A casa de Miranda Dickson, no centro histórico de Edimburgo, era fácil de reconhecer: bastava procurar pela porta rosa. Até ontem, todavia, quando foi forçada a repintar a porta, para evitar uma multa de 22 mil euros pelo município da capital escocesa.

A história vem contada no New York Times, que dá conta do que aconteceu pouco depois de Dickson renovar a sua habitação e ter dado à porta o mesmo tom com que pinta, há 30 anos, o seu cabelo. No início de 2022, na sequência de duas queixas de vizinhos, a autarquia de Edimburgo fez-lhe chegar um pedido para que pintasse a porta de branco.

A proprietária recusou o pedido, mas as autoridades voltaram a insistir, declarando que o tom rosa "não preserva o carácter" de um sítio classificado como património mundial pela UNESCO, onde "as portas são tradicionalmente pintadas de preto ou outra cor neutra".

As opções apresentadas pela autarquia: remover o tom rosa-choque da porta e restaurar o tom anterior ou pagar uma multa de 20 mil libras (22 mil euros).

Depois de esgotar todos os recursos, Dickson cedeu e esta semana pintou novamente a porta, a poucos dias do prazo-limite estipulado pela autarquia. O rosa deu lugar ao verde turquesa.

"Eles bem podem dizer-me que não posso ter o verde", declarou Dickson ao jornal norte-americano, a quem explicou que tinha escolhido o tom rosa por representar a feminilidade e projetar força. Na sua opinião, esta associação à cor não deverá ser estranha à reação dos vizinhos queixosos. "Toda esta história é de malucos", afirmou.

A moradia geminada de 3 pisos de Dickson fica situada em New Town, uma zona nobre da capital escocesa. O bairro foi classificado em 1995 pela UNESCO como património mundial, o que sujeita os edifícios ali existentes a certas limitações.

De acordo com Dickson, o novo tom verde "ainda retém algum otimismo", embora, crucialmente, não a "luz verde" da autarquia escocesa, que ainda não emitiu qualquer parecer sobre a alteração. Ainda que contrariada, a moradora diz que irá obedecer a qualquer determinação futura.