O Parque Nacional da Gorongosa tornou-se uma das mais célebres histórias de sucesso da restauração da vida selvagem no mundo. Após uma década de proteção renovada, a população de grandes mamíferos da Gorongosa aumentou dez vezes, de 10.000 em 2008 para mais de 100.000 animais em 2018.

O Parque foi recentemente apresentado num longo artigo na edição de maio da mundialmente famosa revista National Geographic e homenageado como um dos “28 lugares de relevo no mundo para visitar em 2019" pela National Geographic Travel. Foi também nomeado como um dos "Últimos Lugares Selvagens" pela National Geographic Society, fazendo assim parte de um grupo restrito de grandes áreas selvagens remanescentes do mundo.

Mas trazer a vida selvagem de volta à Gorongosa é apenas parte do trabalho que o Parque está a fazer. O Parque também está a ajudar as pessoas que vivem nas comunidades vizinhas, como é comprovado pela resposta do Parque ao Ciclone Idai. Até hoje, o Parque já entregou mais de 400 toneladas de alimentos para 80 mil pessoas da região, demonstrando que é “um Parque para o Povo”.

Neste novo filme, Dominique Gonçalves, uma ecologista moçambicana que dirige o projeto de ecologia de elefantes da Gorongosa, partilha as muitas formas com que a Gorongosa está a redefinir a identidade e o propósito deste parque nacional Moçambicano. Através do seu próprio trabalho, mitigando o conflito entre humanos e elefantes; dos clubes comunitários e dos programas escolares que capacitam as meninas para evitar o casamento adolescente e a gravidez precoce; das clínicas de saúde e da formação sobre nutrição para mulheres grávidas e famílias; a Dominique leva os espectadores numa jornada de abertura de olhos que vai transformar a nossa compreensão do que um parque nacional pode ser.

O compromisso das mulheres extraordinárias que dirigem estes programas - e a resiliência das mães e raparigas que são beneficiadas por eles - criam uma história inspiradora de força e esperança. Como explica Dominique, apenas este círculo virtuoso de conservação cuidadosa e desenvolvimento comunitário pode garantir um futuro positivo. Esta é uma história de esperança: esperança de que a vida selvagem e as áreas protegidas de Moçambique possam coexistir e sobreviver ao lado dos seus vizinhos humanos. De facto, isso mostrará que ambos dependem uns dos outros para sobreviver e prosperar.

O cineasta premiado e ex-director/produtor da National Geographic Television, James Byrne, diz: “As pessoas precisam de ter esperança para se motivar para agir. Mas histórias de conservação que nos transmitam esperança são difíceis de encontrar nos dias de hoje. A Gorongosa é uma rara exceção. Embora enfrente muitos dos mesmos desafios que outras áreas protegidas na África, é um modelo para possíveis soluções. A história da Gorongosa pede-nos para considerarmos o que precisa de ser feito para salvar os lugares selvagens de África. E se as equipas de desenvolvimento e de conservação unissem forças e conseguissem uma “meta dupla” - dar às pessoas uma vida melhor e salvar a preciosa herança natural de África? E se as comunidades locais recebessem benefícios suficientes de uma área protegida e começassem a percebê-la como um lugar que é verdadeiramente deles, que fornece benefícios reais e tangíveis, que são essenciais para as suas vidas e futuros? E se agíssemos no conhecimento de que educar as raparigas e empregar mais mulheres é a chave para tirar as pessoas da pobreza e salvar as terras selvagens da África para as próximas gerações? Esperamos que o filme ajude a desencadear uma conversa sobre a vida selvagem e o futuro dos parques nacionais em Moçambique e noutros países de África.”

gorongosa
gorongosa créditos: Parque Nacional Gorongosa

Este filme inspirador coloca a população local, especialmente mulheres e raparigas, na frente e no centro na luta para salvar a sua herança natural e salvaguardar o seu futuro. A narradora do filme, Dominique Gonçalves, é uma bióloga de conservação Moçambicana nascida na Beira. Depois de completar o ensino médio, estudou Ecologia e Conservação de Biologia Terrestre na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Ela formou-se em 2014 e trabalhou com a Universidade Eduardo Mondlane e o Centro de Resiliência de Estocolmo num projeto: ESPAÇOS (Alívio da Pobreza Sustentável dos Serviços Ecossistémicos Costeiros) no norte de Moçambique. O trabalho e a experiência com as comunidades no norte de Moçambique ajudaram a desenvolver os seus interesses nos sistemas ecológicos sociais e inspiraram-na a obter o Mestrado em Biologia da Conservação no Instituto Durrell de Conservação e Ecologia (DICE) da Universidade de Kent (Inglaterra).

Dominique está agora focada na conservação de elefantes no Parque Nacional da Gorongosa. Atualmente, ela atua como Gestora do Projeto de Ecologia de Elefantes, onde investiga o movimento de elefantes e a sua expansão em relação ao uso do habitat e ao Conflito entre Humanos e Elefantes (CHE). Trabalhando com comunidades, fiscais e colegas da área de desenvolvimento sustentável, Dominique espera construir a coexistência entre as comunidades e a vida selvagem em toda a "zona tampão " ao redor do Parque. Além disso, Dominique trabalha em estreita colaboração com os programas dos Clubes de Raparigas do Parque; ela é uma defensora apaixonada da educação de raparigas para evitar o casamento precoce e ajudá-las a ter uma vida repleta de oportunidades.

A música do filme foi composta por Tiago Correia-Paulo, de Maputo, ex-membro da conhecida banda 340 ml. Atualmente a viver em Joanesburgo, ele possui um estúdio onde trabalha e produz para outros artistas, além de trabalhar em bandas sonoras para filmes e paisagens acústicas para uma ampla gama de projectos.