pode partir já, o calor agora é convidativo!
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