A UNESCO acrescentou à sua lista de Património Mundial, este sábado (27), o local onde ocorreu um massacre do apartheid e uma povoação onde Nelson Mandela cresceu, além de outros pontos sul-africanos fundamentais na luta que pôs fim ao domínio da minoria branca.

Nelson Mandela, que morreu em 2013 com 95 anos, foi o primeiro presidente negro da África do Sul, quatro anos após a sua libertação. O líder passou 27 anos na prisão, a maior parte desse tempo em Robben Island, perto da Cidade do Cabo.

Um dos lugares incluídos na lista fica em Sharpeville, na província de Transvaal, onde em 1960 a polícia matou 69 manifestantes negros, incluindo crianças, um acontecimento que levou o governo do apartheid a proibir o Congresso Nacional Africano (ANC), atualmente no poder.

A aldeia isolada de Mqhekezweni, onde Mandela passou grande parte da sua infância e juventude, na província do Cabo Oriental, também entrou na lista da UNESCO. Na sua autobiografia “A Long Walk to Freedom”, o líder sul-africano explica que foi ali que nasceu o seu ativismo político.

Os 14 lugares foram reagrupados sob o título “Direitos Humanos, Libertação e Reconciliação: locais de memória de Nelson Mandela”. Na lista, também está incluída a Universidade de Fort Hare (Cabo Oriental), onde Mandela estudou, e os Edifícios da União, situados em Pretória, capital do país, onde tomou posse como o primeiro presidente eleito por sufrágio universal, em 1994.

“Felicito a África do Sul pela inscrição destes locais de memória que testemunharam não só a luta contra o apartheid, mas também a contribuição de Nelson Mandela para a liberdade, os direitos e a paz”, declarou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.

“Vinte e cinco anos após a inscrição de Robben Island na Lista como Património Mundial da UNESCO, esta nova inclusão garante que a herança da libertação da África do Sul e os valores que ela incorpora serão transmitidos às gerações futuras”, acrescentou Azoulay.

A inclusão destes lugares foi decidida durante a reunião que a UNESCO realiza em Nova Déli, onde também foi aprovada a inclusão de três locais sul-africanos importantes para a compreensão das origens da humanidade.

Situados nas províncias de Cabo Ocidental e KwaZulu-Natal, estes lugares “abrigam registos mais variados e melhores conservados sobre o desenvolvimento do comportamento humano moderno, que remontam a 162 mil anos”, segundo a UNESCO.