Em Chaves utiliza-se o calor das águas termais para aquecer cinco edifícios públicos e privados, uma rede de geotermia que está a ser ampliada no âmbito de um projeto-piloto que vai ajudar a reduzir a fatura energética.

“Queremos contribuir não só para a descarbonização, e isso é um papel importante, mas também contribuir para podermos ter uma fonte de energia mais sustentável e, sob o ponto de vista financeiro, mais atrativa”, afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz.

O objetivo do município é aproveitar uma energia que está disponível na cidade de Chaves, onde as águas termais brotam a uma temperatura média de 74 graus celsius.

Nesse sentido, foi delineado um projeto-piloto, com um orçamento de 1,2 milhões de euros, comparticipado por fundos comunitários, no âmbito do qual foi construída uma rede de dois quilómetros de condutas subterrâneas, que permitirá aproveitar a geotermia (calor proveniente do interior da Terra) para aquecer edifícios públicos e privados.

E este é um projeto que ganha, agora, mais impacto quando os custos energéticos estão a escalar.

Nuno Vaz disse que se trata de uma solução “claramente mais competitiva e mais barata”, comparativamente com outras fontes de energia, como o gás natural, a eletricidade ou outros.

“A nossa expectativa é a de que, quando o projeto estiver em fase de implementação plena, haverá uma poupança de 200 mil euros por ano. Naturalmente que isso dependerá do que seja o custo médio da energia em cada momento, mas, de qualquer forma, a geotermia posiciona-se como uma energia 100% limpa e 100% renovável e, seguramente, a mais barata de todas e, portanto, são boas novidades”, salientou.

A fatura energética deste município do distrito de Vila Real ronda os três milhões de euros por ano (entre iluminação pública e consumo dos edifícios) e Nuno Vaz acredita que, com o recurso à geotermia, vai ser possível reduzir esse custo.

O autarca especificou que, neste momento, há já cinco edifícios abastecidos por este tipo de energia - dois hotéis, balneário termal, piscina municipal e um hotel geriátrico – e frisou que se pretende ligar mais 20 edifícios, a partir de 2023 e no âmbito do projeto-piloto.

Nesta fase seguinte podem ser abrangidos a escola Fernão Magalhães, o arquivo histórico municipal, a biblioteca de Chaves ou Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso.

Para o efeito será necessário proceder à adaptação dos imóveis para esta “energia calorífica”. O projeto-piloto não abrange, para já, habitações privadas e tem um período de avaliação de cinco anos.

A central geotérmica, o coração de todo o projeto, está localizada junto às termas de Chaves.

“Tínhamos necessidade de arrefecer a água termal para os tratamentos (termais). Para retirar esse calor gastávamos energia elétrica e, neste momento, com o sistema de aproveitamento geotérmico, além de não gastarmos energia elétrica, conseguimos ter aqui um rendimento à volta de 3.3 megawatts de potência e isto tem uma capacidade de aquecer 25 edifícios”, referiu Joaquim Esteves, responsável pelo funcionamento e manutenção dos equipamentos.

O diretor do hotel Ibis Styles, David Gomes, salientou como “grande vantagem” do recurso à geotermia a redução dos custos, explicando que é através desta energia que é feito o aquecimento do hotel, bem como da água da rede interna, o que permite poupar no consumo de gás e eletricidade.

O responsável apontou para uma poupança na “ordem dos 25 a 30%”, contas feitas com base nos “preços atuais”, pelo que acredita que a poupança possa vir a ser maior no futuro. O hotel paga um valor mensal fixo pela energia geotérmica.

O Ibis Styles abriu em 2019 e, na recuperação do edifício, no centro da cidade, foi logo incluída a adaptação à energia geotérmica, bem como, na altura, a construção de um ramal de ligação às termas.

“Foi uma aposta correta. É verdade que houve um custo inicial elevado, mas acredito que, no decorrer dos anos, vá compensar”, frisou.

O hotel Premium Chaves - Aquae Flaviae abriu em 1990 e já nessa altura a opção passou pelo recurso ao calor das águas termais para aquecer o edifício e as águas e, assim, poupar. Em 2017, o hotel sofreu obras de remodelação e foram introduzidos melhoramentos nesta rede.

Amândio Ferreira, responsável da manutenção, disse que, em comparação com outras unidades hoteleiras do grupo que não têm esta funcionalidade da geotermia, a “poupança ronda os 90%” em Chaves.

Fotografia: Pedro Neves

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