A interrupção da circulação no troço Pampilhosa-Guarda da Linha da Beira Alta, que se previa que terminasse em janeiro de 2023, vai ser prorrogada, informou no final de outubro a Infraestruturas de Portugal (IP).
“Os impactos decorrentes da pandemia covid-19, o prolongar da guerra na Ucrânia, que tem afetado fortemente o mercado da construção, designadamente no tocante à disponibilidade e prazo de fornecimento de materiais de origem ferrosa e as dificuldades sentidas pelos empreiteiros na contratação de subempreiteiros, obrigam a constantes adequações do plano de trabalhos, o que contribui de forma decisiva para a necessidade de prolongar o período de encerramento à circulação ferroviária na Linha da Beira Alta”, referiu.
A circulação no troço entre Pampilhosa, no concelho da Mealhada (distrito de Aveiro), e Guarda da Linha da Beira Alta tinha sido encerrada em abril, de forma a permitir “viabilizar a concretização das intervenções planeadas em segurança e com muito maior eficácia do que teria ocorrido com a linha em exploração”.
Na altura, a IP previa que a reabertura da circulação no troço ocorresse em janeiro de 2023, embora o encerramento à exploração no período noturno e nos fins de semana se mantivesse o resto do ano de 2023, “face à complexidade dos trabalhos”.
Numa nota de imprensa enviada à agência Lusa, a IP indicou que reuniu com os presidentes das câmaras de Mortágua, Mealhada, Santa Comba Dão, Carregal do Sal, Nelas, Mangualde, Trancoso, Fornos de Algodres e Guarda, assim como com representantes dos municípios de Gouveia, Pinhel e Celorico da Beira, para detalhar os constrangimentos que têm impactado diretamente com a execução das empreitadas.
“Já no decorrer da empreitada, em setembro de 2021, a IP foi confrontada com a Declaração de Impacto Ambiental relativa à duplicação do IP3, Coimbra – Viseu, que não validou a nova variante a Santa Comba Dão, tendo sido antes aprovada a solução de duplicação do atual troço do IP3. Esta decisão obriga à demolição da atual obra de arte (viaduto) da Linha da Beira Alta no cruzamento com o IP3”, indicou.
De acordo com a IP, perante a necessidade de, num futuro próximo, se ver obrigada a voltar a ter que encerrar a Linha da Beira Alta, para proceder à demolição do viaduto e construção de um novo, “decidiu avançar com a execução imediata destes novos trabalhos”.
“Neste sentido, foi incluída a demolição da atual obra de arte e a construção de uma nova, já preparada para a duplicação do IP3, na empreitada em curso entre Santa Comba Dão e Mangualde. Esta intervenção iniciou-se no corrente mês de outubro, tendo um prazo total de execução de 270 dias”, destacou.
A decorrer como estimado, esta nova intervenção empurra a conclusão das obras na Linha da Beira Alta para depois de junho de 2023. O SAPO Viagens contactou a IP, para confirmar esta estimativa, mas não obteve resposta.
“O transporte de passageiros, até à reabertura da circulação ferroviária, irão continuar a ser garantidos aos clientes da CP, os transportes rodoviários alternativos, que vão permitir às populações a manutenção de um serviço de transporte de qualidade”, assegurou a IP no seu comunicado.
Já a Câmara Municipal da Mealhada disse ter voltado "a alertar para a necessidade urgente de colocação de abrigos para os passageiros”, na visita que realizou às obras com a IP.
“Estamos a acompanhar o desenrolar dos trabalhos de uma forma muito atenta e voltámos, nesta reunião, a frisar que é imprescindível a colocação de abrigos para os passageiros. No município da Mealhada não foi colocado nenhum abrigo e, com a entrada no inverno, os passageiros aguardam os autocarros à chuva”, sustentou o presidente da Câmara da Mealhada.
Neste encontro, António Jorge Franco aproveitou ainda para sensibilizar os responsáveis da IP para os cuidados a ter nos locais onde decorre a obra de concordância entre a Linha do Norte e a Linha da Beira Alta, na Pampilhosa.
“Temos obra a decorrer, sobretudo no Travasso, mas também noutros lugares, e é necessário fazer-se o possível – eu diria até o impossível – para acautelar que os constrangimentos são mínimos para as populações. Falo das poeiras, das lamas, da danificação de pisos, enfim, de todos os inconvenientes provocados por uma situação de obra, mas que podem ser minimizados tendo em atenção as populações”, concluiu.
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