Imaginem o mapa e as portuguesas Sara Venera (@saravenera) e Tatiana Reis (@tatianamreis) a descerem pelo continente americano... chegando ao Peru e hoje estarem a ‘turistar’ pela Bélgica. Parece uma volta guinness? Tinham decidido uma rota de seis meses que ia de outubro de 2021 até terminarem a sambar no Carnaval do Rio de Janeiro: inicialmente México, Belize, Guatemala, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina e Brasil.

Mudam-se os tempos… mudam-se as rotas. Pois, a rota mudou e as portuguesas ensinam-nos que a experiência de viajantes ‘iniciantes’ como elas pode acrescentar muito na hora de reduzir países e compensar no tempo: por exemplo se escolherem o México, não vão ao Belize. Saltem para Costa Rica. A Sara e a Tatiana referem a questão da segurança sendo que elegeram Costa Rica como o destino de maior segurança, sentida na pele. Depois rumaram à Colômbia: “lindo, maravilhoso”. Ficam sem palavras.

Colômbia
Em Cartagena, Colômbia créditos: DR

A mudança da rota foi auxiliada pelo feedback das pessoas com quem se iam cruzando. Por outro lado, a pandemia foi a causa da mudança e da adaptação. Mas alertam para o facto dos gostos serem muito subjetivos. “Mais vale irmos e vermos”.

Mais dicas: para quem quer conhecer pessoas durante as viagens, as portuguesas decidiram e recomendam o modelo hostel. Sobre as fronteiras: nervosismo inicial para poder ir atravessando os países. Alertam para o tipo de roupa que vestem e os documentos que devem ter impressos e “no telemóvel com internet”. Testemunharam tranquilidade nesta questão, pois bastou ter o suporte eletrónico dos documentos. Atenção aos casos em que solicitam o documento do voo de saída.

“Tatiana Reis, Sara Matos”: o alerta no alti-falante “se não têm [os bilhetes de voo de saída] não podem embarcar”. Para evitar estas situações pagam 12 euros através de um site de booking de voos cujos bilhetes são válidos por 48 horas apenas. Mas sugerem: “não se pode estar sempre a usar”. É uma sugestão a anotar e atenção que esse tipo de bilhetes de 12 euros não são usados para efetivamente voar. Certificados de vacinação sempre obrigatórios, claro.

A rápida passagem na imigração é algo importante e garante a segurança para nós e para os países que nos recebem, sobretudo numa altura em que estados de calamidade foram declarados em vários pontos do mundo, de novo. Foi quando aterraram no Peru que a questão da COVID-19 as fez modificar toda a rota pois as contenções e quarentenas (e preços) justificaram parar no Peru e excluir o Carnaval. Trocaram o Carnaval pelo Natal. “Estamos em Bruges que é maravilhoso” – o que estas meninas já exploraram em quase três meses.

Mas recordam sobretudo o Peru por ter ‘sido há dias’: recomendam muito visitar Lima apesar de muitos viajantes não terem uma opinião deslumbrada. De Lima seguiram por vários locais que até deserto e Oásis incluiu. O ponto alto literalmente pode ser o problema deste país. Levem comprimidos pois “há pessoas que vomitam, deitam sangue pelo nariz” por causa das áreas com com 5200 metros de altitude. Dificuldade em respirar é algo que vão experienciar, mas há uma caminhada que tem de ser feita, até às Montanhas Arco-Íris. Os próprios peruanos estão sempre a tomar chá de folha de coca por causa da altitude do país e oferecem sempre aos viajantes pois as oscilações são imensas.

As portuguesas destacam Aguas Calientes e Machu Picchu: “sais de Cusco e apanhas um autocarro de 7 horas (cerca de 10 euros) até à hidroelétrica” a partir de onde se caminha 2h30 a pé para o pueblo de Aguas Calientes. Arregaçar mangas quentinhas (parece paradoxal), procurar guias e encontrar o ponto alto do Peru. Indescritível. Notei que faltaram mesmo ar e palavras quando lhes pedi para falarem sobre terem atingido esta meta. Estão muito felizes e as fotografias comprovam-no!

Com a mudança de rota, não diminuíram necessariamente nos países, pois estão neste momento a correr a Europa. Já vieram de Amesterdão e de Berlim e agora estão na Bélgica (Antuérpia, Bruges e Bruxelas). Partirão para Paris e de lá irão para as suas casas, em Tomar (Tatiana) e no Entroncamento (Sara).

É bom termos as nossas portuguesas a darem-nos conta disto tudo atravessando oceanos e vindo em direção ao Natal português. Também é bom saber que duas amigas têm estado a viajar com sabedoria e muita felicidade, por isso até trazem tudo isso tatuado na pele. Sim, elas fizeram uma tatuagem em Puerto Escondido (México) para marcar estes eventos de vida. Sabe mesmo ‘à vida’!

Sabem o que me lembra esta rota alterada da Sara e da Tatiana? A história do Cavaleiro da Dinamarca de Sophia de Mello Breyner. O Cavaleiro que teve encontros com pessoas e lugares pelo caminho do mundo… até chegar à sua casa na véspera de Natal. Elas estão quase a chegar como um conto vivo de Natal. Mas as aventureiras alertam: “América Latina, voltaremos!".

Até já minhas amigas, sim, revelo, somos amigas e estou tão feliz por elas. Só que nos vamos desencontrar por bom motivo: agora vou eu meter-me na boca do mundo noutra viagem de vida. Vemo-nos em 2022, em Portugal.